sexta-feira, agosto 17, 2012

OS SERVOS E OS TALENTOS - Dr. Russel Shedd


A parábola dos talentos (Mt 25.14-30) põe em relevo o desperdício de capacidade não investida. Os primeiros escravos receberam seus cinco e dois talentos, respectivamente, e logo os aplicaram. Seus ganhos foram estupendos, já que um talento pesa 30 kg ou 6,000 denários, cada um dos quais valia o salário de um dia de trabalho (cf. Mt 20.10). Tanto dinheiro nas mãos de um escravo (doulos) prova até que ponto o senhor confiava em seus servos. Eles foram galardoados com a doação dos talentos que ganharam, acrescentados aos talentos do senhor. Ficaram riquíssimos.
O terceiro escravo escondeu seu talento em um buraco, no chão. Quando o senhor voltou, o diálogo com o terceiro escravo mostrou seu desprezo pelo senhor e sua própria raiva, provocada pelo desperdício. A desculpa foi rejeitada. “Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros” (Mt 25.26,27, NVI).
A condenação do servo foi por causa do desperdício. Como escravo, ele não tinha direitos sobre sua própria vida e menos ainda sobre os quilos de prata ou ouro que seu senhor colocara em suas mãos. Ele não tinha nenhum direito de desobedecer à ordem do seu mestre e desperdiçar o valor dos juros que o investimento com os banqueiros poderia ter rendido.
O que Jesus desejava ensinar com isto é que não desenvolver alguma capacidade para o reino é desperdício e desobediência. Nada que temos em nossas mãos realmente nos pertence, uma vez reconhecendo que fomos comprados por preço alto (1Co 6.19). Se nossas vidas não são nossas, a liberdade de escolha que aparentemente temos, é condicional. Se recusarmos utilizar e investir as capacidades que temos, somos servos maus e negligentes. O castigo na parábola foi tirar o talento do terceiro servo e entregá-lo ao primeiro. “Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado” (v. 29, NVI). A única maneira de segurar o que temos é utilizar, investir, desenvolver e não desperdiçar. O Mestre não convida preguiçosos para o seguirem, a não ser para transformá-los e utilizar os talentos que ele mesmo lhes deu. Em conclusão, devemos notar duas observações a respeito destas duas parábolas de Mateus 25: “As virgens néscias falharam por pensarem que sua responsabilidade era fácil demais, enquanto o servo mau falhou por pensar que sua tarefa era difícil demais”.

Rev. Russel Shedd