terça-feira, novembro 27, 2012

O ESPÍRITO SANTO E A EVANGELIZAÇÃO NO PROCESSO DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS


O verbo evangelizar no Novo Testamento significa “proclamar boas notícias”, “anunciar boas novas” ou simplesmente “pregar”. A evangelização consiste na pregação do Evangelho, as boas novas. Tanto o Rev. J. Stott como o Rev. J. I. Packer afirmam que a evangelização não pode ser definida em termos de resultado. “Evangelizar, na acepção bíblica do termo, não significa ganhar conversos (como em geral se pensa, quando usamos a palavra), mas simplesmente anunciar as boas novas, independentemente dos resultados” . Contudo, isso “não quer dizer que devamos ser indiferentes quanto a ver ou não os frutos do nosso testemunho em favor de Cristo; se não estiverem aparecendo os frutos devemos buscar a face de Deus para descobrir o motivo” . A evangelização não consiste em somente informar, transmitir as boas novas, mas também a conversão do pecador. O propósito de Paulo na proclamação do Evangelho era salvar pecadores. Em sua primeira carta aos coríntios (9.22) declarou: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos salvar alguns”. Obviamente que a Bíblia declara peremptoriamente que a conversão é obra do Espírito Santo. Sobre esta questão, o Rev. Wadislau M. Gomes observa que “para uma grande maioria de cristãos frustrada com a tarefa de “ganhar” (ou manipular?) almas, é reconfortante saber que este não é o nosso alvo primário, mas este é, sim, o alvo do Espírito Santo. Quanto a nós, descansamos no fato de que a Palavra e o Espírito suprem nossas necessidades, e de que o nosso alvo é a fidelidade no cumprimento da Grande Comissão, indo sobre a promessa de que o Espírito Santo convencerá o mundo do pecado da descrença, do juízo estabelecido e da justiça satisfeita “ . Mas não podemos “confundir o convencimento do pecado, da justiça e do juízo, com a tarefa de persuadir os homens da verdade bíblica, do amor de Deus e da grandeza de suas obras. Naquele, é o convencimento do Espírito, que as pessoas não entendem porque se discernem espiritualmente, e, no outro caso, é a persuasão que significa a explicação da revelação proposicional verbalizada aos homens de maneira que lhes dê raciocínios certos com que o Espírito os convence” . Curiosamente, como observa J. I. Packer, o termo “conversão” aparece em três passagens bíblicas  com a idéia de converter alguém a Deus, porém o sujeito do verbo não é Deus, como esperaríamos que fosse. Isso indica que a conversão de outras pessoas deve ser o objetivo dos cristãos. “Evangelizar, portanto, não é simplesmente uma questão de ensinar, de instruir, de proporcionar informações às mentes dos homens. É muito mais do que isso. Evangelizar inclui o esforço de obter resposta afirmativa à verdade ensinada. É uma comunicação que tem em vista a conversão. É uma questão não meramente de informar, mas igualmente de convidar. É uma tentativa de ganhar, conquistar ou atrair nossos semelhantes para Cristo” . Devemos nos empenhar nesta tarefa tendo como alvo a conversão e salvação de pecadores. Devemos lhes expor o Evangelho de Cristo de forma clara e levá-los a uma decisão. Jamais devemos esquecer que o homem natural é incapaz de compreender por si mesmo a mensagem cristã. Paulo afirmou que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Coríntios 2.14). A Bíblia nos diz que os homens estão cegos (2 Coríntios 4.4), surdos (Atos 28.26,27; João 8.43) e mortos (Efésios 2.1). Assim devemos nos lembrar que a conversão de alguém não depende do meu poder de persuasão e, sim, da ação sobrenatural do Espírito de Deus, pois é Ele quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8). Assim devemos suplicar que o Espírito Santo nos use e, Ele mesmo, abra a mente dos que estão sendo evangelizados. O Rev. James Kennedy nos diz: “Devemos familiarizar-nos com essas leis de persuasão e usá-las quando criticamos a nossa apresentação do Evangelho, para ajudar-nos a detectar os lugares da nossa fraqueza. Devemos perguntar a nós mesmos: Falhei em conseguir a atenção deles em manter seu interesse? Se foi assim, por que e como posso fazer para mudar isto? Até que ponto despertei o seu desejo de conhecer a Cristo e fazer parte do Seu Reino? Como isto pode ser aumentado? A pessoa ficou convencida quanto aos seus pecados e sua necessidade de perdão? Se não, por quê? Confrontei a pessoa claramente, com a necessidade que ela tem de fazer uma decisão por Cristo e dedicar sua vida a Ele com arrependimento e fé? Se não, como posso melhorar para a próxima vez?” .
Na conversão de Lídia, em Atos 16, Lucas nos diz que “o Senhor abriu seu coração para responder às palavras ditas por Paulo” (v. 14). Deus operou através da instrumentalidade da pregação do apóstolo, de modo que a salvação é de Deus. O mesmo Paulo nos ensina que pessoas são convertidas “não tão-somente em palavras, mas sobretudo em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.6). Mas à igreja, como proclamadora das boas–novas, cabe a responsabilidade de persuadir as pessoas, rogando-lhes que recebam a Palavra (2 Co 5.20; 6.1).