quarta-feira, novembro 30, 2011

DEUS, NOSSO AMIGO - SALMO 23

Não há dúvidas que este salmo é uma das passagens mais conhecidas de toda a Escritura. Muitos o conhecem de cor. Concordo com Derek Kidner que afirma que “a simplicidade deste salmo tem profundidade e força por trás dele”. Nós nos referimos a este texto como o salmo pastoral, uma vez que Deus Se revela como o nosso Pastor. Contudo, se atentarmos bem, veremos que o Senhor nos diz que, além de ser o nosso Pastor, Ele é o nosso Amigo.

Um amigo é uma das maiores bênçãos na vida, ainda que verdadeiros amigos sejam raros. Muitos são nossos amigos quando tudo vai bem, mas poucos são aqueles que permanecem ao nosso lado quando estamos doentes, desamparados ou necessitados. Neste Salmo lemos: preparas-me uma mesa. Esta declaração é muito significativa. No contexto bíblico significa amizade. Mesa, muito diferente do objeto que usamos hoje, pois naquela época não havia mesa com pernas como hoje, tem o significado de comunhão. Não se comia com uma pessoa desconhecida. Mesa é um lugar de vivência familiar. Comer com alguém é um ato de companheirismo, de amizade.

Os versículos 5 e 6 descrevem um homem que caminha no deserto. E como nos diz certo estudioso da Bíblia, “deserto é sinônimo de provação, de sofrimento, de abandono. Deserto é lugar sem vida, árido”. E este errante do deserto é perseguido, ameaçado, por bandoleiros do deserto. Ele, então, encontra um homem rico, que lhe dá abrigo e oferece sua amizade. Deus, então, revela-Se como um Amigo. Como Aquele que vê nossas necessidades, angústias e nos ampara. Quando nos tornamos amigos de Deus encontramos:

1. Segurança: Preparas uma mesa na presença dos meus adversários. Aquele homem rico e poderoso do deserto oferece sua amizade àquele homem perseguido, diante dos seus perseguidores. É como se ele dissesse: Esse homem que vocês estão perseguindo é meu amigo, está comigo e eu ofereço segurança a ele. Se vocês o querem, terão de me enfrentar. A amizade com Deus nos dá segurança. No capítulo 9 de Atos lemos sobre a conversão de Saulo. Neste episódio Jesus o interroga dizendo: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” Era a igreja a quem Saulo perseguia. No entanto, a igreja é a menina dos olhos de Deus. Ir contra ela era ir contra o próprio Deus. Aquilo que Saulo estava fazendo aos cristãos o Senhor estava vendo como perseguição a Ele. Esta é a primeira lição que aprendemos aqui. Deus guarda os que são seus. Deus nos valoriza e toma as nossas dores. Aquele que colocou a sua fé em Cristo Jesus, quando tiver que passar pelo deserto, quando enfrentar perseguições deve se lembrar que tem um Amigo, o melhor Amigo, que o defende, que oferece abrigo, que sai em sua defesa, que lhe promete segurança para esta vida e para a eternidade.

2. Cuidado e Provisão: Unges-me a cabeça com óleo e o meu cálice transborda. A unção mencionada aqui não é a unção do sacerdote, não é a capacitação para o exercício de uma vocação. A ideia é a de refrigério. Andar pelo deserto, debaixo de um sol escaldante pode causar insolação. O amigo oferece amizade com uma refeição e refresca a cabeça do seu hóspede. Desfrutar da amizade de Deus é desfrutar de Seu cuidado para conosco. O poeta sacro diz: Deus cuida de mim, na sombra de Suas asas, Deus cuida mim. Por isso a Bíblia nos ensina: “Não andeis ansiosos de coisa alguma”. A ansiedade é filha da incredulidade e da desconfiança. A Bíblia nos ensina acerca de um Deus providente, que supre as nossas necessidades, que cuida dos seus filhos. A ideia de um cálice transbordante é a de abundância. Deus cuida e cuida bem dos seus filhos. Paulo nos diz que Deus é “muitíssimo mais poderoso para fazer muito mais além do que pedimos ou pensamos”.

3. Proteção: Bondade e misericórdia me seguirão. Há uma mudança no tempo verbal no versículo 6. Os verbos do v. 5 estão no presente, neste versículo estão no futuro. Com isso Davi nos ensina que a segurança, o cuidado e a provisão de Deus continuarão conosco, para sempre! O homem que caminha no deserto encontrou abrigo com aquele que lhe ofereceu sua amizade. Contudo, ao sair das tendas do seu amigo, os bandoleiros estarão lá. É aí que vem a promessa: Bondade e a misericórdia certamente me seguirão. Um pastor batista nos diz que bondade e misericórdia “são dois guarda-costas que realmente vêm grudados nas costas do homem para proteger”. Bondade é tudo o que é bom. Misericórdia é o amor do pacto, amor que levou Deus nos escolher. É um amor inalterável e inabalável. Paulo nos ensina que “se formos infiéis Ele permanece fiel porque não pode negar-se a si mesmo”. Assim posso crer que em cada dia da minha vida, não haverá um dia se quer que Deus se esqueça de mim. Não é esta a promessa de Jesus? “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”.

Tudo o que o Salmo nos oferece encontramos na pessoa de Jesus Cristo. Jesus é o amigo melhor. Ele quer ser seu amigo, partilhar da sua mesa, quer cuidar de você, lhe oferece uma salvação que consiste de salvação nesta vida e por toda eternidade. Venha a Cristo e desfrute da amizade com Aquele que é também o nosso Pastor.

segunda-feira, novembro 07, 2011

AS BEM AVENTURANÇAS - Rev. Manoel Peres Sobrinho

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que vieram antes de vós. Mateus 5:1-12

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” Mateus 5:3.

As bem-aventuranças “abrem” o Sermão do Monte como uma porta de rara beleza que dá acesso a um suntuoso templo. Neste caso, o templo é o da Verdade de Deus. Fazem parte da “Plataforma do Reino” como um resumido prefácio, onde seguem como resultados do comportamento daqueles que amam a Deus e encaminham suas vidas pelas verdades divinas. A sua singularidade está em que estas máximas são de caráter inegociável e só serão realidade, vista e proveitosa, quando cumpridas em sua totalidade, na simplicidade e seriedade como Jesus as estabeleceu. Como fazem parte do Reino de Deus, sua aparição se dá por toda a Bíblia, disseminadas como sementes da fé e frutos do amor a Deus, ora de forma explícita, ora de forma implícita, mas sempre concitando os filhos de Deus a uma resposta adequada e verdadeira diante das suas exigências. Estabelecem-se como desafios diários que devem ser buscados como uma finalidade da existência cristã, como parte da adoração e obediência que devem os filhos de Deus ao seu Senhor e Salvador. São promessas que seguirão aqueles que levam Deus a sério diariamente e em todo lugar e momento e que desejam espelhar em suas vidas nos santos caminhos do Senhor. Felizes serão aqueles que atentarem para estes ensinamentos.

Ore: Senhor, meu Deus. Renova em meu coração o desejo de buscar a felicidade e a alegria nos teus ensinamentos. Dá-me o prazer da obediência sem tristeza e a coragem da fé sem esmorecimento. Em nome de Cristo, amém.

Pense: Somente aqueles que perseveram nos caminhos do Senhor serão felizes, pois só eles completam nossas carências humanas.

Rev. Manoel Peres Sobrinho : http://mpfragmentos.blogspot.com