O verbo evangelizar no Novo Testamento
significa “proclamar boas notícias”, “anunciar boas novas” ou simplesmente
“pregar”. A evangelização consiste na pregação do Evangelho, as boas novas.
Tanto o Rev. J. Stott como o Rev. J. I. Packer afirmam que a evangelização não
pode ser definida em termos de resultado. “Evangelizar, na acepção bíblica do
termo, não significa ganhar conversos (como em geral se pensa, quando usamos a
palavra), mas simplesmente anunciar as boas novas, independentemente dos
resultados” . Contudo, isso “não quer dizer que devamos ser indiferentes quanto
a ver ou não os frutos do nosso testemunho em favor de Cristo; se não estiverem
aparecendo os frutos devemos buscar a face de Deus para descobrir o motivo” . A
evangelização não consiste em somente informar, transmitir as boas novas, mas
também a conversão do pecador. O propósito de Paulo na proclamação do Evangelho
era salvar pecadores. Em sua primeira carta aos coríntios (9.22) declarou:
“Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo
para com todos, com o fim de, por todos os modos salvar alguns”. Obviamente que
a Bíblia declara peremptoriamente que a conversão é obra do Espírito Santo.
Sobre esta questão, o Rev. Wadislau M. Gomes observa que “para uma grande
maioria de cristãos frustrada com a tarefa de “ganhar” (ou manipular?) almas, é
reconfortante saber que este não é o nosso alvo primário, mas este é, sim, o
alvo do Espírito Santo. Quanto a nós, descansamos no fato de que a Palavra e o
Espírito suprem nossas necessidades, e de que o nosso alvo é a fidelidade no
cumprimento da Grande Comissão, indo sobre a promessa de que o Espírito Santo convencerá
o mundo do pecado da descrença, do juízo estabelecido e da justiça satisfeita “
. Mas não podemos “confundir o convencimento do pecado, da justiça e do juízo,
com a tarefa de persuadir os homens da verdade bíblica, do amor de Deus e da
grandeza de suas obras. Naquele, é o convencimento do Espírito, que as pessoas
não entendem porque se discernem espiritualmente, e, no outro caso, é a
persuasão que significa a explicação da revelação proposicional verbalizada aos
homens de maneira que lhes dê raciocínios certos com que o Espírito os
convence” . Curiosamente, como observa J. I. Packer, o termo “conversão”
aparece em três passagens bíblicas com a
idéia de converter alguém a Deus, porém o sujeito do verbo não é Deus, como
esperaríamos que fosse. Isso indica que a conversão de outras pessoas deve ser
o objetivo dos cristãos. “Evangelizar, portanto, não é simplesmente uma questão
de ensinar, de instruir, de proporcionar informações às mentes dos homens. É
muito mais do que isso. Evangelizar inclui o esforço de obter resposta
afirmativa à verdade ensinada. É uma comunicação que tem em vista a conversão.
É uma questão não meramente de informar, mas igualmente de convidar. É uma
tentativa de ganhar, conquistar ou atrair nossos semelhantes para Cristo” . Devemos
nos empenhar nesta tarefa tendo como alvo a conversão e salvação de pecadores.
Devemos lhes expor o Evangelho de Cristo de forma clara e levá-los a uma
decisão. Jamais devemos esquecer que o homem natural é incapaz de compreender
por si mesmo a mensagem cristã. Paulo afirmou que “o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Coríntios 2.14). A
Bíblia nos diz que os homens estão cegos (2 Coríntios 4.4), surdos (Atos
28.26,27; João 8.43) e mortos (Efésios 2.1). Assim devemos nos lembrar que a
conversão de alguém não depende do meu poder de persuasão e, sim, da ação
sobrenatural do Espírito de Deus, pois é Ele quem convence o mundo do pecado,
da justiça e do juízo (João 16.8). Assim devemos suplicar que o Espírito Santo
nos use e, Ele mesmo, abra a mente dos que estão sendo evangelizados. O Rev.
James Kennedy nos diz: “Devemos familiarizar-nos com essas leis de persuasão e
usá-las quando criticamos a nossa apresentação do Evangelho, para ajudar-nos a
detectar os lugares da nossa fraqueza. Devemos perguntar a nós mesmos: Falhei
em conseguir a atenção deles em manter seu interesse? Se foi assim, por que e
como posso fazer para mudar isto? Até que ponto despertei o seu desejo de
conhecer a Cristo e fazer parte do Seu Reino? Como isto pode ser aumentado? A
pessoa ficou convencida quanto aos seus pecados e sua necessidade de perdão? Se
não, por quê? Confrontei a pessoa claramente, com a necessidade que ela tem de
fazer uma decisão por Cristo e dedicar sua vida a Ele com arrependimento e fé?
Se não, como posso melhorar para a próxima vez?” .
Na conversão de Lídia, em Atos 16, Lucas
nos diz que “o Senhor abriu seu coração para responder às palavras ditas por Paulo”
(v. 14). Deus operou através da instrumentalidade da pregação do apóstolo, de
modo que a salvação é de Deus. O mesmo Paulo nos ensina que pessoas são
convertidas “não tão-somente em palavras, mas sobretudo em poder, no Espírito
Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.6). Mas à igreja, como proclamadora das
boas–novas, cabe a responsabilidade de persuadir as pessoas, rogando-lhes que
recebam a Palavra (2 Co 5.20; 6.1).