terça-feira, agosto 27, 2013

Uma fé genuína - 1 tessalonicenses 3


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Tanto no capítulo 2 como no capítulo 3 desta epístola temos “a visão do coração pastoral de Paulo”, como afirmou Stott. É possível perceber as inquietações que pairam no coração de um verdadeiro pastor. Como já estudamos a igreja foi estabelecida num período curto de tempo, Paulo pregou por 3 sábados na sinagoga de Tessalônica e a conversão de judeus e muitos homens tementes a Deus ocasionou uma forte perseguição, de maneira que Paulo e seus companheiros fugiram para Bereia. Quando souberam onde Paulo estava os judeus revoltosos o seguiram até Bereia e de lá também o expulsaram. Com isto Paulo chega em Atenas. Ali seu coração pastoral pulsou mais forte. Como estariam os seus filhos na fé em Tessalônica diante de tamanha perseguição? Permaneceriam firmes? Paulo bem que tentou voltar para ampará-los em meio as tribulações, contudo Satanás o impediu. Isto o fez enviar Timóteo, irmão deles, servo de Cristo e companheiro de Paulo, a fim de que os fortalecessem. As notícias trazidas por Timóteo acerca dos tessalonicenses eram boas. Apesar do pouco tempo entre eles a mensagem das boas novas da salvação frutificou, produzindo uma fé genuína. Deus operara grandiosamente entre os tessalonicenses, de modo a transformar vidas e firmá-las na fé. A confiança que demonstraram na obra salvífica de Cristo e nas promessas gloriosas do nosso Deus era autêntica, real. Assim com esses irmãos aprendemos que:
(1) Uma fé genuína é confirmada pelas provações. A mensagem do Evangelho trouxe-lhes a bênção de uma nova vida e também as provações que a fé nos impõe. Isto fica claro na própria declaração de Paulo no versículo 3: “porque bem sabemos que fomos destinados para isso”. Em todo NT a ideia de aflição para o cristão é normal. O próprio Senhor Jesus nos diz: “No mundo passais por aflições”. Na verdade as tribulações são “uma evidência da genuinidade da fé, e penhor da sua herança na glória vindoura” (F. F. Bruce). Pedro, o apóstolo, nos ensina que enfrentamos por breve tempo aflições a fim de que nossa fé seja comprovada e produza a glória e honra a Deus. Contudo, Deus não nos abandona em nossas lutas e sempre provê a nós alento em meio as lutas. Timóteo é incumbido de fortalecê-los, animá-los na fé.
(2) Uma fé genuína é firmada na Palavra. No pouco tempo em que Paulo permaneceu entre eles, ele examinou as Escrituras, explicando e demonstrando acerca de Cristo e Sua obra. Ele anunciou-lhes o Evangelho, explicando-lhes o seu sentido e deu-lhes evidências e provas das verdades bíblicas. Talvez tenham esquecido que Paulo já lhes havia ensinado que passariam por tribulações, por isso envia-lhes Timóteo, para recordar-lhes tudo o que havia ensinado para que ninguém fraquejasse e se mantivesse firme. Quando vemos uma criança desejamos que ela cresça, se desenvolva, isto é natural. Queremos ensiná-la muitas coisas e entre elas desejamos ensiná-la a andar. Porém, antes de dar os primeiros passos precisamos ensiná-la a firmar as pernas e ficar de pé. É necessário que as pernas estejam firmes para que a criança caminhe. A preocupação de Paulo não era fazê-los andar, mas que eles estivessem firmes, sem vacilar. E esta firmeza quem dá é a Palavra de Deus. W. Wiersbe acertadamente nos diz que “o cristão que não conhece a Bíblia é vítima de toda onda de doutrina e nunca se confirma no Senhor”. ( Leia: 2 Ts 2.15-17).
(3) Uma fé genuína é sustentada pela oração. Outro fato importante aqui é que Paulo lutou com eles em meio as dificuldades por meio da oração. Diz que rogou continuamente a Deus por eles, pedindo que os fortalecesse e os fizesse crescer. Wiersbe faz uma importante declaração, ele nos diz que “o que confirma a igreja é o ministério duplo da Palavra de Deus e da oração. Se houver ensino e pregação, mas não oração, as pessoas terão luz mas não poder. Se houver oração sem o ensino da Palavra, talvez você tenha um grupo de entusiasta com mais calor do que luz! O pastor, o professor de Escola Dominical, o missionário e o trabalhador cristão que falam com Deus sobre seu povo e, depois, com seu povo a respeito do Senhor têm um ministério equilibrado e confirmado”.
Paulo é bastante claro ao nos ensinar que as provações confirmam a fé autêntica, a qual é firmada na Palavra de Deus e sustentada pela oração. Não devemos estranhar o fogo ardente em nosso meio, destinado para nos provar e aprovar, mas, em meio as lutas devemos nos dedicar ao estudo das Escrituras e à prática da oração que nos dão todo o suporte para permanecermos firmes na fé.

segunda-feira, agosto 12, 2013

UM MINISTÉRIO IDEAL - 1 TESSALONICENSES 2

       
Domingo passado analisamos o capítulo 1 desta carta. Vimos que a pregação do Evangelho fez nascer a igreja de Tessalônica, em meio a grandes dificuldades e perseguições e em pouquíssimo tempo. Contudo, a Palavra de Cristo chegou até eles “em poder, no Espírito Santo e em plena convicção”. E, assim, o Evangelho se espalhou “não só na Macedônia e Acaia, mas por toda parte”. De modo que a igreja se tornou modelo, por meio de uma fé atuante, de um amor prestativo e de uma firme esperança em Cristo. Aprendemos sobre as características de uma igreja ideal, uma igreja segundo o coração de Deus.
         Ao analisarmos esta nova perícope, uma nova seção da carta podemos perceber que além das perseguições externas promovidas pelos judeus, Paulo teve que lidar com aqueles que, dentro da igreja, se opunham ao seu ministério e o difamavam. O rev. John Stott afirma: “Os adversários de Paulo em Tessalônica, para minar a sua autoridade e seu evangelho, decidiram desacreditá-lo com uma campanha maliciosa. Esse ataque pessoal deve ter sido extremamente doloroso para o apóstolo. Sua determinação em responder às acusações que foram levantadas contra ele veio, não da vaidade ou de orgulho ferido, mas porque a verdade do Evangelho e o futuro da igreja estavam sendo ameaçados”. As respostas dadas pelo apóstolo nos dá a ideia das acusações levantadas. Eles o acusavam  de querer tirar vantagem, isto é, pregava o evangelho para ganhar alguma coisa como dinheiro, prestígio e poder. Por isso, quando veio a perseguição e se viu em perigo, Paulo fugiu. Diziam que Paulo não estava preocupado com os tessalonicenses, ele os havia abandonado! O objetivo era levar Paulo e seus companheiros ao descrédito e, assim, a mensagem de Cristo proclamada por eles não frutificaria.  Em defesa do Evangelho e de seu ministério o apóstolo nos apresenta nestes versículos as marcas de um ministério ideal. Paulo assinala as características ministeriais daqueles que foram  aprovados por Deus a ponto de Deus lhes confiar o Evangelho. Interessante notar que o apóstolo usa termos que se referem a u ma família. Assim percebemos que o ministério ideal requer:
(1) A fidelidade de um mordomo.  Paulo tem consciência do seu chamado e ministério. Ele havia sido testado e aprovado por Deus e Deus mesmo lhe confiou o Evangelho, a mensagem de boas novas de salvação. Assim o apóstolo via a si mesmo, bem como seus companheiros, como despenseiro, mordomo de Deus. Importante observar que a expressão que aparece no versículo 1, “não foi em vão que vos visitamos”, pode ter uma outra tradução possível. Hendriksen, um estudioso do NT, sugere a seguinte tradução: “nossa entrada entre vós, não foi de mãos vazias”. Esta tradução é a melhor por causa de todo o contexto. Ele estava sendo acusado de tirar algo dos tessalonicenses, contudo ele não se apresentou de mãos vazias, ele esteve entre eles para dar. Entregou-lhes a Verdade de Deus. Como mordomo do SENHOR distribuiu-lhes a mensagem de salvação. Sabemos que o que ser requer dos despenseiros é que sejam achados fiéis, como o próprio apóstolo declarou aos coríntios.  Por isso assevera que seu objetivo era agradar a Deus e não aos homens, pois Deus é Aquele de quem nada se oculta, Seus olhos sonda os motivos internos, sejam eles bons ou maus. Em Jeremias 17.10 lemos: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto de suas ações”.  O Rev. J. Stott declara: “Os mordomos do evangelho devem responder primeiramente não a igreja nem aos líderes, mas a Deus. Prestar contas a Deus é ser liberto da tirania da crítica humana”. O ministéro de Paulo em Tessalônica foi um trabalho de mordomo, e o próprio Deus era testemunha de sua fidelidade.
(2) O cuidado amoroso de uma mãe. Longe de querer os benefícios dos tessalonicenses, o apóstolo dedicou-se a servi-los. E compara o seu serviço ministerial ao trabalho de uma mãe.  A mãe geralmente é aquela que se doa, que sacrifica a si mesma para o bem dos seus filhos. É abnegada, dedicada, cuidadosa no cuidado com as crianças. O amor de Paulo por eles alcança seu clímax na declaração do versículo 8: “Assim, devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a dar-vos de boa vontade não somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto que vos tornastes muito amados para nós”. Warren Wierbse nos lembra que “o como a mãe nutre os filhos é tão importante quanto a maneira como os nutre”. O apóstolo cuidava, como uma mãe, afetuosamente do rebanho de Deus naquela cidade. 
(3) A orientação e ensino de um pai. O ministério de Paulo entre aqueles irmãos era comparado não só ao trabalho de um mordomo, de uma mãe, mas também ao papel de um pai. O pai tem como uma das funções principais na família o papel educacional. Cabe a ele ser referência aos filhos, servindo-lhes de modelo. Modelo de integridade, de caráter, de responsabilidade, de espiritualidade, de modo que os filhos desejem ser como ele é. Contudo, o papel educacional não se limita a isto. Cabe também ao pai encorajar, confortar e exortar. O pai deve zelar pela família e sacrificar-se pelo seu bem-estar.  tudo, o papel educacional não se limita a isto. Cabe também ao pai encorajar, confortar e exortar. O pai deve zelar pela família e sacrificar-se pelo seu bem-estar.  Vejam irmãos a afirmação de Paulo nos versículos  11-13: “E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória. Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes”. Ele e seus companheiros labutaram entre eles orientado-os, ensinando-os e encorajando-os a fim de que eles vivessem de modo digno de Deus.
(4) O amor e amizade de um irmão. Por último, Paulo nos diz que seu ministério foi como de um irmão, de quem se espera amor e amizade.  É importante observar que a palavra “irmãos” aparece 23 vezes nas duas cartas aos tessalonicenses. Assim, ele se vê como um deles, como membro da família. Warren Wierbse, em seu comentário desta epístola, afurma: “No versículo 17, ele (Paulo) diz que está “orfanado” deles por um breve espaço de tempo, como uma criança longe de casa. Ele ama-os, ora por eles e deseja muito vê-los de novo. Afinal, o que testa a nossa vida espiritual não é o que fazemos quando estamos com a “família” na igreja, mas como nos comportamos fora da igreja. Paulo não era o tipo de membro da igreja que “tira férias” da    
casa do Senhor”.
         Paulo descreve neste capítulo o seu ministério entre os tessalonicenses e assim apresenta-nos as marcas de um ministério ideal. Porém, alguém pode questionar: Eu não sou pastor, portanto, este texto não tem nada a me ensinar. Quero dizer que os princípios apresentados por Paulo aqui se aplicam na vida de todo verdadeiro cristão. Nem todos são pastores na igreja, pois os dons e ministérios são variados, mas todos os cristãos foram vocacionados por Deus para exercer um ministério específico. Ninguém foi chamado para não fazer nada, ou para “esquentar bancos”. E na realização do nosso ministério necessitamos das qualidades mencionadas pelo apóstolo. Devemos realizar nosso ministério com a fidelidade de um mordomo, o cuidado amoroso de uma mãe, a autoridade e ensino de um pai e o amor amizade de um irmão. Que Deus nos ajude a realizarmos nossa missão com a mesma dedicação de Paulo, e nos use para sermos bênçãos na vida de toda igreja!


sexta-feira, agosto 09, 2013

TESSALÔNICA: UMA IGREJA MODELO -1 TESSALONICENSES 1

       
O que Deus espera da Igreja? Quais as características de uma igreja segundo o coração de Deus? Para cumprir nosso papel no mundo hoje é necessário responder a tais questões.  A compreensão de quem somos e para onde vamos é fundamental para cumprir nossa missão onde estamos. Creio que estudar a carta aos Tessalonicenses nos ajuda a responder estas questões.
      A carta aos Tessalonicenses é provavelmente o primeiro escrito do Novo Testamento. Paulo escreveu entre 49 e 50 d.C., não muitos meses depois de ter estado ali, pregando-lhes a mensagem de Cristo. Lucas é quem nos dá o relato do estabelecimento da igreja em Tessalônica em Atos 17, onde podemos observar:
  • A evangelização ocorreu em período curto de tempo, apenas 3 sábados Paulo pregou na sinagoga local;
  • Alguns judeus foram convertidos, entre eles destaca-se Jasom. Mas era uma igreja em sua maioria gentílica, pois houve um número grande gregos tementes a Deus e mulheres gregas de posição que foram transformados pelo poder do Evangelho de Cristo;
  • Intensa oposição dos judeus não convertidos, gerando tumultos e perseguição. Isto fez com que Paulo e seus companheiros fugissem para Beréia. Isto trouxe inquietação ao coração de Paulo: 1 Ts 3.5.

        Contudo o Evangelho chegou ali não só em palavras, mas sobretudo em poder. E as notícias trazidas por Timóteo alegraram o coração de Paulo. Não só pode reconhecer que os irmãos de Tessalônica eram de fato eleitos de Deus, como eram instrumentos divinos na propagação do Evangelho não só na Macedônia, Acaia, bem como em toda a região. Tessalônica, uma igreja modelo (1 Ts 1.7).
MODELO DE FÉ ATUANTE – O Rev. Stott declara que “os tessalonicenses eram exemplos de uma fé que envolvia a totalidade da pessoa, levando-a a um novo modo de viver”. Eles testemunhavam acerca de uma fé operosa, que produziu uma mudança radical. Abandonaram aos ídolos e serviam ao Deus vivo e verdadeiro. Tiago, irmão de Jesus, nos diz “a fé sem obras é morta”. O cristianismo ali vivido não era intelectual ou um religiosismo aparente e farisaico. Mas a evidência de uma transformação profunda, marcante na vida dos convertidos.
MODELO DE AMOR PRESTATIVO – Eles não só demonstravam uma fé atuante, mas também um amor abnegado, evidenciado por feitos de gentileza e misericórdia. Eles haviam compreendido, pela graça de Deus e pela ação do Espírito Santo, compreendido o amor gracioso de Deus por eles. Amor que os resgatou de uma vida fútil, sem significado dedicada aos ídolos, para uma vida abundante em Cristo Jesus. Agora demonstravam o mesmo amor para com os perdidos, proclamando-lhes a mensagem de salvação, o Evangelho da graça de Deus. O amor de Deus os impulsionou ao amor em favor de pecadores que caminhavam neste mundo perdidos.
MODELO DE ESPERANÇA EM CRISTO - A palavra 'esperança' é uma palavra escatológica, a qual refere-se a uma expectação confiante na volta de Cristo, produzindo constância, perseverança mesmo diante de tão intesas tribulações.   Esperança produziu firmeza e determinação. As dificuldades e perseguições não os impediu de realizarem a obra de Deus.
         A igreja de Tessalônica nos ensina que a igreja segundo o coração de Deus é aquela que foi transformada pelo poder do Seu Evangelho e que assume um compromisso com a evangelização. Fé atuante, amor prestativo e esperança em Cristo são as marcas que o SENHOR espera da Sua igreja.