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Tanto
no capítulo 2 como no capítulo 3 desta epístola temos “a
visão do coração pastoral de Paulo”, como afirmou Stott. É
possível perceber as inquietações que pairam no coração de um
verdadeiro pastor. Como já estudamos a igreja foi estabelecida num
período curto de tempo, Paulo pregou por 3 sábados na sinagoga de
Tessalônica e a conversão de judeus e muitos homens tementes a Deus
ocasionou uma forte perseguição, de maneira que Paulo e seus
companheiros fugiram para Bereia. Quando souberam onde Paulo estava
os judeus revoltosos o seguiram até Bereia e de lá também o
expulsaram. Com isto Paulo chega em Atenas. Ali seu coração
pastoral pulsou mais forte. Como estariam os seus filhos na fé em
Tessalônica diante de tamanha perseguição? Permaneceriam firmes?
Paulo bem que tentou voltar para ampará-los em meio as tribulações,
contudo Satanás o impediu. Isto o fez enviar Timóteo, irmão deles,
servo de Cristo e companheiro de Paulo, a fim de que os
fortalecessem. As notícias trazidas por Timóteo acerca dos
tessalonicenses eram boas. Apesar do pouco tempo entre eles a
mensagem das boas novas da salvação frutificou, produzindo uma fé
genuína. Deus operara grandiosamente entre os tessalonicenses, de
modo a transformar vidas e firmá-las na fé. A confiança que
demonstraram na obra salvífica de Cristo e nas promessas gloriosas
do nosso Deus era autêntica, real. Assim com esses irmãos
aprendemos que:
(1)
Uma fé genuína é confirmada pelas provações. A mensagem do
Evangelho trouxe-lhes a bênção de uma nova vida e também as
provações que a fé nos impõe. Isto fica claro na própria
declaração de Paulo no versículo 3: “porque bem sabemos que
fomos destinados para isso”. Em todo NT a ideia de aflição
para o cristão é normal. O próprio Senhor Jesus nos diz: “No
mundo passais por aflições”. Na verdade as tribulações são
“uma evidência da genuinidade da fé, e penhor da sua herança na
glória vindoura” (F. F. Bruce). Pedro, o apóstolo, nos ensina que
enfrentamos por breve tempo aflições a fim de que nossa fé seja
comprovada e produza a glória e honra a Deus. Contudo, Deus não
nos abandona em nossas lutas e sempre provê a nós alento em meio as
lutas. Timóteo é incumbido de fortalecê-los, animá-los na fé.
(2)
Uma fé genuína é firmada na Palavra.
No
pouco tempo em que Paulo permaneceu entre eles, ele examinou as
Escrituras, explicando e demonstrando acerca de Cristo e Sua obra.
Ele anunciou-lhes o Evangelho, explicando-lhes o seu sentido e
deu-lhes evidências e provas das verdades bíblicas. Talvez tenham
esquecido que Paulo já lhes havia ensinado que passariam por
tribulações, por isso envia-lhes Timóteo, para recordar-lhes tudo
o que havia ensinado para que ninguém fraquejasse e se mantivesse
firme. Quando vemos uma criança desejamos que ela cresça, se
desenvolva, isto é natural. Queremos ensiná-la muitas coisas e
entre elas desejamos ensiná-la a andar. Porém, antes de dar os
primeiros passos precisamos ensiná-la a firmar as pernas e ficar de
pé. É necessário que as pernas estejam firmes para que a criança
caminhe. A preocupação de Paulo não era fazê-los andar, mas que
eles estivessem firmes, sem vacilar. E esta firmeza quem dá é a
Palavra de Deus. W. Wiersbe acertadamente nos diz que “o
cristão que não conhece a Bíblia é vítima de toda onda de
doutrina e nunca se confirma no Senhor”.
( Leia: 2 Ts
2.15-17).
(3)
Uma fé genuína é sustentada pela oração.
Outro fato importante aqui é que Paulo lutou com eles em meio as
dificuldades por meio da oração. Diz que rogou continuamente a Deus
por eles, pedindo que os fortalecesse e os fizesse crescer. Wiersbe
faz uma importante declaração, ele nos diz que “o
que confirma a igreja é o ministério duplo da Palavra de Deus e da
oração. Se houver ensino e pregação, mas não oração, as
pessoas terão luz mas não poder. Se houver oração sem o ensino da
Palavra, talvez você tenha um grupo de entusiasta com mais calor do
que luz! O pastor, o professor de Escola Dominical, o missionário e
o trabalhador cristão que falam com Deus sobre seu povo e, depois,
com seu povo a respeito do Senhor têm um ministério equilibrado e
confirmado”.
Paulo
é bastante claro ao nos ensinar que as provações confirmam a fé
autêntica, a qual é firmada na Palavra de Deus e sustentada pela
oração. Não devemos estranhar o fogo ardente em nosso meio,
destinado para nos provar e aprovar, mas, em meio as lutas devemos
nos dedicar ao estudo das Escrituras e à prática da oração que
nos dão todo o suporte para permanecermos firmes na fé.