Edward
Donnelly escreveu um livro cujo título nos chama a atenção: Depois da morte o que? Este título trás
uma indagação que nos remete às questões existenciais da humanidade, quando nos
perguntamos sobre quem somos, bem como para aonde vamos. Interessante notar que
o episódio narrado por Lucas em seu evangelho, descrevendo o encontro do Cristo
crucificado com os dois malfeitores, vem ao encontro dessas inquietações
humanas, revelando-nos quem somos e apontando-nos para a eternidade do ser
humano. Somos todos eternos. Deus nos fez eternos a fim de que
experimentássemos uma humanidade completa por meio da comunhão com o Deus
eterno. Contudo, o pecado irrompeu em nossa história nos fez des-humanos ou
sub-humanos (não há como duvidar deste
fato, pois a realidade da nossa sociedade aponta-nos para a nossa desumanidade)
e trouxe-nos a morte, a separação eterna com o nosso Criador. É por meio da
cruz e da ressurreição, a obra consumada por Cristo, que Deus restaura ao homem
pecador sua dignidade e sua comunhão com o Criador. Jesus veio para salvar
homens pecadores dos seus pecados. Ele mesmo afirmou que “o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10). Ao
analisarmos a narrativa de Lucas nesta passagem podemos observar que:
1.
O paraíso que Cristo nos oferece é gratuito.
A vida eterna é inteiramente gratuita, não depende daquilo que fazemos, mas
fundamenta-se na vontade e ação de Deus. Nas Palavras do apóstolo Paulo, não
depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia (Rm
9.16). O ladrão estava cravado na cruz de pés e mãos e ele nada podia fazer
pela sua vida. Todavia, a graça de Cristo o salvou! Hoje estarás comigo no
paraíso! Wierbse: “O julgamento e a morte
de Jesus Cristo revelaram tanto a perversidade do coração humano quanto a graça
do coração de Deus. Enquanto os seres humanos mostravam o pior de si, Deus lhes
dava o que tinha de melhor. "Mas onde abundou o pecado, superabundou a
graça" (Rm 5:20)”.
2.
O paraíso que Cristo nos oferece requer arrependimento.
A mensagem de Cristo foi e continua sendo: “arrependei-vos
e crede”. O arrependimento não é uma condição prévia para se alcançar o
favor de Deus, mas é a resposta à graça que foi dispensada. Arrependimento
significa “passar por uma mudança de mente e sentimentos”, “fazer uma mudança
de princípios e práticas”. Essa mudança profunda e radical ocorre quando, pela
graça de Deus, compreendemos o amor gracioso de Deus por nós pecadores. O
ladrão da cruz evidenciou-se arrependido, deu evidências de seu arrependimento ao
repreender seu companheiro que blasfemava. Ele reconheceu seu pecado; a
santidade e justiça de Cristo; creu que Cristo poderia salvá-lo e, em
humildade, clamou por salvação (vv.40-42).
3.
O paraíso que Cristo nos oferece é eterno.
Diante do clamor arrependido do ladrão, Jesus respondeu: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso. Jesus lhe
promete uma comunhão imediata, consciente e eterna com Ele no paraíso. O
paraíso é um termo persa, cujo significado é “um lugar de delícias” e aqui, bem como nas duas outras ocorrências
do NT, designa o céu, o lugar da morada do Deus eterno. Estar no paraíso é
desfrutar de uma comunhão plena e perfeita com Deus. Comunhão que
experimentamos a partir do nosso encontro com Cristo, que continuamos a
experimentar após a nossa morte, mas que se tornará uma bem-aventurança
perfeita no dia da ressurreição, no dia de Cristo.
Irmãos
e amigos, o paraíso é uma oferta a todos os pecadores. Dois ladrões, ambos
indignos, imerecedores, pecadores e
carentes do perdão de Deus. Dois ladrões, ambos viram o Cristo, ouviram do amor
e da graça de Deus. Dois ladrões, um incrédulo, indiferente e que permaneceu
perdido, como sempre; outro arrependido, humilde, clamou por misericórdia e foi
salvo. E você? Hoje recordamos a paixão de Cristo, a Sua entrega voluntária por
pecadores, satisfazendo a ira e a justiça de Deus; demonstrando a graça, o amor
e misericórdia de Deus. Que diante deste Cristo, aos pés de sua cruz, arrependidos,
alcancemos o paraíso!