terça-feira, dezembro 05, 2006

A JUSTIIFICAÇÃO DO PECADOR

A Bíblia, ao descrever a condição natural do homem, de toda humanidade, fala-nos que “todos estão debaixo do pecado...não há um justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram...pois todos pecaram”(Rom. 3.9-12,23). Todos, independentemente da cor, da raça, do conhecimento e da posição social – todos. Como afirmou certo estudioso, “esta palavra de cinco letras é, na realidade, uma das mais compreensivas do nosso idioma, uma das mais cheias de significado. Chega, através dos séculos, até ao primeiro homem; alcança a todos os recantos do mundo habitado, e inclui a cada uma das criaturas em todas as latitudes e de todas as cores” [1].
Este ensino revela-nos que Deus – que não vê as coisas superficialmente como nós homens vemos – tem esquadrinhado e provado todos os corações, e, como Justo Juiz, tem declarado a terrível sentença, contra a qual não há apelação: Culpado!
Portanto, se todos acham-se debaixo do pecado, se todos são culpados diante de Deus, destaca-se a importância da pergunta no livro de Jó: Como, pois, seria justo o homem perante Deus? Encontramos, na Palavra de Deus, a resposta a esta questão. Deus, em seu infinito amor e sabedoria, resolveu este problema de uma maneira a inspirar ao mais desesperado pecador e, ao mesmo tempo, satisfazer Sua própria justiça, dignificando Sua honra, ofendida pelo pecado.
O homem pecador não pode ser justificado pelas obras da lei (Romanos 3.20). Este é o ensino bíblico e, no entanto, há muitas pessoas que estão tratando de alcançar o céu, a comunhão com Deus, através das boas obras. Acham que se cumprirem a lei, alcançarão o céu! Se amarem a Deus e ao próximo, como nos diz a Lei, terão direito ao paraíso. Este é um ensino falso e fatal! Com razão as Escrituras nos ensinam que “há caminho que parece direito ao homem, mas ao final são caminhos de morte” (Pv 16.25). Não podemos, por nós mesmos, mudarmos a nossa natureza pecaminosa com uma reforma exterior, pois “quem da imundícia poderá tirar cousa pura?” (Jó 14.4). E outra razão que encontramos na Bíblia para a impossibilidade de alguém justificar-se a si mesmo é que “pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rom 3.20). O pedreiro ao construir uma parede utiliza-se de um fio de prumo. Esse fio de prumo é um instrumento exato, pois forma uma linha reta, perfeitamente perpendicular. O pedreiro ao colocá-lo em uma parede torta, sem dúvida nenhuma constatará que a parede está torta e mais nada poderá fazer o prumo. Ele não poderá endireitar a parede. A Lei é expressão da perfeita santidade de Deus e, tal qual o prumo, põe em relevo os nossos pecados e nos condena. Ë por isso que Paulo exclama: “Desaventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rom 7.24). Deus nos deu a Sua Lei para que através dela nos reconhecêssemos como de fato somos: pecadores!
O homem é justificado pela graça (Romanos 3.24). Após analisarmos a justificação de forma negativa, chegamos a resposta afirmativa, aquela que nos diz a maneira como podemos ser justificados, a saber: “Justificados gratuitamente, por sua graça”. Tendo Deus nos condenado pela Lei, agora oferece tratar-nos sobre a base da sua graça. Somente depois de termos perdido toda a esperança de salvação por nossas boas obras, Deus nos oferece um dom gratuito, algo que jamais poderíamos adquirir, fizéssemos o que fizéssemos. A salvação é pela graça! Esta é a mensagem simples do Evangelho, as boas novas de salvação. Contudo, por causa do nosso orgulho, muitos têm recusado tal dádiva. Muitos não querem reconhecer que, perante a Lei de Deus, estão arruinados e sem esperança alguma. Tenazmente se deixam possuir do pensamento de que há algum mérito em sua própria religiosidade, no fato de que freqüentam assiduamente a igreja, ajudam aos outros que são mais carentes ou simplesmente por observar uma boa conduta diante de todos. Não se deixe enganar querido amigo. A Bíblia afirma que “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, Ele nos salvou...” (Tito 3.5)
O homem é justificado pelo sangue (Romanos 5.9). Não podemos pensar que Deus perdoa o pecador pela graça, desconsiderando os nossos pecados. A Bíblia é clara ao nos mostrar que a recompensa do pecado é a morte. “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.20), ensina-nos o profeta Ezequiel. E Paulo declarou: “o salário do pecado é a morte” (Rom 6.23). Deus pronunciou contra o pecado a sentença de morte, e a executa. Isto é o que aconteceu na cruz de Cristo, e isto é o significado das palavras: justificados pelo sangue de Cristo. A Cristo custou-Lhe levar sobre si a iniquidade de todos nós, despojando-se a Si mesmo de toda grandeza e glória, assumindo a forma de Servo, entregando a Sua própria vida por nós pecadores. “Carregando Ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados” (1Pe 2.24). Este é o glorioso Evangelho! “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1 Pe 3.18). “Lutero relata que um dia viu (talvez em sonhos) a Satanás, que lhe apresentava uma extensa lista dos seus pecados, perguntando-lhe se os reconhecia como seus. –“Sim – respondeu Lutero – reconheço-os. Desgraçadamente tenho-os cometido”. – Como, então, te chamas cristão? – insistiu Satanás. – “Ah! – replicou Lutero – há uma coisa que ignoras: Não sabes que sobre esta lista está escrito: “O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado” (1Jo 1.7). Imediatamente Satanás desapareceu”
[2].
É no sangue de Cristo vertido na cruz que encontramos a salvação. E somente aqueles que “lavaram as suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro" (Ap 7.14) se acharão diante do trono de Deus.
Indaga-nos Salomão: “Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado?” (Provérbios 20.9). Cônscios de nossos pecados e das conseqüências que ele nos traz, busquemos em Cristo a nossa justificação, pois Nele há perdão e reconciliação. Quero encerrar nossa reflexão com as palavras do autor da carta aos Hebreus: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”






[1] Collet, S. Estudos Bíblicos. Volume I. Ed. R. S. Canuto, Lisboa, 1937, p.3[2] op.cit., p.11

NÃO ANDEIS ANSIOSOS


A Palavra de Deus nos traz a história de Marta e sua irmã Maria, esta quedava-se assentada aos pés de Jesus, enquanto que a outra estava agitada, inquieta e preocupada com muitas coisas. Hoje, em nossos dias, vemos muitos que andam ansiosos como Marta; vivem numa indevida inquietação quanto a se ter os meios para prover-se de alimento e vestuário para si e os seus dependentes. Jesus não está censurando a solícita provisão para o futuro, ao invés disto, Ele ordena que Seus discípulos se abstenham de aborrecer-se indevidamente acerca do que o amanhã possa trazer. Assim, exorta-os : Não andeis ansiosos (Mateus 6.25).
Premeiramente, não devemos andar ansiosos porque a ansiedade nega a providência divina. Existe na humanidade um conceito errôneo a respeito da providência divina. Muitos crêem que Deus criou todas as coisas e abandonou tudo, como se Deus houvesse criado uma máquina e, uma vez posto em funcionamento, estaria apenas a apreciá-la. Contudo, a Bíblia, nos mostra uma outra realidade: Deus criou todas as coisas e, em sua maneira santa, sábia e poderosa, cuida de cada uma delas. Entre várias passagens citamos o Salmo 104, que exemplifica a providência divina quando afirma:
“Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas águas correm entre os montes; dão de beber a todos os animais do campo....Fazes crescer a relva para os animais, e as plantas para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão... Os leõezinhos rugem pela presa, e buscam de Deus o seu sustento".Também não devemos nos esquecer da providência de Deus para com o povo de Israel, quando em sua peregrinação pelo deserto, Deus mandou o maná do céu e fez brotar da rocha água, quando de dia colocava a nuvem por sombra e, a noite, a coluna de fogo para aquecê-los. Mas tomando por base o texto de Mateus, Jesus contrasta a inquietação, a ansiedade, a distração dos hoemns com as aves e as flores, que são intrinsicamente de muito menor valor. As aves, contudo, se ocupam largamente com a provisão para o futuro. Trabalham arduamente construindo seus ninhos e conseguindo comida para os seus filhotes e,, todavia, não ficam inquietas. Não tem tempo de semeadura e tempo de ceifa com que se preocupar, mas levam a vida cumprindo o propósito para qual Deus as criou. Semelhantemente, as flores silvestres, a sua maneira instintiva, olham para o futuro. Suas atividade se dirigem todas à produção da florescência, que é a sua glória, porém tão calma e tranqüila é a sua vida que parece que não estão fazendo absolutamente nada. Não obstante, Deus as veste com uma beleza que jamais pode ser manufaturada, nem mesmo pelo rei mais rico de todos.
O Filho de Deus não nos manda imitar as aves e as flores, pois isso é impossível, mas nos pede que observemos o cuidado providencial de Deus por criaturas menos valiosas a sua vista do que os homens e mulheres. Deixarmos de ver a realidade de um Deus providente na Bíblia, na história de Israel e emtoda a criação e vivermos indferentes a estes fatos, seria o mesmo que negar que Deus é providente. Não andeis ansiosos porque a ansiedade nega a providência divina.
Também não devemos andar ansiosos porque a ansiedade é inútil. Sabemos que Deus é Senhor Soberano e isto inclui, sem dúvida nenhuma, que o homem está debaixo de Sua vontade. O Catecismo Maior em resposta a pergunta 14; “Como executra Deus os Seus decretos?”, diz: “Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência, segundo a sua presciência infalível e o livre e imutável conselho da sua vontade”. Embora existam causas no mundo, como as forças da natureza e a vontade humana, tais causas não trabalham independentemente de Deus. Deus é operante em cada ato das criaturas. Declara-nos Berkhof: “Devemos guardar-nos contra a idéia de que Deus e o homem tem parte na obra, porque Deus é sempre a causa primária, sem a qual o homem nada pode fazer”. É por isso que Jesus afirma: Qual de vós por ansioso que esteja pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida? Não adianta a nossa ansiedade, a nossa agitação, o nosso desejo ardente, pois tais sentimentos não irão mudar a vontade soberana de Deus. A nossa Confissão de Fé. Afirma: “Posto que, em relação a presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam conforme a natureza das causas secundárias, necessárias, livres ou contigentemente”. Portanto, não andeis ansiosos porque a ansiedade é inutil.
Por último, não devemos andar ansiosos porque a ansiedade é sinal de incredulidade. Jesus mostra-nos que a ansiosa solicitude da vida não é característica do povo de Deus e, sim, dos gentios, daqueles que não conheceram a Cristo e nada sabem de um Pai celestial, a cujos olhos, cada um dos seus filhos é infinitamente precioso e que está plenamente ciente de todas as suas necessidades. Estar ansioso é estar duvidando do poder de Deus.
A marca distintiva do cristão deve ser, primária e acima de tudo, promulgar o Reino de Deus entre os homens, anunciando que Jesus é Senhor e Salvador. John Flavel declara: “O propósito de tudo o que Deus tem feito por vocês, é torná-los uma bênção para outras pessoas”.
Cristo manda seus discípulos terem fé e, se esta for a primazia em suas vidas, as outras coisas lhe serão dadas. Em outras palavras, se orarem “venha o teu reino” o “seu pão de cada dia” será dado.
Vemos o exemplo de Paulo que se desgastou em anunciar o reino de Deus aos gentios, contudo, demonstra que tal obra fora feita com base na providência divina, diz ele: “Tudo posso naquele que me fortalece”, pois aprendera a viver esperando no Senhor. “Buscai, pois, em primeiro lugar o Seu Reino e a Sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Não andeis ansiosos porque a ansiedade é sinal de incredulidade.
A Palavra de Deus nos narra também a história de Jó e, se atentarmos para a sua vida, veremos que lhe fora tirado filhos, bens e enfermidades lhe foram acrescidas, todavia, não deixou que a ansiedade, a incerteza aflitiva tomasse conta do seu coração, pois estava pronto a esperar em Deus e tinha firmado nEle a sua fé. Por certo, todos nós cientes de que enfrentamos provações, possamos estar lançando sobre Deus a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós. A ansiedade se mostra como uma característica dos gentios e não pode alterar o plano de Deus, que em sua infinita misericórdia é um Deus providente. Portanto, NÃO ANDEIS ANSIOSOS.