segunda-feira, outubro 15, 2007

O CULTO CRISTÃO

A Reforma Protestante ressaltou a autoridade e a suficiência das Escrituras. Daí afirmarmos que a Bíblia é a nossa regra de fé e prática. “Toda a Escritura é inspirada”, afirmou o apóstolo. Portanto, no que diz respeito ao culto cristão, devemos nos orientar pela Palavra de Deus. A nossa Confissão de Fé nos diz: “...o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo, e é tão limitado pela Sua própria vontade revelada, que Ele não pode ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens, ou sugestões de Satanás, nem sob qualquer representação visível, ou qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras”[1]. A. A. Hodge comentando esta declaração afirmou: “Se Deus tem prescrito o modo aceitável de adorá-LO e serví-LO, é uma ofensa e pecado descuidar-se desse método ou preferir a prática inventada por nós...não só as doutrinas e mandamentos de homens, senão todo culto voluntário, isto é, atos e formas de culto inventados, são abominações para Deus”[2]. Vejam o exemplo bíblico de Abel e Caim (Gênesis 4.4-7). Reafirmamos que o culto é segundo a Palavra. “O problema de Caim e a aceitação de Abel é que no interior de ambos havia o chamado da Palavra; Abel resolveu obedecê-la e Caim resolveu seguir o seu próprio jeito. Esta é a primeira norma de Deus para o culto: ele deve ser bíblico, deve ser como Deus determina em Sua Palavra”[3]. Sendo assim, entendemos que Deus não somente ensina que devemos adorá-LO, mas também o modo como devemos adorá-LO. Então, a pergunta que devemos fazer antes de introduzirmos qualquer coisa em nossas liturgias deve ser: É bíblico? A Palavra de Deus nos ensina a adorarmos o nosso Deus deste modo?
Além de estar em concordância com a Palavra de Deus, o culto que prestamos a Deus deve proceder de uma vida cristã autêntica, isto é, exige vida de santidade, consagração. Lemos em Gênesis 4.4 que ”Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta”. Primeiro vem o nome do adorador e então o culto. Para Ele o importante é o adorador, vindo, a seguir, o culto. Deus não aceita culto de ímpios (Isaías 1.11-14). Certa ocasião ouvi algo que é verdadeiro e que se aplica aqui: “Se não há culto na vida não há vida no culto”.
Outro aspecto a se destacar é que o culto deve ser solene, respeitoso. Deus é excelso, grande, Santo e Se agrada da reverência de Seus filhos. Quando Moisés chegou em Sua presença, recebe a ordem de tirar as sandálias dos pés (Êx. 3.5). Participar de uma reunião onde não há solenidade, não há respeito, pode estar certo, não há louvor ali. “O verdadeiro louvor tem uma conotação de consciência de Quem é Deus. Devemos expressar aquilo que Ele é, conforme revelado nas Escrituras e que tem sido experimentado em nossa vida diária”[4]: E conhecendo o caráter de Deus, a nossa adoração, necessariamente, deve ser reverente, condizente com a revelação que Deus faz de Si mesmo.
Por último, o nosso culto, nossa adoração deve ser alegre. O louvor que oferecemos a Deus é a expressão de nossa gratidão por todas as bênçãos que recebemos de Suas mãos. A vida e a preservação dela, a inteligência humana, a comunhão com Ele e com os nossos irmãos, o consolo nas aflições e sobretudo a salvação e a vida eterna em Cristo Jesus. Quando louvamos a Deus, nosso coração, nossa alma deve estar alegre, grata, jubilosa. Não precisamos, entretanto, confundir alegria com um turbilhão de emoções incontidas, ferozes e irracionais. Paulo escreveu que devemos cantar com o coração, mas também com o entendimento (1 Co 14.15; Rm 12.1,2).
Nosso louvor, nosso culto deve ser bíblico, fruto de uma vida consagrada a Deus, respeitoso e alegre.



[1] CFW, Cap. XXI.I
[2] Comentário de La Confision de Fe de Westminster, p.251
[3] Figueredo, C.A., Louvor e Vida, p.20
[4] Costa, H.M.P., O Verdadeiro Louvor, p11

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