Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo.
Mateus 2.1,2.
Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo.
Mateus 2.1,2.
01. ELIAS: UM HOMEM ZELOSO PELO SENHOR -1 Reis 19.10.
Elias era um homem de Deus. Isto é claramente percebido por sua vida:
Tais fatos são inquestionáveis. Ele realmente era um homem zeloso pelo Senhor. Mas este fato não o livrou da depressão. E, deste modo, encontramos um princípio fundamental para nós hoje. Ser um cristão fiel, dedicado e zeloso não significa que estaremos isentos de enfrentar a depressão. Nem devemos pensar que depressão significa que não estamos em comunhão com Deus. É interessante observar que a depressão na vida de Elias aconteceu logo após sua maior vitória espiritual. A pergunta que fazemos, então, o que levou o profeta a enfrentar a depressão?
02. AS CAUSAS E OS EFEITOS DA DEPRESSÃO EM ELIAS.
a) Primeiramente podemos afirmar que a depressão ocorreu após a exaustão física e emocional do profeta. Deus nos criou para operarmos dentro de certos limites fisiológicos e emocionais. Quando avançamos, indo além dos nossos limites, e permanecemos por um longo período nessa condição, sofremos as conseqüências. Quando olhamos a vida de Elias verificamos que ele viveu sempre no limite. Fora um homem procurado por Acabe e tido como seu inimigo número um. Enfrentou tempos difíceis no deserto, onde quase morreu de fome. Depois o encontramos numa confrontação com o povo de Deus e com os falsos profetas, que exauriu suas forças físicas e emocionais. Não bastasse tudo isso, o profeta correu uma verdadeira maratona de mais de
b) A depressão ocorreu após uma decepção, uma frustração. Elias esperava por um avivamento
c) A depressão levou o profeta a isolar-se. A narração bíblica nos diz que ele fugiu para Berseba e “ali deixou o seu moço”. C. Swindoll: “Pessoas desencorajadas são pessoas solitárias. Só há espaço para uma pessoa debaixo de um zimbro no deserto. Debaixo dos galhos secos da desmotivação e solidão há somente uma pequena sombra”. Nós somos assim. Temos a tendência de nos isolar e não percebemos o quanto isto é prejudicial. Elias deveria ter ficado com um amigo de confiança, um companheiro que o estimulasse, dando-lhe coragem. Mas a natureza humana não funciona assim. “Quando ficamos desmotivados, a primeira coisa que procuramos fazer é ficar sozinhos. Normalmente esta é a pior decisão”.
03. COMO DEUS LIDOU COM A DEPRESSÃO DE ELIAS?
Deus encontrou o seu servo num momento de desmotivação e desespero. A depressão lhe era tão intensa que desejou a morte. Em sua oração disse: “Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma”. E nesta condição sentou-se debaixo de uma árvore e dormiu profundamente.
a) Em primeiro lugar Deus permitiu que o seu servo tivesse um momento de descanso. O Senhor, através de Seu anjo, o alimentou e permitiu que repousasse. Não há nenhuma reprimenda. Nenhum sermão ou repreensão. Deus não disse: “Vamos lá! Levante! Ao trabalho! Não sejas ingrato!” Deus providenciou uma refeição de pão quente e água fresca e o deixou descansar. Era preciso recobrar suas forças físicas. C. Swindooll: “O cansaço pode fazer que você mude de rumo. A fadiga pode levá-lo a todo tipo de estranhas alucinações. Ela pode fazer que você acredite numa mentira. Elias estava acreditando numa mentira, em parte por estar exausto. Então Deus lhe dá descanso e refrigério, o que o permitiu que, depois, Elias se levantasse para uma caminhada de quarenta dias e quarenta noites”.
Creio que isto é necessário não só no caso de Elias. É preciso repousar, descansar. Mas quero dizer que podemos prevenir a depressão, proporcionando um período de descanso. Deus nos ensina que é preciso repousar de nossas fadigas, por isso descansou no sétimo dia.
b) Depois ouviu a Elias. Como disse Deus não o condenou por sua atitude. Ao invés disso, pergunta: “Que fazes aqui Elias?” Deus queria entender. Não que Ele não entendesse, mas queria que o profeta expressasse, verbalizasse o seu problema. Certas vezes precisamos colocar para fora os nossos sentimentos, mas devemos fazê-lo de uma maneira responsável.“Independentemente de como estejamos nos sentindo, Deus está sempre disposto a nos ouvir. Ele não está esperando para bater em nossa cabeça e nos condenar quando decidimos compartilhar com Ele os nossos sentimentos – mesmo que eles possam ser negativos” (G. Getz).
c) Deus fez Elias entender e enfrentar a realidade. Para vencer a depressão é preciso entender e enfrentar a realidade. Expor os nossos sentimentos repetidamente não resolve os problemas emocionais. Na verdade, se repetirmos uma idéia errada durante algum tempo, temos a tendência de nos convencer que estamos certos. É preciso para de falar e somente ouvir o que os outros têm a dizer. A nossa ação deve basear-se na realidade.
Elias estava acreditando numa enorme mentira. “Estou sozinho. Sou a única voz de Deus. E ainda estão tentando me matar!” Vejam a resposta de Deus: 1Reis 19.11,12. Vento... terremoto... fogo. Deus não estava em nenhum destes fenômenos poderosos. Sua voz veio de um cicio, uma brisa suave. É como dissesse: Você não está só Elias, Eu estou com você.
E mais uma vez pergunta: “que fazes aqui, Elias? E de novo a expressão de autocomiseração. Mas Deus lhe mostra a realidade (1 Reis 19.15-18):
· Deus mostra ao profeta que ele ainda tinha um trabalho a fazer. Ele ainda era um homem de Deus.
· Deus lhe diz: você não está sozinho. C. Swindoll nos adverte que “nenhuma pessoa é suficientemente forte física, psicológica ou espiritualmente para fazer a obra de Deus”. Elias precisava aprender isto.
d) Deus lhe providenciou um amigo próximo (1 Reis 19.19-21). È interessante observar que Deus não lhe deu apenas um sucessor, mas alguém que o amava e o compreendia suficientemente bem para servi-lo e encorajá-lo. Todos nós precisamos de outros cristãos em nossa vida para nos ajudar e encorajar. É por isso que Deus estabeleceu a igreja, para vivermos em comunhão, em amizade e em encorajamento mútuo.
Gostaria de encerrar usando as palavras do Rev. Gene Getz:
“Os princípios para derrotarmos a depressão que podemos aprender com a maneira como Deus lidou com Elias são básicos para nos ajudar a derrotar qualquer tipo de depressão. Mesmo que as lutas que causam a depressão em nossa vida possam ser bastante distintas dos problemas de Elias, esses princípios são os mesmo quando tratarmos desse tipo de problema. Isso nos fornece uma estratégia básica e um ponto de partida para solucionar nossos problemas. Porém, se você já colocou esses princípios em prática durante algum tempo e não conseguiu curar a sua depressão, você deve consultar um médico – de preferência um psiquiatra cristão que entenda nossos problemas como um todo: física, mental e espiritualmente”.
Você ama Jesus? Amar não é um sentimento e nem uma simples declaração que ama alguém. Mas antes de responder minha indagação, quero convidá-lo a meditar, a refletir no episódio registrado por Lucas em seu evangelho, que narra o encontro do fariseu, Jesus e uma mulher, designada como pecadora. No centro do diálogo de Jesus com o fariseu, que é identificado pelo nome de Simão, há uma parábola curta e para entendê-la é preciso avaliar todo o contexto. Lucas nos informa em seu registro que um fariseu convidou Jesus para participar com outros convidados, de uma refeição em sua própria casa. Provavelmente Jesus pregara na sinagoga da cidade e considerando que era uma honra convidar um pregador visitante para o jantar, conforme nos lembra J. Jeremias[1], Simão não titubeia em convidar Jesus. No entanto, Simão não oferece a Jesus a acolhida esperada. No Oriente Médio “quando um hóspede é convidado a ir à casa de alguém, espera que sejam oferecidas as costumeiras gentilezas da hospitalidade. Quando o hóspede é um Rabi o dever de oferecer hospitalidade em sua forma mais refinada é bem reconhecido. Mas Simão convidou Jesus a ir à sua casa, e começou a violar todas as regras de hospitalidade”[2]. Por outro lado, a mulher, a quem Simão denomina pecadora, oferece o que o fariseu não ofereceu. “Vês esta mulher?” – perguntou Jesus a Simão – “Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés”. Assim, “em três atos claros, aquela mulher demonstrou a sua superioridade em relação a Simão”, como bem observou Bailey. A parábola usada por Jesus aqui relata—nos a estória de dois devedores. Nenhum deles é capaz de quitar seus débitos. No entanto, o credor os perdoou de suas dívidas, oferecendo graça a ambos. Embora os dois devedores tenham em comum a incapacidade de pagar a dívida e a necessidade do perdão, há um contraste entre eles, que marca o contraste entre Simão e a mulher pecadora. A pergunta de Jesus a Simão o deixa num beco sem saída: “Qual deles amará mais?” J. Jeremias nos ensina que tanto no hebraico como no aramaico não havia uma palavra que corresponda ao nosso “obrigado” e usava-se o verbo amar para expressar a gratidão. Com isso evidencia-se que a gratidão é uma reação de uma graça imerecida. Então, qual o significado do versículo 47: “Aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama”? Jesus está nos ensinando que o fariseu não demonstrou amor porque não se julgava necessitado do perdão. As atitudes da mulher eram demonstrações de amor, isto é, gratidão pelo perdão que alcançara com a mensagem do evangelho de Cristo. Simão a via apenas como pecadora. Jesus a via como uma pecadora que tinha sido perdoada. Jesus sabia que seus pecados eram muitos. E justamente por seus muitos pecados serem perdoados ela muito amou. Quais lições nós podemos aprender neste relato? Primeira, Jesus conhece o nosso coração. Ele é onisciente. Note no versículo 39 que Simão não expressou de modo notório a sua indignação por Jesus aceitar que uma mulher de vida duvidosa lhe tocasse. Jesus conhecia seus pensamentos e os confronta com a verdade do evangelho. Mais uma vez cito K. Bailey: “O grande pecador que não se arrependeu (cuja presença contamina) é Simão, e não a mulher. O profeta não havia lido apenas o coração da mulher: ele havia lido também o coração de Simão. O juiz (Simão) se torna réu. O drama começa estando Jesus sendo examinado minuciosamente. A mesa vira, e Simão é exposto”. Outra lição é: A salvação é pela fé e não por obras. Jesus declarou a mulher: “A tua fé te salvou”. Não é a atitude da mulher que a salvou e, sim, a graça imerecida de Deus. O amor gracioso de Deus é o tema central da parábola. A última lição que destaco é que a nossa salvação é evidenciada pela gratidão, pelo amor traduzido em ações. Os atos de amor são manifestações de gratidão pela graça recebida e não uma tentativa de se alcançar o favor de Deus. J. C. Ryle afirmou que “se não entregamos nosso coração a Cristo; nossas mãos fraquejarão. O trabalhador que ama será sempre o que mais faz na vinha do Senhor”[3]. Assim volto a questão inicial. Você ama a Jesus? Quais as atitudes que evidenciam sua gratidão por Ele?
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[1] Parábolas. Ed. Paulinas.
<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--> Levison, citado por Bailey, K. in “As Parábolas de Lucas”, Ed. Vida Nova.
<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Lucas. Publicado pela Confederação Evang. Do Brasil.