As
Escrituras relatam-nos que Jesus, ao contemplar as multidões, sentiu profunda
tristeza, pois estavam “aflitas e exaustas, como ovelhas que não tem
pastor” . Por isso, como o Supremo Pastor das ovelhas, Jesus tem
comissionado homens aos quais lhes tem dito: “apascenta as minhas ovelhas” . E,
diante de tamanha responsabilidade, nós os comissionados devemos buscar no
ministério do Grande Pastor um modelo pastoral ideal. Isso nós encontramos no
Evangelho de João 10.1-16. Nesta passagem encontramos as qualidades do Bom
Pastor.
1) É
aquele que conhece as suas ovelhas.
Esta é uma das qualidades ministeriais que encontramos em Jesus. Ele chama pelo
nome as suas próprias ovelhas. Ele conhece as suas ovelhas; e elas O conhecem.
Há aqui uma compreensão pessoal e não meramente intelectual. Está implícito um
relacionamento de confiança e intimidade. Portanto, a característica
básica dos pastores comissionados por Cristo é o relacionamento pessoal que se
deve desenvolver entre o pastor e as suas ovelhas. O Rev. John Stott afirma que
“talvez a primeira característica dos subpastores de Cristo seja o
relacionamento pessoal que se deve desenvolver entre o pastor e as pessoas.
Elas não são clientes nossos, nem nossos eleitores, pacientes ou fregueses. E
muito menos são meros nomes guardados em registro ou, pior ainda, números de um
arquivo de computador. São indivíduos, pessoas que nós conhecemos e que nos
conhecem” . R. Baxter em sua obra, O Pastor Aprovado, afirma que
“precisamos conhecer cada pessoa das que estão a nosso cargo, pois como
poderemos olhar por elas, se não as conhecermos? Devemos ter conhecimento
completo dos que fazem parte do nosso rebanho. Como um pastor cuidadoso cuida
de cada ovelha, individualmente, ou como um bom mestre-escola cuida bem de cada
aluno, individualmente, ou como um bom médico conhece a cada um de seus
pacientes”.
2) É
aquele que serve as suas ovelhas.
Jesus afirma: “Eu sou o bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. Ele
se dedica ao bem estar delas, e toda a Sua vida é dominada pelas necessidades
delas. Como pastores que somos, fomos chamados para cuidar de pessoas as quais
o próprio Deus nos confiou. “Uma das coisa fundamentais ao ofício e à
profissão de um pastor é isto: paixão suficiente para providenciar que suas ovelhas
tenham tudo de que carecem, e senso bastante para evitar que elas tenham aquilo
que as machucaria ou que as destruiria”. Nem sempre é tão fácil servir ao
rebanho de Deus, pois tal qual uma ovelha, os homens se mostram obtusos,
desviam-se do caminho facilmente. Outras vezes são exigentes, mal-agradecidos,
sendo-nos difícil de amá-los. E nessa hora devemos nos lembrar que eles são
rebanho de Deus, comprados com o sangue de Cristo e confiados aos nossos
cuidados. Como nos ensina Baxter: “ouçamos as palavras de Cristo, toda vez que
sentimos crescer em nós a tendência para nos tornarmos lerdos e relaxados:
“Morri por eles, e vocês não querem cuidar deles? Eles foram dignos do meu
sangue e todavia não são dignos do seu labor? Fiz e sofri muitíssimo pela salvação
deles, me dispus a fazer de vocês por cooperados meus e, contudo, se recusam
dar-me o pouco que tem em mãos?” Assim, toda vez que olharmos para os que
congregam em nossas igrejas, lembremos vividamente que elas são a aquisição
feita pelo sangue de Cristo”.
3)
É aquele que guia as suas ovelhas.
Como ministros de Cristo é nossa responsabilidade guiar as pessoas de tal modo
que seja seguro para elas seguirem a nós. Com isso temos que ser para elas um
exemplo coerente e confiável. John Stott nos diz que “Jesus introduziu no mundo
um novo estilo de liderança, a saber, a liderança pelo serviço e pelo exemplo,
e não pela força” . É isso o que nos ensina o apóstolo Pedro: “Pastoreai
o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente,
como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade, nem como
dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do
rebanho”.
4)
É aquele que alimenta as suas ovelhas.
Cabe aos presbíteros alimentar o rebanho de Deus. Somos exortados por Paulo, o
apóstolo, a pregar a Palavra, em tempo oportuno ou não, a corrigir, repreender
e exortar com toda longanimidade e doutrina. O pastor, ministro ordenado, é,
acima de tudo, um ministro da Palavra. Mas duas das qualidades necessárias para
o exercício do presbiterato são que ele seja apto para ensinar e apegado a
Palavra fiel que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder, assim para
exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. Stott nos lembra: “Seja nas igrejas cansadas do
ocidente ou nas vibrantes igrejas de muitos países no terceiro mundo, nada mais
é necessário hoje, do que uma exposição fiel e sistemática da Escritura no
púlpito (...) É demais o número de congregações que estão enfermas e até mesmo
morrendo de fome por falta do alimento sólido da Palavra de Deus” .
5) É
aquele que guarda as suas ovelhas.
Phillp Keller em sua exposição do salmo 23 nos lembra que “outra tarefa que o
cuidadoso pastor realiza durante o verão é manter uma vigilância constante por
causa dos animais de rapina. Ele procura sinais de lobos, coiotes, onças e
ursos. Se esses animais atacam ou importunam o rebanho, ele sai à caça deles,
ou então esforça-se ao máximo para apanhá-los em armadilhas, a fim de que o
rebanho descanse em paz”. Como
pastores do rebanho de Deus devemos ser vigilantes e não permitir que
falsos ensinos penetrem em nossos templos, para que são sejamos considerados
pastores inféis que permitiram que o rebanho se espalhasse e se tornassem
pastos para todas as feras do campo (Ez 34.5). É responsabilidade nossa não só
ensinar a sã doutrina mas também “convencer os que contradizem” (Tt 1.5).
“Quando um fogo se acende, tratem logo de apagá-lo no início. Não deixem sequer
uma fagulha rebrilhar, antes de vocês extingui-lo. Assim, vão logo a todas as
pessoas que vocês desconfiam estarem contagiadas. Aconselhem-nas até estarem
certos de que se recuperaram daquele mau espírito”.
6) É
aquele que busca as suas ovelhas.
Vejam a declaração de Jesus em João 10.16. E em Lucas há o registro da parábola
da ovelha perdida, onde o pastor se esforça em encontrá-la e restaura-la ao
rebanho.
Eis
aí o modelo pastoral de Cristo, que nos serve de diretriz para o
desenvolvimento de nosso ministério. Como presbíteros do rebanho de Deus
devemos conhecer, servir, guiar, alimentar, guardar e buscar nossas
ovelhas
Nenhum comentário:
Postar um comentário