O
título do livro de Malaquias é: “Sentença pronunciada pelo Senhor contra
Israel”. A palavra “sentença” é um termo judicial que denota a ideia
de um fardo, de um peso. Não é uma
mensagem consoladora, mas de profundo confronto e censura. Aqui encontramos um
apelo poderoso, apaixonado, suplicante – um apelo ao arrependimento do pecado e
à volta a Deus – um apelo acompanhado de rica promessa se o povo atender, e de
severa advertência se recusar. O
primeiro pecado citado por Malaquias foi a falta de amor do povo para com Deus
(Ml 1.1-5). Esse também foi o primeiro pecado que Jesus mencionou quando
escreveu para as igrejas da Ásia Menor (Ap 2:4) e talvez apareça em primeiro
lugar, pois a falta de amor a Deus é a origem de todos os outros pecados.
Observa-se que a mensagem do profeta é apresentada de forma dialética, isto é,
através de uma afirmação, de uma réplica e demonstração da afirmação. Deus diz:
Eu os tenho amado. A nação replica: Em que nos tem amado? Deus, então, confirma
Sua afirmação: Não foi Esaú irmão de Jacó? Todavia, amei a Esaú. A evidências
deste amor são claras. Primeiro porque Deus mesmo disse explicitamente que os
amava: Dt 7.6-11. A santidade de Deus e o Seu amor por nós pecadores são as
motivações que encontramos para obedecê-Lo e amá-Lo. Outra evidência é o amor
eletivo de Deus. Deus amou a Jacó e aborreceu-se de Esaú. (cp Gn 29.30-33).
Deus ama o seu povo e o seu amor é eletivo. Jesus disse: “Não fostes vós que me
escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16).
Deus não nos elegeu porque previu que iríamos crer. A fé não é a causa da eleição,
mas sua consequência (At 13.48). No Antigo Testamento não havia uma palavra que
corresponda ao nosso “obrigado” e usava-se o verbo amar para expressar a
gratidão. Com isso evidencia-se que a gratidão é uma reação de uma graça
imerecida. Por certo, não somos capazes de explicar a graça e o amor eletivos
de Deus nem precisamos, mas podemos expressar a graça e o amor de Deus ao crer
em Cristo e andar com ele. Deus nos ama e nós devemos corresponder a este amor.
quinta-feira, junho 13, 2019
quarta-feira, maio 22, 2019
SE NÃO FOSSE O SENHOR
O livro do Êxodo relata-nos a
intervenção extraordinária de Deus no Egito, livrando o povo Israel da
escravidão egípcia. Deus os conduziu e os fez acampar à beira-mar, defronte ao
mar Vermelho. Faraó, então, dispôs-se a perseguir o povo de Deus com seu
exército. Israel se viu num beco sem saída e temeu. No entanto, Deus outra vez
interveio, abriu o mar e os salvou!
A vida cristã é marcada por momentos
que nos trazem angústias, medo e pavor. Nessas horas Deus se coloca ao nosso
lado e nos salva. Nem sempre Ele nos livra das tribulações, mas, sem dúvida,
Ele nos livra nas tribulações. Esta também foi a experiência de Davi no salmo
124. Davi foi ungido rei em Israel e os filisteus, ao saberem disso, marcharam
contra o povo de Deus (2 Samuel 5.17). Esta marcha visava pôr fim a Davi e a
qualquer esperança dos israelitas. No salmo 124 Davi usa algumas figuras de
linguagem para descrever este momento tão ameaçador. No versículo 3 usa a
figura de um monstro prestes a devorar sua presa: “e nos teria engolido
vivos”. Depois, descreve um desastre
súbito, uma inundação repentina ao falar de “águas que teriam nos submergido”
(veja os versículos 4 e 5). E, por último, a figura usada é de uma arapuca, ao
referir-se ao “laço dos passarinheiros”, isto é, uma armadilha de caçadores de
aves. Todas estas expressões retratam as ameaças dos filisteus sobre Davi e seu
povo, bem como o pavor e medo que se apoderou deles diante de tais ameaças.
Todavia, Deus os livrou. “Bendito seja o Senhor”, exclamou Davi em adoração,
pois, “não nos deu por presa aos dentes deles. Salvou-se a nossa alma...” .
Deus é Salvador, não só nos livrou da
morte imposta pelo pecado, como continuamente nos tem ajudado em meio aos
perigos e as tribulações que enfrentamos no dia a dia. Como nos diz o poeta
sacro, “conta as bênçãos, dize quantas são ... e verás, surpreso, quanto Deus
já fez!” Deus sempre cuida de nós e nos
salva, pois Ele é refúgio, abrigo seguro em meio às tribulações. Lembre-se que
“o nosso socorro está em o nome do Senhor, criador do céu e da terra”. Deus é Poderoso
para te guardar e livrar! E, como gratidão por tão grande salvação, dediquemos
nossa vida a servir e louvar a este Deus zeloso e amoroso.
EVANGELIZAÇÃO: FRUTO DO AMOR DE DEUS POR NÓS
Há um mundo sem Cristo, sem
salvação e que necessita ser confrontado com a mensagem do Evangelho. Avistamos
um mundo corrompido na ética, na moral, na política. Observamos uma sociedade
vazia, destituída de valores e conteúdo. Somos chamados, como cristãos, a ser
luz do mundo e sal da terra, isto é, a nos tornar um referencial em nossa
sociedade, ou conforme nos diz um servo de Deus, “um bote salva-vidas para um
mundo naufrago num mar de pecados”. É preciso, entretanto, que a igreja
desperte do sono e comprometa-se com a obra de evangelização. Como cristãos, eu
e você, somos instrumentos nas mãos de Deus a fim de levar ao mundo a
“fragrância do seu conhecimento”. Deus opera por meio de nós. Paulo afirmou que
“o amor de Cristo nos constrange” (1 Coríntios 5:14). João Calvino, o
reformador genebrino, comentando este texto afirma que “o conhecimento do
imensurável amor de Cristo, do qual Ele nos deu evidência em Sua morte, deve
constranger nossos afetos de modo que não sigam outra direção que não a de
amá-lo em retribuição... Todo aquele que deveras procura ponderar nesse
maravilhoso amor torna-se, por assim dizer, ligado a Ele e constrangido pelo
mais estreito laço; e se devota inteiramente ao Seu serviço”. João, o apóstolo
do amor nos lembra: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a
Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também
amar uns aos outros ... E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o
Seu Filho como Salvador do mundo (...) Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”
(1 João 4.10-12,14 e 19). A evangelização cristã tem sua motivação na obra
redentora de Deus em favor dos homens pecadores. O desejo de conquistar
pecadores, livrando-os das trevas do pecado, deveria ser, e é, o fruto
espontâneo de alguém que nasceu de novo. Em nós o amor de Deus foi derramado,
assim devemos amar os que se perdem do mesmo modo que fomos amados. Não podemos
viver indiferentes diante da terrível realidade, de que o meu vizinho, meu
colega de trabalho ou de escola, e muitos dos nossos familiares estão perdidos,
longe de Deus e se nós nos calamos eles viverão uma eternidade sem Deus. O
segundo grande mandamento é o de amar o nosso próximo como a nós mesmos. E se
nós os amamos devemos proclamar lhes o Evangelho de Cristo, que bem maior
poderíamos dar ao nosso próximo senão a salvação?
domingo, março 17, 2019
Invocando ao Senhor por João Calvino
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque, no Monte Sião e em Jerusalém, estarão os que foram salvos, coo o Senhor prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar (Joel 2.32). Deus declara que a invocação de seu nome em uma situação de desespero, é um porto seguro de salvação. O que o profeta havia dito era sem dúvida aterrorizante: que toda ordem da natureza seria de tal forma transtornada, que não haveria centelha alguma de vida à vista e que todos os lugares estariam imersos na escuridão. O que ele diz agora, portanto, equivaleria a dizer que, se o homem invocasse o nome de Deus, seria possível encontrar vida na própria sepultura. Uma vez que nesta passagem, Deus convida o perdido e o morto, não há razão pela qual até mesmo as angústias mais profundas sejam capazes de obstruir nosso acesso, ou de nossas orações, a Deus. Se há salvação e livramento prometidos a todos os que clamam pelo nome do Senhor, segue-se, como Paulo argumenta, que a doutrina do Evangelho pertence aos gentios também. Seria uma grande presunção da nossa parte nos apresentarmos diante de Deus, a não ser que ele tivesse dado a segurança e feito a promessa de nos ouvir. Aprendemos dessa passagem que, não obstante quanto Deus possa afligir sua igreja, ela será perpetuado no mundo, pois ela não poderá mais ser destruída, tanto quanto a própria verdade de Deus que é eterna e imutável.
Oração: Concede, poderoso Deus, tu que, pela voz do teu evangelho, não apenas nos convidaste continuamente a buscar-te, mas também ofereceste teu Filho como nosso Mediador, por meio de quem o acesso a ti está aberto e te encontramos coo um Pai propício. — Ó permite que, confiados no teu bondoso convite, nos exercitemos, ao longo da vida, na oração, e, à medida que os maels nos perturbem de todos os lados, e tantas necessidades nos angustiem e oprimam, permite que sejamos levados mais fervorosamente a invocar-te e que, nesse meio tempo, nunca nos sintamos fatigados no exercício da oração; permite que, tendo sido ouvidos por ti, ao longo da via, sejamos afinal reunidos em teu reino eterno, onde gozaremos da salvação que tu nos prometeste e da qual tu testificas diariamente pelo teu evangelho; concede que sejamos para sempre unidos ao teu Filho Unigênito, do qual agora, somos membros, para participarmos de todas as bênçãos que Ele obteve para nós por meio de sua morte. Amém.
João Calvino (Devocionais e Orações )
Assinar:
Postagens (Atom)