A
vida do cristão assemelha-se ao mecanismo do relógio. Quando abrimos um relógio
o que vemos são engrenagens que giram em sentido anti-horário atreladas a
outras que trabalham no sentido horário. A primeira impressão que temos é: como isso parece funcionar? Tudo se mostra
muito confuso! Contudo o relojoeiro construiu o mecanismo do relógio com uma
mola mestra que controla todas as suas engrenagens, de modo que, ao se dar
corda, todas elas trabalham juntas para mover os ponteiros em torno do
mostrador precisamente na velocidade certa. Muitas engrenagens parecem
trabalhar umas contra as outras, mas todas trabalham juntas com o mesmo
propósito de mostrar o tempo exato. É
deste modo que Deus trabalha em nossas vidas. Paulo, inspirado por Deus, nos
diz que “todas as coisas” - o que inclui as coisas boas e as coisas
ruins que nos acontecem - “cooperam para o bem”. Ninguém naturalmente
gosta da aflição. Muitas vezes as aflições nos são uma carga pesada e difícil
de suportar. No entanto, devemos entender
e perceber que a Soberania de Deus desempenha um papel fundamental em
todos os aocontecimentos da nossa vida - do mais agradável ao mais traumático e
difícil de entender. Por mais maduros que sejamos, relutamos em aceitar ou
mesmo perceber os propósitos de Deus em nossa vida. Porém, Deus usa todos os
recursos necessários para cumprir o Seu propósito em nossas vidas. Ele nos
chamou para sermos conforme a imagem de Seu Filho, Jesus. Ele trabalha em nós
com este propósito: Levar-nos a “perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo”. Sendo assim, Deus usa até mesmos os nossos revesses e
aflições para atingir Seu objetivo. Portanto, nesta noite quero alistar nove
maneiras pelas quais Deus usa as nossas aflições para cooperar para o nosso
bem.
1.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM HUMILDADE. A aflição não só faz o crente se humilhar
diante de Deus, mas o conserva humilde. Beeke afirma que “a aflição faz secar o reservatório do
combustível que alimenta o seu orgulho” . É por meio das aflições que
Deus nos ensina a mesma verdade que Ele ensinou ao povo de Israel em
Deuteronômio 8: “que te concuziu por aquele grande e terrível deserto de
serpentes abrasadoras, de escorpiões, e de secura, em que não havia água ...que
no desrto te sustentou com maná..., para te humilhar, e para te provar, e
afinal te fazer bem” (Dt 8.15,16).
2.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM CRESCIMENTO.
O Espírito Santo usa a aflição como um remédio para acabar com a enfermidade
mortal do pecado em nossas vidas, fazendo-nos produzir frutos saudáveis e
piedosos. A aflição é o cão do pastor, enviado não para devorar as ovelhas, mas
traz^-las de volta ao aprisco. Lembram-se da experiência de Davi? Ele afirmou: “Antes
de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo
119.67). Você sabe que em alguns países certas árvores crecem, mas não dão
frutos, por nõa haver inverno ali? O cristão precisa de invernos de aflições
para experimentar o florescer das primaveras, o crescimento do verão e a
colheita de outono.
3.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM O DESEJO DA COMUNHÃO. Deus se utiliza da aflição como um meio de fazer o
seu povo buscá-lo, para trazê-lo de volta a comunhão e mantê-lo junto ao seu
lado. Em Oséias 5.15 lemos: “estando eles angustiados, cedo me buscarão”. Deus não usou a tempestade para despertar em
Lutero o desejo de dedicar-se a vida religiosa?
As tempestades e o granizo da aflição levam as ovelhas para mais perto
do seu pastor.
4.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM A IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO. Deus usa as aflições para nos moldar à semelhança de
Cristo, fazendo-nos participantes dos seus sofrimentos e da sua imagem. Na
carta aos Hebreus lemos que “Deus,
porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua
santidade” (Hb 12.10). Beeke nos faz uma indagação: “Caro irmão,
não é nos tempos de sofrimento que normalmente você tem mais comunhão com Jesus
Cristo em seus sofrimentos - numa vida inteira que, como diz Calvino, não foi
outra coisa senão uma série de sofrimentos? Pode então você reclamar da leve
cruz que você tem de suportar sendo um pecador culpado, quando você vê a pesada
cruz que Cristo teve de suportar sendo inocente?”
5.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM ALEGRIA. As aflições espirituais cooperam para o nosso
bem porque o Senhor as contrabalança com consolo e alegria espirituais. Onde quer
que existam os sofrimentos de Deus, haverá consolação de Deus. Em 2 Co 1.4,5: “É
Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que
estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos
contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se
manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação
transborda por meio de Cristo”. A alegria vem pela manhã. Deus
transforma a água em vinho.
6.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM FÉ. A aflição também coopera para o bem fazendo
os filhos de Deus andarem por fé e não por vista. Se fosse permitido ao cristão
sempre desfrutar dos prazers e alegrias deste mundo, eles passariam a amar esta
e a depender de suas provisões espirituais a invés de depender dAquele que tudo
provê.
7.
AS AFLIÇÕES PRODUZEM ESPERANÇA.
A aflição é proveitosa para preparar o povo de Deus para sua herança celestial.
A aflição eleva as suas almas até o céu, para buscarem “a cidade que tem
fundamentos, da qual Deus é o arquiteto edificador” (Hb 11.10). Paulo escreveu que “a nossa leve e momentanea
tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação”
(2Co 4.17).
Ainda
que o vento da aflição seja contrário a sua carne, Deus se agrada em usá-la para
nos conduzir ao céu. Portanto, “em tudo (até mesmo nas aflições) dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.