quarta-feira, outubro 28, 2020

Reflexões

 

                                Os dias passam,

                           As vidas vão e ficam.

                           Deixam marcas indeléveis

                           Em nossa história.

                           Lembranças...

                           Algumas boas e outras nem tanto.

                           Todas moldam quem somos,

                           Cicatrizes que permanecem

                           No corpo e na memória.

                           Rimos, choramos,

                           Algumas vezes brigamos.

                           Momentos verdadeiros e singulares.

                           Ah! Quantas saudades...

                           Dos dias, das vidas e dos lugares.

                           Os dias passam,

                           As vidas vão e ficam.

                                                   

sábado, outubro 24, 2020

LUTERO E A REFORMA PROTESTANTE

Observa-se que no final da Idade Média a igreja deixou de ser uma comunidade de discípulos de Cristo e tornou-se uma instituição poderosa e secular, a qual dominava a sociedade europeia em quase todos os aspectos. Diversos fatores se conjugaram para formar o ambiente no qual floresceu a reforma religiosa do século XVI: transformações nos campos político, social, econômico, intelectual e geográfico. 

O historiador Lucien Febvre descreveu o período que antecedeu a Reforma Protestante como um período de “imenso apetite pelo divino”, contudo era uma espiritualidade profundamente insatisfatória e, conforme nos diz Timothy George, “a maior realização da Reforma foi ter sido capaz de redefinir essas ansiedades sob o aspecto de novas certezas, ou melhor, velhas certezas redescobertas.”.  O monge agostiniano chamado Martinho Lutero refletiu bem o espírito de sua época, buscava inquietantemente alcançar a salvação e tentou satisfazer os anseios de sua alma com suas próprias realizações. Portanto, a Reforma do século XVI foi um movimento eminentemente religioso.


Contudo, em novembro de 1515, quando começou a expor a Epístola de Paulo aos Romanos em suas aulas na Universidade de Wittenberg, compreendeu a doutrina paulina da justificação pela fé somente.  Lutero declarou: “Ansiava muito por compreender a Epístola de Paulo aos Romanos, e nada me impedia o caminho, senão a expressão ‘a justiça de Deus’, porque a entendia como se referindo àquela justiça pela qual Deus é justo e age com justiça quando pune os injustos... Noite e dia eu refletia até que... captei a verdade de que a justiça de Deus é aquela justiça pela qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos justifica pela fé. Daí em diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de Deus’ me enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior amor. Esta passagem veio a ser para mim uma porta para o céu”. Ele aprendeu que a justiça de Deus não é uma exigência cujo cumprimento deve ser conquistado, mas um dom a ser recebido pela fé. A experiência de conversão de Lutero virou a piedade medieval de ponta cabeça.

Uma vez compreendida a doutrina da justificação, Lutero indignou-se com a venda das indulgências. As indulgências eram diplomas que garantiam o pleno perdão de pecados, ou a redução da punição. Em resposta Lutero afixou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, com o título: Debate para o Esclarecimento do Valor das Indulgências.

O Rev. Dr. D. Martin Lloyd-Jones afirmou: “Para épocas especiais são necessários homens especiais; e Deus sempre produz tais homens”. São poucos os homens que têm sido um instrumento na mudança do curso da história. Martinho Lutero foi um deles.  

quinta-feira, outubro 08, 2020

TODAS AS COISAS COOPERAM PARA O NOSSO BEM - Romanos 8.28


A vida do cristão assemelha-se ao mecanismo do relógio. Quando abrimos um relógio o que vemos são engrenagens que giram em sentido anti-horário atreladas a outras que trabalham no sentido horário. A primeira impressão que temos é:  como isso parece funcionar? Tudo se mostra muito confuso! Contudo o relojoeiro construiu o mecanismo do relógio com uma mola mestra que controla todas as suas engrenagens, de modo que, ao se dar corda, todas elas trabalham juntas para mover os ponteiros em torno do mostrador precisamente na velocidade certa. Muitas engrenagens parecem trabalhar umas contra as outras, mas todas trabalham juntas com o mesmo propósito de mostrar o tempo exato.  É deste modo que Deus trabalha em nossas vidas. Paulo, inspirado por Deus, nos diz que “todas as coisas” - o que inclui as coisas boas e as coisas ruins que nos acontecem - “cooperam para o bem”. Ninguém naturalmente gosta da aflição. Muitas vezes as aflições nos são uma carga pesada e difícil de suportar. No entanto, devemos entender  e perceber que a Soberania de Deus desempenha um papel fundamental em todos os aocontecimentos da nossa vida - do mais agradável ao mais traumático e difícil de entender. Por mais maduros que sejamos, relutamos em aceitar ou mesmo perceber os propósitos de Deus em nossa vida. Porém, Deus usa todos os recursos necessários para cumprir o Seu propósito em nossas vidas. Ele nos chamou para sermos conforme a imagem de Seu Filho, Jesus. Ele trabalha em nós com este propósito: Levar-nos a “perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Sendo assim, Deus usa até mesmos os nossos revesses e aflições para atingir Seu objetivo. Portanto, nesta noite quero alistar nove maneiras pelas quais Deus usa as nossas aflições para cooperar para o nosso bem.

 1. AS AFLIÇÕES PRODUZEM HUMILDADE.  A aflição não só faz o crente se humilhar diante de Deus, mas o conserva humilde. Beeke afirma que  “a aflição faz secar o reservatório do combustível que alimenta o seu orgulho” . É por meio das aflições que Deus nos ensina a mesma verdade que Ele ensinou ao povo de Israel em Deuteronômio 8: “que te concuziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões, e de secura, em que não havia água ...que no desrto te sustentou com maná..., para te humilhar, e para te provar, e afinal te fazer bem” (Dt 8.15,16).

2. AS AFLIÇÕES PRODUZEM CRESCIMENTO. O Espírito Santo usa a aflição como um remédio para acabar com a enfermidade mortal do pecado em nossas vidas, fazendo-nos produzir frutos saudáveis e piedosos. A aflição é o cão do pastor, enviado não para devorar as ovelhas, mas traz^-las de volta ao aprisco. Lembram-se da experiência de Davi? Ele afirmou: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119.67). Você sabe que em alguns países certas árvores crecem, mas não dão frutos, por nõa haver inverno ali? O cristão precisa de invernos de aflições para experimentar o florescer das primaveras, o crescimento do verão e a colheita de outono.

3. AS AFLIÇÕES PRODUZEM O DESEJO DA COMUNHÃO. Deus se utiliza da aflição como um meio de fazer o seu povo buscá-lo, para trazê-lo de volta a comunhão e mantê-lo junto ao seu lado. Em Oséias 5.15 lemos: “estando eles angustiados, cedo me buscarão”.  Deus não usou a tempestade para despertar em Lutero o desejo de dedicar-se a vida religiosa?  As tempestades e o granizo da aflição levam as ovelhas para mais perto do seu pastor.

4. AS AFLIÇÕES PRODUZEM A IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO. Deus usa as aflições para nos moldar à semelhança de Cristo, fazendo-nos participantes dos seus sofrimentos e da sua imagem. Na carta aos Hebreus lemos  que “Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb 12.10). Beeke nos faz uma indagação: “Caro irmão, não é nos tempos de sofrimento que normalmente você tem mais comunhão com Jesus Cristo em seus sofrimentos - numa vida inteira que, como diz Calvino, não foi outra coisa senão uma série de sofrimentos? Pode então você reclamar da leve cruz que você tem de suportar sendo um pecador culpado, quando você vê a pesada cruz que Cristo teve de suportar sendo inocente?”

5. AS AFLIÇÕES PRODUZEM ALEGRIA.  As aflições espirituais cooperam para o nosso bem porque o Senhor as contrabalança com consolo e alegria espirituais. Onde quer que existam os sofrimentos de Deus, haverá consolação de Deus. Em 2 Co 1.4,5: “É Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo”. A alegria vem pela manhã. Deus transforma a água em vinho.

6. AS AFLIÇÕES PRODUZEM FÉ.  A aflição também coopera para o bem fazendo os filhos de Deus andarem por fé e não por vista. Se fosse permitido ao cristão sempre desfrutar dos prazers e alegrias deste mundo, eles passariam a amar esta e a depender de suas provisões espirituais a invés de depender dAquele que tudo provê. 

7. AS AFLIÇÕES PRODUZEM ESPERANÇA. A aflição é proveitosa para preparar o povo de Deus para sua herança celestial. A aflição eleva as suas almas até o céu, para buscarem “a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto edificador” (Hb 11.10).  Paulo escreveu que “a nossa leve e momentanea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.17).

Ainda que o vento da aflição seja contrário a sua carne, Deus se agrada em usá-la para nos conduzir ao céu. Portanto, “em tudo (até mesmo nas aflições) dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.

segunda-feira, outubro 05, 2020

O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA (João 1.6-13)


O apóstolo João, depois de começar o seu evangelho com uma afirmação sobre a natureza divina do Senhor Jesus Cristo, passa a falar do antecessor de Cristo, João Batista. Devemos notar o contraste entre a linguagem que o apóstolo usou, ao falar do Salvador e do seu

antecessor. Sobre Jesus ele diz que é o Deus eterno, o Criador de todas as coisas, a fonte de luz e vida. Sobre João Batista ele diz simplesmente:
“Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João”
Primeiro, observe que João Batista veio para dar testemunho da verdade de Deus: “Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele”. Ele não é um sacerdote e nem um mediador entre Deus e o homem. O seu ministério consistiu em dar testemunho da verdade de Deus, especialmente da verdade de que Cristo é o único Salvador e a Luz do mundo. Podemos dizer, então, que todo pastor será fiel ao seu ofício, quando der um testemunho completo acerca de Cristo. E, se realmente testifica de Cristo, estará fazendo sua parte e receberá seu galardão, mesmo que seus ouvintes descreiam de seu testemunho.  A grande finalidade do testemunho de um pastor é que, através dele, os homens venham a crer (Jo 1.7). 
Segundo, vemos nesses versículos que Jesus é “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem”.  Assim como o sol, Jesus brilha para o benefício de toda a humanidade — o rico e o pobre, o de alta e o de baixa posição, para o judeu e para o grego. Assim como o sol, Jesus está ao acesso de todos. Todos podem olhar para Ele e sorver da saúde que procede de sua luz. Quer o homem veja, quer não, Cristo é o verdadeiro sol e a luz do mundo. Não há outra luz para os pecadores, a não ser o Senhor Jesus Cristo.
Terceiro, vemos também nesses versículos a grande impiedade do coração natural do homem: “o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam”. Cristo veio visivelmente ao mundo quando nasceu em Belém, mas foi tratado com indiferença. Veio para o povo que Ele mesmo havia tirado do Egito e comprado para si. Veio para os judeus, a quem havia separado dentre as nações e revelado a si mesmo, através dos profetas. Veio para aqueles judeus que liam a seu respeito no Antigo Testamento, viam-No através de símbolos e figuras nos cultos realizados no templo e professavam estar aguardando sua vinda. Todavia, quando Ele veio, estes mesmos judeus não O receberam. Na verdade, eles O rejeitaram, desprezaram e O mataram. Com razão o coração natural é chamado de “desesperadamente corrupto” (Jr 17.9).
Por último, vemos nesses versículos os muitos privilégios de todos os que recebem a Cristo e nEle crêem: “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome”.  Se a grande maioria dos judeus não o recebeu como o Messias, houve pelo menos alguns que não O rejeitaram. A estes Ele deu o privilégio de serem filhos de Deus e os adotou como membros da família do Pai. Reconheceu-os como seus irmãos e irmãs. Tais privilégios, devemos lembrar, são possessões de todos os que, em todos os tempos, pela fé recebem a Cristo como Salvador e O seguem. Estes são “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (GI 3,26). São nascidos de novo, mediante um novo e celestial nascimento, e adotados na família do Rei dos reis. E nós, somos filhos de Deus? Já nascemos de novo? Temos as marcas que acompanham o novo nascimento — senso do pecado, fé em Cristo, amor ao próximo, vida de retidão e separação do mundo? Enquanto não dermos respostas satisfatórias a estas perguntas, não estejamos contentes.  Desejamos realmente ser filhos de Deus? Então, recebamos a Cristo como nosso Salvador e creiamos nEle de coração. À todo aquele que O recebe desta forma Ele dá o privilégio de se tornar filho de Deus.

Texto adaptado do livro As Meditações no Evangelho de João de J. C. Ryle