O apóstolo
João, depois de começar o seu evangelho com uma afirmação sobre a natureza
divina do Senhor Jesus Cristo, passa a falar do antecessor de Cristo, João
Batista. Devemos notar o contraste entre a linguagem que o apóstolo usou, ao
falar do Salvador e do seu
antecessor. Sobre Jesus ele diz que é o Deus eterno, o Criador de todas as coisas, a fonte de luz e vida. Sobre João Batista ele diz simplesmente: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João”.
antecessor. Sobre Jesus ele diz que é o Deus eterno, o Criador de todas as coisas, a fonte de luz e vida. Sobre João Batista ele diz simplesmente: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João”.
Primeiro, observe que João Batista veio para dar
testemunho da verdade de Deus: “Este veio como testemunha para que
testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio
dele”. Ele não é um sacerdote e nem um mediador entre Deus e o homem. O seu
ministério consistiu em dar testemunho da verdade de Deus, especialmente da
verdade de que Cristo é o único Salvador e a Luz do mundo. Podemos dizer,
então, que todo pastor será fiel ao seu ofício, quando der um testemunho
completo acerca de Cristo. E, se realmente testifica de Cristo, estará fazendo
sua parte e receberá seu galardão, mesmo que seus ouvintes descreiam de seu
testemunho. A grande finalidade do
testemunho de um pastor é que, através dele, os homens venham a crer (Jo 1.7).
Segundo, vemos nesses versículos que Jesus é “a
verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem”. Assim como o sol, Jesus brilha para o
benefício de toda a humanidade — o rico e o pobre, o de alta e o de baixa
posição, para o judeu e para o grego. Assim como o sol, Jesus está ao acesso de
todos. Todos podem olhar para Ele e sorver da saúde que procede de sua luz.
Quer o homem veja, quer não, Cristo é o verdadeiro sol e a luz do mundo. Não há
outra luz para os pecadores, a não ser o Senhor Jesus Cristo.
Terceiro, vemos também nesses versículos a grande
impiedade do coração natural do homem: “o mundo foi feito por intermédio
dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam”. Cristo veio visivelmente ao mundo quando nasceu em Belém, mas
foi tratado com indiferença. Veio para o povo que Ele mesmo havia tirado do
Egito e comprado para si. Veio para os judeus, a quem havia separado dentre as
nações e revelado a si mesmo, através dos profetas. Veio para aqueles judeus
que liam a seu respeito no Antigo Testamento, viam-No através de símbolos e
figuras nos cultos realizados no templo e professavam estar aguardando sua
vinda. Todavia, quando Ele veio, estes mesmos judeus não O receberam. Na
verdade, eles O rejeitaram, desprezaram e O mataram. Com razão o coração
natural é chamado de “desesperadamente corrupto” (Jr 17.9).
Por último, vemos nesses versículos os
muitos privilégios de todos os que recebem a Cristo e nEle crêem: “a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a
saber, aos que crêem no seu nome”.
Se a grande maioria dos judeus não o recebeu como o Messias, houve pelo
menos alguns que não O rejeitaram. A estes Ele deu o privilégio de serem filhos
de Deus e os adotou como membros da família do Pai. Reconheceu-os como seus
irmãos e irmãs. Tais privilégios, devemos lembrar, são possessões de todos os
que, em todos os tempos, pela fé recebem a Cristo como Salvador e O seguem.
Estes são “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (GI 3,26). São
nascidos de novo, mediante um novo e celestial nascimento, e adotados na
família do Rei dos reis. E nós, somos filhos de Deus? Já nascemos de novo?
Temos as marcas que acompanham o novo nascimento — senso do pecado, fé em
Cristo, amor ao próximo, vida de retidão e separação do mundo? Enquanto não dermos
respostas satisfatórias a estas perguntas, não estejamos contentes. Desejamos realmente ser filhos de Deus?
Então, recebamos a Cristo como nosso Salvador e creiamos nEle de coração. À
todo aquele que O recebe desta forma Ele dá o privilégio de se tornar filho de
Deus.
Texto adaptado do livro As Meditações no
Evangelho de João de J. C. Ryle
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