segunda-feira, outubro 05, 2020

O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA (João 1.6-13)


O apóstolo João, depois de começar o seu evangelho com uma afirmação sobre a natureza divina do Senhor Jesus Cristo, passa a falar do antecessor de Cristo, João Batista. Devemos notar o contraste entre a linguagem que o apóstolo usou, ao falar do Salvador e do seu

antecessor. Sobre Jesus ele diz que é o Deus eterno, o Criador de todas as coisas, a fonte de luz e vida. Sobre João Batista ele diz simplesmente:
“Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João”
Primeiro, observe que João Batista veio para dar testemunho da verdade de Deus: “Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele”. Ele não é um sacerdote e nem um mediador entre Deus e o homem. O seu ministério consistiu em dar testemunho da verdade de Deus, especialmente da verdade de que Cristo é o único Salvador e a Luz do mundo. Podemos dizer, então, que todo pastor será fiel ao seu ofício, quando der um testemunho completo acerca de Cristo. E, se realmente testifica de Cristo, estará fazendo sua parte e receberá seu galardão, mesmo que seus ouvintes descreiam de seu testemunho.  A grande finalidade do testemunho de um pastor é que, através dele, os homens venham a crer (Jo 1.7). 
Segundo, vemos nesses versículos que Jesus é “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem”.  Assim como o sol, Jesus brilha para o benefício de toda a humanidade — o rico e o pobre, o de alta e o de baixa posição, para o judeu e para o grego. Assim como o sol, Jesus está ao acesso de todos. Todos podem olhar para Ele e sorver da saúde que procede de sua luz. Quer o homem veja, quer não, Cristo é o verdadeiro sol e a luz do mundo. Não há outra luz para os pecadores, a não ser o Senhor Jesus Cristo.
Terceiro, vemos também nesses versículos a grande impiedade do coração natural do homem: “o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam”. Cristo veio visivelmente ao mundo quando nasceu em Belém, mas foi tratado com indiferença. Veio para o povo que Ele mesmo havia tirado do Egito e comprado para si. Veio para os judeus, a quem havia separado dentre as nações e revelado a si mesmo, através dos profetas. Veio para aqueles judeus que liam a seu respeito no Antigo Testamento, viam-No através de símbolos e figuras nos cultos realizados no templo e professavam estar aguardando sua vinda. Todavia, quando Ele veio, estes mesmos judeus não O receberam. Na verdade, eles O rejeitaram, desprezaram e O mataram. Com razão o coração natural é chamado de “desesperadamente corrupto” (Jr 17.9).
Por último, vemos nesses versículos os muitos privilégios de todos os que recebem a Cristo e nEle crêem: “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome”.  Se a grande maioria dos judeus não o recebeu como o Messias, houve pelo menos alguns que não O rejeitaram. A estes Ele deu o privilégio de serem filhos de Deus e os adotou como membros da família do Pai. Reconheceu-os como seus irmãos e irmãs. Tais privilégios, devemos lembrar, são possessões de todos os que, em todos os tempos, pela fé recebem a Cristo como Salvador e O seguem. Estes são “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (GI 3,26). São nascidos de novo, mediante um novo e celestial nascimento, e adotados na família do Rei dos reis. E nós, somos filhos de Deus? Já nascemos de novo? Temos as marcas que acompanham o novo nascimento — senso do pecado, fé em Cristo, amor ao próximo, vida de retidão e separação do mundo? Enquanto não dermos respostas satisfatórias a estas perguntas, não estejamos contentes.  Desejamos realmente ser filhos de Deus? Então, recebamos a Cristo como nosso Salvador e creiamos nEle de coração. À todo aquele que O recebe desta forma Ele dá o privilégio de se tornar filho de Deus.

Texto adaptado do livro As Meditações no Evangelho de João de J. C. Ryle

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