segunda-feira, março 08, 2010

A IGREJA E A EVANGELIZAÇÃO - JOHN STOTT



A evangelização pode assumir diferentes formas. Desde que Jesus ofereceu a água da vida à mulher samaritana no poço de Jacó, e desde que Filipe assentou-se ao lado do etíope em sua carruagem para anunciar-lhe as boas novas de Jesus, o evangelismo pessoal tem tido impecáveis prece­dentes bíblicos. Ainda é nosso dever, sempre que surge uma oportunidade e em espírito de humildade, compartilhar Cristo com aqueles parentes, amigos, vizinhos e colegas que ainda não o conhecem. Não obstante, pode-se dizer que a evangelização através da igreja local é o método mais normal, natural e produtivo de se divulgar o evangelho hoje. Há duas razões principais para recomendá-lo. A primeira delas encontra-se na Escritura. Segundo o apóstolo Pedro, a igreja é, ao mesmo tempo, "um sacerdócio real", destinado a oferecer sacrifícios a Deus (ou seja, a adoração), e "uma nação santa", que divulga os louvores de Deus (ou seja, o testemunho). Além disso, estas res­ponsabilidades da igreja universal se desenvolvem em cada igreja local. Toda congregação cristã é chamada por Deus para ser uma comunidade que adora e testifica. Com efeito, cada um desses dois deveres envolve necessariamente o outro. Se nós adoramos verdadeiramente a Deus, reconhe­cendo e adorando o seu infinito valor, somos igualmente impelidos a torná-lo conhecido de outros, a fim de que eles também possam adorá-lo. Assim, a adoração conduz ao testemunho, e o testemunho, por sua vez, produz adoração, em um círculo vicioso. Os tessalonicenses deram um belo exemplo de evange­lização através da igreja local. Bem no comecinho de sua primeira carta para eles Paulo aponta para esta notável sequência: "... o nosso evangelho ... chegou até vós ... Tendo recebido a palavra ... de vós repercutiu a palavra do Se­nhor". É como se a igreja local fosse um eco que reflete e amplifica as vibrações que recebe, ou como um satélite de comunicação, que primeiro recebe e depois transmite uma mensagem. Toda igreja que já ouviu o evangelho deve passá-lo adiante. Este continua sendo o principal método evangelístico de Deus. Se todas as igrejas tivessem sido fiéis, o mundo já teria sido evangelizado há muito tempo. O segundo argumento parte da estratégia. Cada igreja local está situada em um contexto específico. Sua primeira responsabilidade missionária, portanto, deve ser para com as pessoas que vivem ali. A congregação é situada estra­tegicamente a fim de atingir aquele bairro.  Assim, teologia bíblica e estratégia prática combinam-se para fazer da igreja local o agente primordial da evangelização.

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