O versículo chave para compreender o significado do encontro de Jesus e Levi, descrito em Mateus 9.9-13, é o versículo 13. Jesus resume a mensagem do cristianismo e descreve o propósito do seu ministério ao declarar: “Não vim chamar justos, e, sim, pecadores”. Jesus se encarnou com o objetivo de chamar pecadores – pessoas que sabem que têm uma doença fatal e que nada merecem, mas que desejam profundamente ser perdoadas. Ao relatar este mesmo episódio em seu evangelho, Lucas acrescenta duas palavras: “Não vim chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento”. A mensagem do evangelho de Jesus é, antes de tudo, uma ordem ao arrependimento. Desde o início do ministério de Jesus sua mensagem consistiu em chamar pecadores ao arrependimento. Sua primeira pregação foi: “Arrependei-vos” (Mateus 4.17). O pastor ou pregador que negligenciar a chamada dos pecadores ao arrependimento não estará pregando o evangelho segundo Jesus. Mas, o que é arrependimento? Primeiro é preciso dizer o que ele não é. Arrependimento não é remorso, isto é, sentir-se envergonhado e triste pelo pecado, embora isto esteja presente no verdadeiro arrependimento. O arrependimento não é uma obra humana e, sim, um dom de Deus. Em Atos dos Apóstolos lemos: “Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida” (Atos 11.18). Se é Deus quem concede o arrependimento, não pode ser uma obra humana. O Rev. John MacArthur define muito bem o arrependimento, ele nos diz que “o arrependimento é um chamado a repudiar a velha vida e voltar para Deus para ser salvo”. Quando analisamos o encontro de Jesus e Mateus podemos compreender o arrependimento. Primeiro, o arrependimento consiste em voltar-se para Deus. Jesus encontrou Mateus na coletoria e disse-lhe: Segue-me. Somos informados que Mateus deixou tudo e O seguiu. Mateus abandonou tudo para seguir a Jesus. Ele pagou um preço bem alto. Como cobrador de impostos, servindo ao império romano, ao abandonar seu posto seria imediatamente substituído e não teria volta. É uma decisão de se submeter ao senhorio de Cristo, é colocar-se sob a direção de Deus. Assim, o verdadeiro arrependimento resulta numa mudança de comportamento. A mudança em si não é arrependimento, mas seu fruto inevitável e “onde não há mudança de conduta, não se pode confiar que haja ocorrido arrependimento”. Em segundo lugar, arrependimento consiste em abandonar o erro. Mateus era publicano, ou seja, cobrador de imposto. Alguém que havia traído o seu próprio povo e servia a Roma e vivia da extorsão dos seus próprios patrícios. O fato de ir após Jesus revela que ele era alguém que estava sob convicção de pecado e ansiava por libertar-se desta vida. Jamais teria seguido a Jesus por capricho, pois o preço era muito alto. Em terceiro lugar, arrependimento consiste em servir a Deus. Mateus decidiu oferecer um banquete e apresentar Jesus aos seus amigos. Jesus repreendeu aos religiosos da época afirmando que os são não precisam de médico e, sim, os doentes. A transformação de Mateus o levou a agir como Jesus, buscando pecadores ao arrependimento a fim de que encontrassem a cura. No arrependimento verdadeiro há não só a disposição de voltar- se para Deus, abandonando o pecado como também a disposição em se fazer à vontade de Deus. Se faltar qualquer um destes elementos não há arrependimento genuíno. Em Tessalonicenses 1.9 vemos estes mesmos elementos na conversão daqueles irmãos. Paulo descreve o arrependimento dos tessalonicenses assim: “Deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”. O Evangelho de Jesus é um chamado ao arrependimento, a uma mudança radical e transformadora em nossas vidas. Ele continua nos dizendo: Arrependei-vos!
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