A parábola dos talentos (Mt
25.14-30) põe em relevo o desperdício de capacidade não investida. Os primeiros
escravos receberam seus cinco e dois talentos, respectivamente, e logo os
aplicaram. Seus ganhos foram estupendos, já que um talento pesa 30 kg ou 6,000
denários, cada um dos quais valia o salário de um dia de trabalho (cf. Mt
20.10). Tanto dinheiro nas mãos de um escravo (doulos) prova até que ponto o
senhor confiava em seus servos. Eles foram galardoados com a doação dos
talentos que ganharam, acrescentados aos talentos do senhor. Ficaram
riquíssimos.
O terceiro escravo escondeu
seu talento em um buraco, no chão. Quando o senhor voltou, o diálogo com o
terceiro escravo mostrou seu desprezo pelo senhor e sua própria raiva,
provocada pelo desperdício. A desculpa foi rejeitada. “Servo mau e negligente!
Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você
devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse,
o recebesse de volta com juros” (Mt 25.26,27, NVI).
A condenação do servo foi
por causa do desperdício. Como escravo, ele não tinha direitos sobre sua
própria vida e menos ainda sobre os quilos de prata ou ouro que seu senhor
colocara em suas mãos. Ele não tinha nenhum direito de desobedecer à ordem do
seu mestre e desperdiçar o valor dos juros que o investimento com os banqueiros
poderia ter rendido.
O que Jesus desejava ensinar
com isto é que não desenvolver alguma
capacidade para o reino é desperdício e desobediência. Nada que temos em
nossas mãos realmente nos pertence, uma vez reconhecendo que fomos comprados
por preço alto (1Co 6.19). Se nossas vidas não são nossas, a liberdade de
escolha que aparentemente temos, é condicional. Se recusarmos utilizar e
investir as capacidades que temos, somos servos maus e negligentes. O castigo
na parábola foi tirar o talento do terceiro servo e entregá-lo ao primeiro.
“Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não
tem, até o que tem lhe será tirado” (v. 29, NVI). A única maneira de segurar o que temos é utilizar, investir,
desenvolver e não desperdiçar. O Mestre não convida preguiçosos para o
seguirem, a não ser para transformá-los e utilizar os talentos que ele mesmo
lhes deu. Em conclusão, devemos notar duas observações a respeito destas
duas parábolas de Mateus 25: “As virgens néscias falharam por pensarem que sua
responsabilidade era fácil demais, enquanto o servo mau falhou por pensar que
sua tarefa era difícil demais”.
Rev. Russel Shedd
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