A
Palavra de Deus é clara ao declarar que cristão é aquele que, por meio do lavar
regenerador do Espírito Santo, tornou-se uma nova criação. Através deste novo
nascimento passamos a ser cidadãos do reino de Deus, onde os valores deste
reino devem reger nossa conduta e ética na sociedade em que estamos inseridos.
Jesus, no Sermão do Monte, declarou aos seus discípulos: Vós sois sal da
terra. A comparação do cristão ao sal
destaca uma verdade imprescindível. Do
mesmo modo que o sal é essencialmente diferente do material ao qual é aplicado,
o cristão é essencialmente diferente do não cristão. O valor do sal consiste
justamente nesta diferença. Jamais
devemos esquecer que o pecado afetou toda a ordem criada e não há cultura que
não tenha sido maculada pelo pecado. Desta forma, através da ética do reino dos
céus, o cristão deve oferecer uma contracultura cristã. Nesse sentido, o papel do cristão na
sociedade consiste em impedir que a
corrupção da sociedade se alastre, levando cativo todo pensamento a Cristo. Há
dois aspectos envolvidos neste processo. O primeiro é negativo, o qual implica
em impedir a proliferação do pecado na sociedade. A presença do cristão deve
inibir a manifestação do pecado. Somos também chamados de "luz do
mundo" e a luz inibe as trevas, revelando suas obras infrutíferas. O segundo é positivo, por meio da proclamação
da palavra de Cristo, ganhar novos cidadãos para o Reino de Deus. Dois extremos nos são necessários evitar: a
alienação e o secularismo. A alienação se manifestou de forma intensa na Era
das Trevas, no período da Idade Média, com o surgimento dos monastérios. A
ideia é de que só é possível viver de forma autentica o cristianismo se nos
isolarmos da cultura. Esse não é o ensino bíblico. Nossa ética fundamenta-se na
Verdade de Deus, revelada em Sua Palavra. Bastaria-nos o ensino na oração
sacerdotal de Jesus, O qual disse: Não peço que os tire do mundo, mas que os
livre do mal. Por outro lado, o
secularismo consiste em adequar o Reino de Deus nos valores e conceitos deste
mundo; e ganha forte expressão em nossos dias com a chamada Teologia da
Prosperidade. Paulo, o apóstolo, lembra-nos que não devemos nos amoldar aos valores deste século, antes,
transformar-nos por meio renovação a nossa mente (Romanos 12,1,2). No Breve
Catecismo aprendemos que o fim principal do homem é glorificar a Deus. Nós
existimos para a glória de Deus. Um dos instrumentos mais efetivo no
cumprimento deste papel na sociedade é a evangelização e o discipulado.
Evangelizar consiste em proclamar as boas novas de salvação, a fim de que o
pecador tenha uma nova vida em Cristo. A fé vem pela proclamação da Palavra de
Cristo. Discipulado consiste em instruir o novo convertido nos valores do Reino
de Deus, a fim de que ele tenha a mente de Cristo e
busque as coisas que são lá do alto. Evangelização e discipulado caminham
juntos neste processo de salvação, que redime não só o homem mas também a
cultura ao inserir cidadãos cujos valores éticos são os valores do reino de
Deus. O cristão tem dupla cidadania, somos cidadãos deste mundo e, ao mesmo
tempo, cidadãos dos céus. Não podemos viver indiferentes e nem nos acomodarmos
à cultura em que estamos inseridos, pelo contrário, contribuímos com nossa
sociedade apresentando uma nova ética e nova cultura norteada pela vontade de Deus, revelada em Sua
Palavra. Paulo, o apóstolo, nos lembra que no Senhor nosso trabalho não é vão.
Jesus declara que devemos ter bom ânimo ainda que enfrentemos aflições neste
mundo, pois Ele O venceu. Deus está nos usando na construção de uma nova
sociedade, livre do poder e da influência do pecado. Como cristãos devemos
brilhar intensamente neste mundo, refletindo uma ética e cultura fundamentada
nos valores divinos, a fim de que os homens glorifiquem a Deus.
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