sexta-feira, outubro 24, 2014

A ALEGRIA DA NOSSA SALVAÇÃO - Lucas 15.1-7

As parábolas contadas por Jesus em Lucas 15 têm o mesmo pano de fundo histórico. Jesus era criticado pelos fariseus e pelos escribas por receber e comer com publicanos e pecadores e em resposta a estas críticas Jesus contou-lhes estas parábolas. Warren Wiersbe afirma que “Jesus usou essas parábolas para refutar as acusações de escribas e fariseus escandalizados com seu comportamento. Já era problemático Jesus receber de braços abertos esses marginalizados e ensiná-los, mas chegava ao cúmulo de comer com eles! Os líderes religiosos judeus não haviam entendido que o "Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido" (Lc 19:10). Mais do que isso, não conseguiam enxergar que eles próprios estavam entre os perdidos”. Devemos lembrar que no contexto do Oriente Médio há um profundo significado cultural da comunhão à mesa. J. Jeremias nos lembra que “convidar um homem para uma refeição é uma honra. É uma oferta de paz, confiança, fraternidade e perdão, em suma, compartilhar de uma mesa significa compartilhar da vida... Desta forma, as refeições de Jesus com os publicanos e pecadores... são expressões da missão e da mensagem de Jesus”. Nos evangelhos aprendemos que “os sãos não precisam de médico, e sim os doentes”; Jesus veio chamar pecadores e não os justos (Marcos 2.17). Uma das verdades bíblicas mais confortadoras é a Doutrina da Graça. Ela nos ensina que nenhum homem tem o poder de buscar a Deus; Deus tem que buscá-lo primeiro. Foi o próprio Jesus que disse: “Ninguém pode vir a Mim se o Pai que Me enviou não o trouxer” (João 6.44). O homem encontra-se morto em seus delitos e pecados, incapaz de crer na Palavra de Deus. Mas o Espírito Santo o vivifica, regenera, fazendo-o contemplar a graça que provém de Deus, através dos méritos de Cristo, pela justiça que Ele proveu na cruz. E assim o homem pecador pode ser declarado filho de Deus. Sem dúvida nenhuma esta é uma verdade que nos enche de alegria, onde o nosso coração arde de gratidão por esta dádiva divina. A parábola da ovelha perdida é usada por Jesus para nos ensinar esta verdade. Ela fala—nos do criador de ovinos que perdeu uma de suas ovelhas para ilustrar a graça de Deus que é dispensada ao homem pecador e que se afastou de Deus. É interessante Jesus comparar o homem a uma ovelha. Há duas possibilidades de uma ovelha se perder do rebanho. A primeira é que, devido a sua curta visão, ao afastar-se do rebanho, torna-se difícil o agregar novamente. A outra razão é por não se contentar com a pastagem onde o rebanho se encontra e sai a procura de outros pastos. Jesus quer salientar o quão fácil é ao homem afastar-se de Deus! Por qualquer descuido ou distração nos afastamos de Deus. Naturalmente temos a tendência de nos distanciar de Deus. Mas o Evangelho de Jesus é o Evangelho da graça! Nesta história vemos a graça de Deus, de forma clara e objetiva, manifestando o amor de Deus na busca do homem pecador. Jesus nos ensina nesta parábola sobre A ALEGRIA DA NOSSA SALVAÇÃO. Devemos nos alegrar porque a nossa salvação é fruto do amor gracioso de Deus, é evidenciada pelo arrependimento e, por último, tem como resultado a comunhão com Deus e seu povo.
1) A ALEGRIA DA NOSSA SALVAÇÃO É FRUTO DO AMOR GRACIOSO DEUS -   De uma maneira muito clara e objetiva Jesus destaca que o amor gracioso de Deus por homens pecadores. Sua parábola começa dizendo: “Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?”.  O amor de Deus não é um sentimento estático e nem mesmo um sentimento abstrato. Jesus mesmo declarou: “O meu mandamento é este: que vos amei uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15.13). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O amor de Deus é dinâmico, porque Deus é quem procura e providencia a salvação para o homem perdido. Certo pastor acertadamente afirma que “o amor de Deus não é estático, mas dinâmico, no sentido de que Deus é quem procura e providencia a salvação para o homem perdido, considerando-o justificado mediante os méritos graciosos e suficientes de Jesus Cristo”.
2) A ALEGRIA DA NOSSA SALVAÇÃO É EVIDENCIADA PELO ARREPENDIMENTO. Na parábola da ovelha perdida observamos que a ovelha nada fez para ser achada, a não ser o fato de se perder. Simon Kistemaker  lembra-nos que “as ovelhas são animais gregários; vivem juntas em grupo. Quando uma ovelha se separa do rebanho, fica desnorteada. Deita no chão, imóvel, esperando pelo pastor”. Na parábola o pastor encontra a ovelha. E depois, na conclusão, Jesus nos fala sobre a alegria de um pecador que se arrepende.  F.F. Bruce obsersa que “na comparação entre a alegria do pastor e a alegria no céu por um pecador que se arrepende, precisamos observar que o destaque está na alegria, e não no arrependimento, pois a ovelha, evidentemente, não experimentou um arrependimento consciente. Nem a ovelha nem a moeda podem se arrepender; isso talvez sugira que o arrependimento do pecador seja uma dádiva de Deus, resultado de ter sido achado, e não a condição para ser achado”. Com isso podemos afirmar que o arrependimento não é uma condição prévia para se alcançar o favor de Deus. Para os fariseus o arrependimento era uma maneira de entrar no reino de Deus, mas o ensino de Jesus nos mostra que o arrependimento é uma resposta ao reino que chegou. Assim o arrependimento é uma obra pela qual o homem justificado se mostra justo. Arrependimento significa “passar por uma mudança de mente e sentimentos”, “fazer uma mudança de princípios e práticas”. Essa mudança profunda e radical ocorre quando, pela graça de Deus, compreendemos o amor gracioso de Deus por nós pecadores. O fato de termos recebido uma nova vida pelo favor de Deus, leva-nos a demonstrar gratidão a esse Deus que nos ama, adequando nossas vidas ao ensino, a ética e aos valores do Reino de Deus. Nossa salvação é evidenciada pelo arrependimento, por um viver santo que honre e glorifique o Deus que nos salvou.  
3) A ALEGRIA DA NOSSA SALVAÇÃO RESULTA EM COMUNHÃO COM DEUS E SEU POVODeus não só salva o homem pecador, mas também o restaura: “Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo” (v. 5).   A ovelha precisa ser achada e depois precisa ser levada de volta ao aprisco, ao convívio das outras ovelhas. No versículo 6 lemos:  “E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida”. Aqui encontramos um convite  para participarmos da alegria com a conversão dos pecadores, uma alegria que se expressa comunitariamente. Certo pastor contemporânea declarou: “Jesus está nos ensinando aqui que a alegria, em primeira instância, deve ser expressa e compartilhada em comunidade, na igreja. Isso implica na recepção do homem pecador no seio da igreja e no cuidado que esta deve prestar a este homem... Os novos discípulos devem ser integrados na vida da igreja”.
Somos salvos e restaurados no Corpo de Cristo, a família de Deus. É na comunhão cristã que encontramos o ambiente propício para desenvolvermos a nossa salvação, crescermos em santidade, servindo a Cristo com os nossos dons.  

Warren Wiersbe declarou que “quando um pecador se entrega ao Salvador, sua alegria é quadruplicada. Apesar de a história não dizer coisa alguma a respeito de como a ovelha se sentiu, certamente o coração da pessoa encontrada enche-se de alegria. Tanto as Escrituras (At 3:8; 8:39) quanto nossa experiência pessoal comprovam a alegria da salvação”.

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