Continuando a série de mensagens em Neemias, quero recordar o que nós já falamos. No capítulo 1 vimos que Neemias foi alguém que se importou o suficiente com a situação dos que permanecerem em Jerusalém, intercedendo por eles e se dispondo a ajudá-los. No capítulo 2 Neemias revela-se como um homem de fé, que caminha crendo e confiando nas promessas de Deus, o qual com oração, paciência e planejamento se dispôs a realizar a vontade de Deus. O capítulo 3, o qual é um dos mais importantes, descreve o envolvimento do povo na obra de reconstrução. Vimos que o chamado e a visão foram de Neemias, mas ele não poderia reconstruir sem a participação do povo de Jerusalém. Nenhum líder pode liderar sem delegar responsabilidades para outras pessoas. E assim concluímos que a cooperação do povo e a liderança de Neemias foram vitais para a difícil tarefa de reconstruir os muros da cidade. Se quisermos ter bom êxito na obra de Deus, devemos aprender a trabalhar em equipe. Agora, no capítulo 4, observamos que a chegada de Neemias a Jerusalém representou uma ameaça para Sambalate, Tobias e seus companheiros (2:10), os quais desejavam que os judeus continuassem fracos e dependentes. Uma Jerusalém forte colocaria em perigo o equilíbrio do poder na região e privaria Sambalate e seus amigos de sua influência e riqueza. Warren Wiersbe faz uma observação importante. Ele nos diz: “Quando as coisas estão indo bem, devemos nos preparar para enfrentar dificuldades, pois o inimigo não quer ver a obra do Senhor progredir. Enquanto o povo de Jerusalém estava conformado com sua triste sina, o inimigo os deixou em paz. Mas quando os judeus começaram a servir ao Senhor e a glorificar o nome de Deus, o inimigo entrou em ação”.
Assim vemos que a oposição a Neemias surge de todos os
lados. Surge de Sambalate, que era governador de Samaria, bem como de outras
nações. Havia antigos adversários de Israel: arábios, amonitas e os asdoditas.
Além destes havia inimigos internos, pois alguns judeus tinham casamentos e
alianças comerciais com estes povos e, por isso, seus interesses estavam ao
lado dos inimigos de Neemias. Boice nos lembra que algumas pessoas se sentem
ameaçadas pelo sucesso alheio e porque podem perder a posição, o poder ou o
prestígio político, religioso ou social e, assim, se opõe. Lembremos que “nosso
mundo é pecaminoso e poucas pessoas sã altruístas. E cada um por si. Portanto,
se alguém progride, o outro a vê diminuindo seu próprio prestígio ou posição”.
A oposição se fez presente entre os judeus de várias formas:
Por meio da zombaria: 4.1-3
2) Através de um plano de ataque armado: 4.7-12
3) Por meio de um plano de assassinato, camuflado
por um convite para conversar: 6.1-3
4) Por meio de um movimento para intimidar e
desacreditar Neemias publicamente: 6.10-13
Irmãos, saibam que quando nos dispomos a fazer a vontade de
Deus certamente enfrentaremos lutas, desafios e oposição. Jesus mesmo nos disse
que no mundo teríamos aflições. O apóstolo Pedro nos exorta: Sede sóbrios e
vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge
procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8). A. W. Pink faz uma importante
observação sobre este texto: Este versículo nos apresenta um aspecto da
Verdade acerca do qual há ampla ignorância entre os crentes. Com frequência,
eles se mostram inconscientes de que o "diabo" os está atacando e
precisa ser resistido. Muitos supõem que as investidas de Satanás estão
limitadas às tentações para que pequemos. Isto não é verdade; em muitos casos,
o objetivo dele é opor-se e impedir-nos de fazer o que é bom. Constantemente,
ele utiliza os seres humanos a fim de atrapalhar-nos e inquietar-nos. Por
exemplo, ele enviará alguém para bater à porta ou chamar-nos ao telefone,
quando estamos orando. Ele mandará parentes visitarem-nos no domingo,
impedindo-nos assim de gastar tempo na comunhão com o Senhor. Ou criará
"circunstâncias" para obstruir nosso progresso espiritual,
multiplicando nossos deveres e tarefas, de modo que não tenhamos tempo livre ou
fiquemos muito cansados para estudar a Bíblia. De acordo com a Palavra de Deus
o nosso inimigo é real e precisamos saber que Satanás odeia o que você está
querendo fazer nesta jornada. Ele está atemorizado com a possibilidade de você
desfrutar uma vida íntima com Deus e ter uma vida cheia do Espírito. O diabo
sabe que você pode descobrir o tremendo poder através da oração e da meditação
na Palavra de Deus e vai tentar de todas as formas impedir que você termine sua
jornada de avivamento. Mas não se esqueça de que satanás é um mentiroso e já
foi derrotado.
Não nos esqueçamos que “Deus teve somente um Filho sem pecado, mas nunca teve um filho sem tribulações” (Charles Spurgeon). Como nós devemos lidar com a oposição? Como enfrentar os desafios que se nos apresentam? Para responder a esta questão devemos observar como Neemias lidou com os ataques que sofreu.
Primeiro, ele não revidou. A primeira coisa que a maioria de nós faz quando é ridicularizada é retrucar. Neemias não fez isso. Se tivesse, teria apenas se rebaixado ao nível dos críticos e teria sido derrotado, uma vez que eram mais fortes e mais importantes que ele aos olhos do mundo.
Segundo, Neemias orou. Observamos que ele se voltou para Deus em busca de ajuda, derramando sua queixa diante do Senhor. Ele admite a mágoa e ira: “Estamos sendo desprezados” (v. 4). No entanto, o trabalho era de Deus, e Neemias foi capaz de colocá-lo nas mãos de Deus e deixá-lo ser o árbitro da disputa e o juiz dos oponentes dos judeus. “Caia o seu opróbrio sobre a cabeça deles”, disse Neemias. “E faze que sejam despojo numa terra de cativeiro. Não lhes encubras a iniquidade, e não se risque de diante de ti o seu pecado, pois te provocaram à ira, na presença dos que edificavam” (v. 4, 5). Boice nos diz quais os resultados da oração de Neemias: O primeiro grande benefício foi, sem dúvida, o fato de ter dissipado sua raiva, pois ele não a demonstra ao prosseguir. Isso foi valioso, pois é raro a raiva ser produtiva e, em geral, ela representa um obstáculo ao bom trabalho. Além disso, a oração deve ter restaurado a perspectiva de Neemias, caso estivesse vacilando. Em vez de se deixar levar pela ridicularização dos inimigos, ele agora reconheceu o que estava por detrás — medo de que, sob sua liderança, os judeus pudessem realmente ter sucesso — e entendeu que a melhor coisa que os judeus podiam fazer era continuar a tarefa.
Terceiro, Neemias continuou o trabalho. Ao deixar as provocações dos inimigos com Deus, não precisava mais se preocupar com elas e poderia continuar a tarefa dada por Deus. O que ele diz é bom: “Assim, edificamos o muro, e todo o muro se fechou até a metade de sua altura; porque o povo tinha ânimo para trabalhar” (v. 6).
Irmãos que nós nos empenhemos em fazer a vontade e a obra de Deus e quando lidarmos com a oposição façamos como Neemias.