Quero iniciar nossa meditação com uma questão: Você é um homem de fé? Você é uma mulher de fé? Você é um jovem ou uma jovem de fé? Você é uma criança de fé? Somos, de fato, pessoas de fé? A Bíblia nos diz que “sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). A palavra fé é empregada na carta aos hebreus no sentido de confiança em Deus. Lightfoot, em seu comentário aos Hebreus, afirma que “Fé no capítulo 11 é pois fé em Deus, em primeiro lugar fé em todas as suas declarações, quer passadas (v.3) ou futuras (v.7)”. O autor desta carta define fé como “a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem”. Isto implica em dizer que “a fé é a completa certeza e a íntima convicção que dá aos homens o poder de arriscar suas vidas em realidades invisíveis” (Lightfoot). Ao estudar a vida de Neemias é possível constatar que ele era um homem. Por isso, o título de nossa mensagem de hoje: Neemias, um homem de fé.
Vimos que Neemias, mesmo estando na
Pérsia, desfrutando das benesses que seu cargo de copeiro lhe proporcionava, se
preocupou com os seus irmãos que haviam permanecido em Jerusalém. E, ao ser
informado que eles permaneciam num estado de miséria e sofrimento, se preocupou
ao ponto de chorar, lamentar, jejuar e orar na presença de Deus. É na presença
de Deus, em oração, que Neemias revela-se como um homem de fé. Ele confiou na
promessa de Deus em Dt 30.1-3: Quando,
pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção e a maldição que pus diante
de ti, se te recordares delas entre todas as nações para onde te lançar o
Senhor, teu Deus; e tornares ao Senhor, teu Deus, tu e teus filhos, de todo o
teu coração e de toda a tua alma, e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que
hoje te ordeno, então, o Senhor, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá
de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia
espalhado o Senhor, teu Deus. E por isso, buscou ao Senhor e orou: Estes
ainda são teus servos e o teu povo que resgataste com teu grande poder e com
tua mão poderosa. Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração
do teu servo e à dos teus servos que se agradam de temer o teu nome; concede
que seja bem-sucedido hoje o teu servo e dá-lhe mercê perante este homem (Neemias
1.10-11). Agora no capítulo 2, quero destacar alguns aspectos de um homem de fé.
Tendo compreendido o seu chamado e descoberto o que Deus
pretendia realizar através dele, Neemias pacientemente esperou o momento certo
para dar início ao seu ministério. Ele esperou com paciência a orientação do
Senhor, pois é “pela fé e pela longanimidade que herdamos as promessas”
(Hebreus 6:12). Wiersbe afirma: “A verdadeira fé em Deus traz ao coração uma
tranquilidade que nos impede de nos precipitar e de tentar fazer com as
próprias forças aquilo que só Deus pode realizar. Devemos saber não apenas
quando chorar e orar, mas também quando esperar e orar... Quando esperamos no
Senhor em oração, não estamos perdendo nosso tempo, mas sim o investindo. Deus
está nos preparando e arranjando as circunstâncias a nosso redor para que seus
propósitos sejam cumpridos. Porém, quando chegar a hora certa de agir pela fé,
não devemos, de modo algum, protelar”.
Quero lembrá-los que a fé não é inconsequente. O Senhor Jesus ao falar sobre o custo do discipulado nos exorta dizendo: Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz (Lucas 14:28-32). O presbítero João, falando sobre planejamento ao conselho, nos indagou: Jesus demonstrou organização e foco em seu ministério. Se o nosso Mestre tinha princípios de planejamento, por que agir diferente dele? Neemias durante quatro meses de espera esteve refletindo sobre a situação. O que deveria realizar? Como deveria realizar? Quais os recursos necessários para realizar? E quando questionado pelo rei sobre quanto tempo estaria ausente, ele sabia exatamente o que responder (vejam os vv. 7-8).
James Boice observa que a história de Neemias “é a história de um grande homem a enfrentar e superar desafios”. Ele enfrentou o desafio de convencer o rei Artaxerxes a mandá-lo a Jerusalém e o de construir os muros de Jerusalém. Além disso, ele teve que enfrentar oposição, vejam o v. 10. Três inimigos específicos são citados: Sambalate, de Bete-Horom, cerca de vinte quilômetros de Jerusalém; Tobias, um amonita, e Gesém, um árabe (Ne 2:19). Sambalate era o principal inimigo de Neemias, e o fato de ter algum tipo de cargo oficial em Samaria o tornava ainda mais perigoso (4:1-3). Por ser um amonita, Tobias era inimigo declarado do povo de Israel (Dt 23:3, 4). Sua esposa era parenta de alguns dos colaboradores de Neemias e tinha muitos amigos entre os judeus (Nm 6:17-19). Na verdade, havia se aliado (“aparentado”) a Eliasibe, o sacerdote (13:4-7). Mas, Neemias não demoraria a descobrir que seu maior problema não era o inimigo de fora, mas sim os de dentro.
Você é uma pessoa de fé? Qual é o ministério que Deus lhe tem
confiado? É com oração, paciência, planejamento que realizamos a vontade de
Deus e evidenciamos a nossa fé. Mesmo diante da oposição, devemos exercer
nossa, pois é Deus quem dirige os acontecimentos e também prove além do que lhe
pedimos. Que tenhamos a mesma fé e disposição de Neemias!
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