sexta-feira, outubro 27, 2023

ANDANDO E SERVINDO COMO JESUS

A Bíblia nos ensina que Jesus é nosso modelo. Modelo de vida e também de ministério. Somos exortados a andar como Ele andou (1 João 2.6). É sobre este segundo aspecto, como modelo
de ministério, eu quero chamar sua atenção. Realizar a obra de Deus, cumprir cabalmente com o nosso ministério não é fácil. Lidamos muitas situações. Situações que nos alegram e também com situações que nos deixam perplexos, decepcionados e, muitas vezes angustiados. Em seu ministério Jesus experimentou desses momentos de angústias também. Desde o momento que Ele se encarnou, enfrentou lutas, desafios e angústias. Vejam o versículo 27. Jesus declarou:
“Agora, está angustiada a minha alma”. Faltavam seis dias para a paixão de Cristo. Ele seria entregue à morte por causa dos nossos pecados. E no momento mais importante de seu ministério, Ele se angustiou. Nenhuma de suas provações anteriores poderiam ser comparadas com o terror da cruz. Jesus refletia sobre o que estava diante dele e se angustiou. Estava se aproximando o momento de maior sofrimento que alguém poderia suportar (ver v. 24). Não pensava somente em Si mesmo, mas nos sofrimentos que seus discípulos haveriam de enfrentar.  Dando voz a sua alma angustiada indagou: E que direi eu? Em outras palavras, O que é que eu vou fazer quando vier a aflição?  Sua resposta veio em seguida em uma pergunta retórica: Devo orar para que Deus me livre da aflição?

A maioria das pessoas tenta evitar os problemas a todo custo, e quando chegam as aflições, tentamos nos safar delas assim que possível. Isso explica por que algumas pessoas afirmam não ter problemas ou fingem que seus problemas acabaram antes mesmo de terminarem. Ninguém gosta de estar em apuros. Quando vem a provação, um de nossos primeiros instintos é pedir que Deus nos tire dos problemas. Claro que não existe nada de errado com isso, conquanto reconheçamos que Deus talvez tenha um propósito mais importante que simplesmente nos livrar das aflições. (Ryken, Philip Graham. Quando os problemas aparecem (p. 117). Editora FIEL. Edição do Kindle.)

a) Jesus pode nos ensinar a lidar com as nossas aflições – Hb 5.7 e 4.15

Isso significa que quando vamos até Jesus com os nossos problemas, não chegamos a alguém que não nos entende, mas sim, a alguém que nos entende completamente. Jesus faz muito mais que se compadecer de nós, ele tem empatia conosco. E porque ele tem profunda empatia conosco, ele pode nos mostrar — melhor do que ninguém — o que fazer quando vêm as aflições. “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” (Hb 2.18).  Em vez de se livrar da aflição, Jesus abraçou o chamado da cruz – Jo 12.27. Em vez de recuar, como foi tentado a fazer, ele foi em frente até o Calvário e a crucificação. Isso significou que qualquer dificuldade que Jesus enfrentara até esse ponto era somente o começo. Às vezes, nossas vidas são assim também. Fazemos o que Deus nos chama a fazer e, então, em vez de ter menos problemas na vida, temos mais. Quanto mais servimos, mais temos de nos sacrificar.

b) O que motivou Jesus a cumprir o seu chamado, mesmo quando isso significava apenas sofrimento?

Jesus estava disposto a suportar a execução por crucificação, porque sua vida era para a glória maior de Deus. Ele não buscou seu próprio prazer; seu propósito principal era dar glória a seu Pai. Foi exatamente o que o Salvador fez: glorificou a Deus. E assim, de um modo terrível e maravilhoso, as suas orações foram respondidas. Por meio dos sofrimentos e da morte de seu único Filho, Deus Pai glorificou o seu nome, conforme prometera (veja o versículo 28). Jesus não se livrou dos problemas, mas os atravessou, e tudo pelo qual ele passou trouxe glória a Deus. Mesmo a cruz foi para a glória de Deus.

quarta-feira, maio 17, 2023

UM DEUS QUE FALA - HEBREUS 1.1-4

A carta aos Hebreus é cercada de mistérios. Quem foi o autor? Quem são os seus leitores? Embora não saibamos responder tais questões, alguns fatos nos são conhecidos e nos ajudam na compreensão da carta. Acerca da autoria podemos afirmar que o autor estava familiarizado com seus leitores (5.12,6.9, 13.18-19, 23-24); conhecia a Timóteo (13.23); e provavelmente era um judeu helenista (Isso é demonstrado pelo seu conhecimento do ritual levítico e a aplicação que faz dos mesmos, bem como do seu profundo conhecimento do grego). Acerca dos leitores sabemos que eram cristãos judeus, pois, como observa Lightfoot,
o curso principal do argumento da Epístola, mais do que qualquer outra coisa, mostra que seus leitores originais tinham crescido na religião de Israel, e ela fazia parte de seu ambiente e modo de vida. O objetivo do autor ao escrever esta carta era exortar seus leitores. Seus irmãos em Cristo necessitavam de encorajamento. Eles aceitaram alegremente a perda de todas as coisas por amor a Cristo, mas, agora, o primeiro entusiasmo havia desaparecido e a esperança estava se desvanecendo e, como resultado, alguns estavam deixando de congregar e outros estavam apostatando da fé.  Stuart Olyott diz: A fé dos hebreus é como um fogo que foi abafado. Ainda fumega um pouco, mas a chama apagou. O autor desta carta escreve com o propósito de reacender o fraco fogo dos hebreus. Ele os exorta a serem dignos do seu passado e argumenta que o cristianismo é melhor do que qualquer coisa que o homem tivesse conhecido antes. Eles deveriam permanecer firmes, mesmo diante das perseguições, pois o cristianismo é superior as demais religiões. O autor apresenta-nos a supremacia de Cristo. Cristo é maior do que os profetas, maior do que os anjos, maior do que Moisés, maior do que Arão (e isto envolve os capítulos 1 a 10). E, nos capítulos finais (10-13), o autor os encoraja a confiar em Deus, achegando-se a Ele, como fizeram os grandes heróis da fé e os exorta para que levantem as mãos caídas e os joelhos trôpegos, certificando-se que não deixem de obter a graça de Deus. 
Esta carta, como observa Lightfoot, tem início com a sentença mais expressiva e bem construída no Novo Testamento. Não há nenhuma saudação ou apresentação, ele vai direto ao ponto, ao tema: a pessoa e obra do Filho de Deus. Os versículos iniciais da carta apresentam os assuntos centrais que serão desenvolvidos ao longo de todo o livro. Em seu pronunciamento de abertura, o autor nos assegura três verdades.
1. DEUS FALOU.
Esta afirmação inicial é básica para todo o argumento da epístola, como também é básica para a fé cristã. Como afirma F. F. Bruce em seu comentário, se Deus tivesse permanecido em silêncio, oculto em espessa obscuridade, a situação da humanidade, por certo, seria desesperadora. Mas Deus falou, e sua palavra é reveladora, redentora, doadora de vida e, em sua luz, vemos a luz. O profeta Isaías nos fala que os caminhos e os pensamentos de Deus são maiores e mais elevados do que os nossos caminhos e pensamentos, ou seja, não conhecemos a Deus por nós mesmos, mas Ele mesmo se deu a conhecer. Portanto, nossa maior obrigação é óbvia. Não é indagar, especular, filosofar ou adivinhar, mas, sim, ouvir o que Deus revela a respeito de Si mesmo – e obedecer (S. Olyott).   
2. DEUS FALOU POR MEIO DOS PROFETAS
A revelação que Deus faz de Si mesmo é progressiva. Ele não disse tudo que tinha a dizer de uma vez. Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras. Stuart Olyott nos diz que Deus nem sempre se revelou do mesmo modo. Às vezes falou em voz audível. Certa vez, escreveu algo com o próprio dedo. Às vezes usou visões. O mais usual era que seu Espírito viesse sobre um homem de tal forma que esse humano conseguiria expressar seus pensamentos em palavras exatamente como Deus queria. Uma revelação seguiu a outra, mas todas elas foram incompletas.
Convém observar aqui que o termo “incompletas” não se referem a alguma imperfeição na revelação. A progressão da revelação vai da promessa para o cumprimento desta promessa. Os homens de fé no AT não experimentaram o cumprimento da promessa em que haviam crido, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados (Hebreus 11.40).
Deus falou aos pais, referindo-se a todos os fiéis do AT e não simplesmente aos patriarcas. E Deus falou por meio dos profetas. E este termo tem um sentido amplo e representa todo o conteúdo do Antigo testamento. O AT é a autêntica revelação de Deus, mas veio de forma esporádica, progressiva e incompleta. A importância de afirmar isto no início de sua carta, está no fato de que seus leitores estavam pensando em desistir do cristianismo e voltar ao judaísmo. Eles precisavam saber, desde o começo, que se fizessem isto, estariam voltando para uma revelação incompleta. É verdade que Deus falou no AT. Mas o AT não contém a plenitude tudo o que Deus tinha para dizer. E isto nos leva ao terceiro ponto.   
3. DEUS FALOU POR MEIO DO FILHO, O QUAL É SUPERIOR AOS PROFETAS 
O autor nos diz que nos últimos dias Deus falou novamente. Os últimos dias se referem a fase final da história, iniciada com a vinda de Cristo ao mundo até a consumação de todas as coisas. F.F. Bruce nos diz: Sua Palavra não foi completamente revelada até a vinda de Cristo, mas quando Cristo veio, a Palavra falada nEle, por certo, foi a Palavra final de Deus. Até Cristo a revelação de Deus foi progressiva, mas não há progressão depois de Cristo. A revelação de Deus em Jesus Cristo é de caráter superior porque é completa. É superior no tempo porque nenhuma revelação virá depois dela. É superior em seu destino porque foi feita a nós. É superior em seu agente porque, diferente do AT, que veio por meio de fracos profetas humanos, veio por meio do próprio Filho de Deus (S. Olyott). Observe que há tanto uma continuidade e, ao mesmo tempo, um contraste, entre o AT e o NT. Jesus não um instrumento de Deus – Ele é o próprio Deus. A Palavra final que Deus falou ao mundo vem por intermédio de seu Filho.
O autor, a partir disto, estabelece sete fatos acerca do Filho de Deus que evidenciam a Sua grandeza e expõe a razão pela qual a revelação dada em Cristo é superior. Seu propósito imediato é provar que Jesus Cristo é superior aos profetas, homens tidos na mais alta consideração pelo povo judeu.
Cristo é superior aos profetas em sua Pessoa. Em primeiro lugar, é o próprio Filho de Deus, não apenas um homem chamado por Deus. O autor deixa claro que Jesus é  Deus, pois sua descrição jamais poderia ser aplicada a um homem mortal. O “resplendor da sua glória” refere-se à glória de Deus que habitava no tabernáculo e no templo.  Cristo é para o Pai aquilo que os raios são para o Sol. É a refulgência da glória de Deus. Da mesma forma como não se pode separar os raios do Sol, também é impossível separar a glória de Cristo da natureza de Deus.
O autor também nos diz que Jesus é “A expressão exata” (Hb 1:3) dá a ideia de "cunho exato". A palavra caráter vem da palavra grega traduzida por "imagem". Literalmente, Jesus Cristo é "a representação exata da substância de Deus" (ver Cl 2:9). Somente Jesus poderia dizer com honestidade: "Quem me vê a mim vê o Pai" (Jo 14:9). Quando vemos Cristo, vemos a glória de Deus (Jo 1:14).
Cristo também é superior aos profetas em suas obras. Em primeiro lugar, Ele é o Criador do universo, pois, por meio dele, Deus “fez o universo” (Hb 1:2). Cristo não apenas criou todas as coisas pela sua Palavra (Jo 1:1-5), como também sustenta todas as coisas por meio dessa mesma Palavra poderosa (Hb 1:3). “Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Colossenses 1:17). O verbo sustentar, em Hebreus 1:3, não significa "escorar", como se o universo fosse um peso nas costas de Jesus. Antes,  quer dizer: “segurar e carregar de um lugar para outro”. Ele é o Deus da criação e o Deus da providência, que guia este universo até seu destino divinamente ordenado.
Jesus também exerce um ministério de Sacerdote que revela sua grandeza. Sozinho, ele “[fez] a purificação dos pecados”(Hb 1:3). Esse aspecto de seu ministério será explicado em Hebreus 7 a 10.
Por fim, Jesus Cristo governa como Rei (Hb 1:3). Ele está assentando, pois terminou seu trabalho e se encontra “à direita da Majestade, nas alturas”, o lugar de honra. Isso prova que ele é igual a Deus o Pai, pois nenhum ser criado jamais poderia assentar-se à destra de Deus. Warren Wiersbe nos diz: Criador, Profeta, Sacerdote e Rei, Jesus Cristo é superior a todos os profetas e servos de Deus que aparecem nas páginas sagradas das Escrituras. Não é de se admirar que o Pai tenha dito no momento da transfiguração de Cristo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Nessa ocasião, Cristo estava acompanhado de dois dos maiores profetas, Moisés  e Elias, mas é superior a eles.
 
APLICAÇÃO
Não há dúvidas que esta mensagem é também uma necessidade atual. Hoje, muitos estão se esfriando na fé e deixando a comunhão cristã. Outros apostatam da fé, voltando-se para os rudimentos do mundo ou então abraçando vãs filosofias. A leitura desta carta nos faz compreender a supremacia de Cristo, a fim de que, mesmo diante das tribulações do tempo presente, estejamos Nele firmados e arraigados.

domingo, julho 03, 2022

BÍBLIA, DIREÇÃO PARA A FAMÍLIA

A família é uma instituição divina e nós cristãos devemos buscar na Palavra de Deus os valores necessários para o estabelecimento de um lar cristão. Quando não fazemos isto, o que encontramos são a dor e a frustração na família. Isso é o que nos ensina a família de Elimeleque (Leia Rute 1). Por causa da crise que trouxe fome e miséria ao povo de Deus, Elimeleque decidiu sair da “casa do pão” (Belém) ir morar no estrangeiro entre aqueles a quem Deus havia proibido a nação de se misturar. Tentou “ajudar” a Deus na resolução das suas dificuldades, em vez de confiar em Deus. Quais os resultados? Foram a Moabe em busca de sobrevivência e encontraram a morte, foram em busca do pão e lhes sobreveio a doença e a tristeza. A lição que aprendemos é que a família deve ser orientada pela Palavra de Deus, pois as tragédias humanas jamais podem anular os soberanos propósitos de Deus. Não vivemos a vida cristã por meio de nossas próprias forças, recursos e realizações. Viver a vida cristã é viver mediante Cristo e mediante os recursos que Ele nos coloca à disposição. Quando vivemos por meio de nossas próprias forças e capacidade (religiosidade) a tendência é nos exaurirmos e cairmos extenuados, desanimados e frustrados. Foi isso que ocorreu com a família de Elimeleque. Por não crerem na revelação de um Deus providente e buscarem nas próprias realizações a superação da crise, falharam.

terça-feira, maio 03, 2022

DEUS, O FUNDAMENTO DO LAR


 O salmo 127 fala-nos sobre o lar e ensina-nos que o Senhor deve ser o centro do Lar. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (Sl 127.1). Assim, o relacionamento com Deus, baseado na obediência à sua Palavra, deve ser o guia definidor mental, emocional e espiritual para cada decisão, se o lar espera permanecer firme. É no lar que a vida com Deus deve ser desenvolvida, onde o culto que prestamos a Deus como igreja, nada mais é do que uma continuidade do que vivemos em nosso lar. Atualmente a família tem sido bombardeada e são muitos que têm tentado mudar o conceito bíblico de família. Para eles a família não tem nenhum valor para a sociedade e concluem que ela é uma instituição falida. Se destruirmos a estrutura interna da família, isto é, os fundamentos bíblicos que a norteiam, nossa civilização fracassará. Não nos esqueçamos que a família é uma instituição divina. Devemos encontrar na Palavra de Deus os princípios fundamentais para a vida em família, pois se o Senhor não edificar a casa, o lar, em vão trabalham os que a edificam.

terça-feira, setembro 28, 2021

Neemias 4: COMO LIDAR COM A OPOSIÇÃO?

Continuando a série de mensagens em Neemias, quero recordar o que nós já falamos. No capítulo 1 vimos que Neemias foi alguém que se importou o suficiente com a situação dos que permanecerem em Jerusalém, intercedendo por eles e se dispondo a ajudá-los. No capítulo 2 Neemias revela-se como um homem de fé, que caminha crendo e confiando nas promessas de Deus, o qual com oração, paciência e planejamento se dispôs a realizar a vontade de Deus. O capítulo 3, o qual é um dos mais importantes, descreve o envolvimento do povo na obra de reconstrução. Vimos que o  chamado e a visão foram de Neemias, mas ele não poderia reconstruir sem a participação do povo de Jerusalém. Nenhum líder pode liderar sem delegar responsabilidades para outras pessoas. E assim concluímos que a cooperação do povo e a liderança de Neemias foram vitais para a difícil tarefa de reconstruir os muros da cidade. Se quisermos ter bom êxito na obra de Deus, devemos aprender a trabalhar em equipe.  Agora, no capítulo 4, observamos que a chegada de Neemias a Jerusalém representou uma ameaça para Sambalate, Tobias e seus companheiros (2:10), os quais desejavam que os judeus continuassem fracos e dependentes. Uma Jerusalém forte colocaria em perigo o equilíbrio do poder na região e privaria Sambalate e seus amigos de sua influência e riqueza. Warren Wiersbe faz uma observação importante. Ele nos diz: “Quando as coisas estão indo bem, devemos nos preparar para enfrentar dificuldades, pois o inimigo não quer ver a obra do Senhor progredir. Enquanto o povo de Jerusalém estava conformado com sua triste sina, o inimigo os deixou em paz. Mas quando os judeus começaram a servir ao Senhor e a glorificar o nome de Deus, o inimigo entrou em ação”.

Assim vemos que a oposição a Neemias surge de todos os lados. Surge de Sambalate, que era governador de Samaria, bem como de outras nações. Havia antigos adversários de Israel: arábios, amonitas e os asdoditas. Além destes havia inimigos internos, pois alguns judeus tinham casamentos e alianças comerciais com estes povos e, por isso, seus interesses estavam ao lado dos inimigos de Neemias. Boice nos lembra que algumas pessoas se sentem ameaçadas pelo sucesso alheio e porque podem perder a posição, o poder ou o prestígio político, religioso ou social e, assim, se opõe. Lembremos que “nosso mundo é pecaminoso e poucas pessoas sã altruístas. E cada um por si. Portanto, se alguém progride, o outro a vê diminuindo seu próprio prestígio ou posição”.

A oposição se fez presente entre os judeus de várias formas:

Por meio da zombaria: 4.1-3

2)     Através de um plano de ataque armado: 4.7-12

3)     Por meio de um plano de assassinato, camuflado por um convite para conversar: 6.1-3

4)     Por meio de um movimento para intimidar e desacreditar Neemias publicamente: 6.10-13

Irmãos, saibam que quando nos dispomos a fazer a vontade de Deus certamente enfrentaremos lutas, desafios e oposição. Jesus mesmo nos disse que no mundo teríamos aflições. O apóstolo Pedro nos exorta: Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8). A. W. Pink faz uma importante observação sobre este texto: Este versículo nos apresenta um aspecto da Verdade acerca do qual há ampla ignorância entre os crentes. Com frequência, eles se mostram inconscientes de que o "diabo" os está atacando e precisa ser resistido. Muitos supõem que as investidas de Satanás estão limitadas às tentações para que pequemos. Isto não é verdade; em muitos casos, o objetivo dele é opor-se e impedir-nos de fazer o que é bom. Constantemente, ele utiliza os seres humanos a fim de atrapalhar-nos e inquietar-nos. Por exemplo, ele enviará alguém para bater à porta ou chamar-nos ao telefone, quando estamos orando. Ele mandará parentes visitarem-nos no domingo, impedindo-nos assim de gastar tempo na comunhão com o Senhor. Ou criará "circunstâncias" para obstruir nosso progresso espiritual, multiplicando nossos deveres e tarefas, de modo que não tenhamos tempo livre ou fiquemos muito cansados para estudar a Bíblia. De acordo com a Palavra de Deus o nosso inimigo é real e precisamos saber que Satanás odeia o que você está querendo fazer nesta jornada. Ele está atemorizado com a possibilidade de você desfrutar uma vida íntima com Deus e ter uma vida cheia do Espírito. O diabo sabe que você pode descobrir o tremendo poder através da oração e da meditação na Palavra de Deus e vai tentar de todas as formas impedir que você termine sua jornada de avivamento. Mas não se esqueça de que satanás é um mentiroso e já foi derrotado.

Não nos esqueçamos que “Deus teve somente um Filho sem pecado, mas nunca teve um filho sem tribulações” (Charles Spurgeon). Como nós devemos lidar com a oposição? Como enfrentar os desafios que se nos apresentam? Para responder a esta questão devemos observar como Neemias lidou com os ataques que sofreu.

Primeiro, ele não revidou. A primeira coisa que a maioria de nós faz quando é ridicularizada é retrucar. Neemias não fez isso. Se tivesse, teria apenas se rebaixado ao nível dos críticos e teria sido derrotado, uma vez que eram mais fortes e mais importantes que ele aos olhos do mundo.

Segundo, Neemias orou. Observamos que ele se voltou para Deus em busca de ajuda, derramando sua queixa diante do Senhor. Ele admite a mágoa e ira: “Estamos sendo desprezados” (v. 4). No entanto, o trabalho era de Deus, e Neemias foi capaz de colocá-lo nas mãos de Deus e deixá-lo ser o árbitro da disputa e o juiz dos oponentes dos judeus. “Caia o seu opróbrio sobre a cabeça deles”, disse Neemias. “E faze que sejam despojo numa terra de cativeiro. Não lhes encubras a iniquidade, e não se risque de diante de ti o seu pecado, pois te provocaram à ira, na presença dos que edificavam” (v. 4, 5). Boice nos diz quais os resultados da oração de Neemias: O primeiro grande benefício foi, sem dúvida, o fato de ter dissipado sua raiva, pois ele não a demonstra ao prosseguir. Isso foi valioso, pois é raro a raiva ser produtiva e, em geral, ela representa um obstáculo ao bom trabalho. Além disso, a oração deve ter restaurado a perspectiva de Neemias, caso estivesse vacilando. Em vez de se deixar levar pela ridicularização dos inimigos, ele agora reconheceu o que estava por detrás — medo de que, sob sua liderança, os judeus pudessem realmente ter sucesso — e entendeu que a melhor coisa que os judeus podiam fazer era continuar a tarefa.

Terceiro, Neemias continuou o trabalho. Ao deixar as provocações dos inimigos com Deus, não precisava mais se preocupar com elas e poderia continuar a tarefa dada por Deus. O que ele diz é bom: “Assim, edificamos o muro, e todo o muro se fechou até a metade de sua altura; porque o povo tinha ânimo para trabalhar” (v. 6).

Irmãos que nós nos empenhemos em fazer a vontade e a obra de Deus e quando lidarmos com a oposição façamos como Neemias.

segunda-feira, setembro 20, 2021

Neemias 3 - UM GRANDE DESAFIO

Ler e estudar o livro de Neemias tem sido maravilhoso. Há lições riquíssimas para a nossa vida, as quais nos ajudam não só no nosso relacionamento com Deus como também no desenvolvimento da vida cristã e do nosso ministério. No capítulo 1 vimos que Neemias foi alguém que se importou o suficiente com a situação dos que permanecerem em Jerusalém, intercedendo por eles e se dispondo a ajudá-los. No capítulo 2 Neemias revela-se como um homem de fé, que caminha crendo e confiando nas promessas de Deus, o qual com oração, paciência e planejamento se dispôs a realizar a vontade de Deus. Hoje quero convidá-los a apreender sobre Neemias a partir do capítulo 3. 

Este é um grande desafio, pois muitos comentaristas têm deixado de lado este capítulo, uma vez que há uma longa lista de nomes e são tentados a continuar a história a partir do capítulo 4. Contudo, como nos lembra Cyril Barber, este capítulo é um dos mais importantes do livro todo! Também não nos esqueçamos que “toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17). Quero, num primeiro momento, descrever o que está acontecendo no capítulo 3 e depois extrair lições que se aplicam em nossas vidas. Que o Senhor nos ajude nesta tarefa e fale a cada um de nós, edificando-nos em Sua Palavra. 

No capítulo anterior vimos que Neemias, ao chegar em Jerusalém, a primeira coisa que fez foi avaliar, analisar a real situação e a identificar o que era preciso fazer e como fazer. Depois disso, ele faz um apelo ao povo em Jerusalém, concentrando-se na glória e na grandeza do Senhor e no fato de eles eram motivo de opróbrio. “Em seu discurso, usou sempre a terceira pessoa do plural, envolvendo-se na questão em vez de apontar para "eles" ou para "vocês". Como fazia em sua oração (1:6, 7), identificava-se com o povo e com suas necessidades... Deus os capacitaria para o trabalho. O Senhor já havia provado seu poder ao tocar o coração do rei que, por sua vez, havia prometido suprir as necessidades daquela empreitada. Foi o peso que Neemias sentia em seu coração por Jerusalém bem como sua experiência com o Senhor que convenceram os judeus de que era chegada a hora de construir”. Em resposta a este apelo, os moradores de Jerusalém foram enfáticos:— "Disponhamo-nos e edifiquemos." O historiador inglês Arnold Toynbe disse: “A apatia só pode ser superada pelo entusiasmo, e o entusiasmo só pode ser despertado por duas coisas: a primeira, o ideal que captura a imaginação; segunda, o plano inteligível e capaz de levar o ideal à prática”. O plano inteligível foi desenvolvido no capítulo 2, Agora, neste novo capítulo, vemos Neemias executando o seu plano de trabalho, coordenando a atividade de cada família. Neste capítulo, como observa Boice, vemos o relato detalhado de como as portas e os muros da cidade de Jerusalém foram reconstruídos, concentrando-se nos nomes dos envolvidos na construção.  Howard F. Vos escreveu: O que aqui, à primeira vista, parece uma lista de nomes esquecidos e detalhes chatos da construção de muros, torna-se algo bastante dramático e emocionante em uma análise mais aprofundada. Pode-se observar primeiro o que ocorreu como resultado de uma façanha incrível de organização. Toda a comunidade foi mobilizada e levada a trabalhar de forma harmoniosa e simultânea em todas as partes dos muros da cidade.

Cyril Barber:  Um segundo conjunto de frases repetidas esclarece-nos o princípio de coordenação. E a expressão "defronte de sua casa" ou "defronte da sua morada" (Neemias 3:21-23; 28-30). Quando avaliamos isto, percebemos que Neemias aproveitava as facilidades. Não tinha gente viajando de um lado de Jerusalém para o outro.1 Isto teria sido perda de tempo e redução de eficiência. Também teria tornado difícil a alimentação dos que estavam trabalhando. Além do mais, em caso de ataque2 por parte dos seus inimigos, a preocupação de cada homem seria por sua própria família. Se sua família estivesse do outro lado de Jerusalém, ele não teria como defendê-la. Fazendo com que cada homem trabalhasse perto de sua própria casa, Neemias facilitou o acesso ao serviço, a alimentação enquanto estivesse trabalhando, e a segurança daqueles que eram mais próximos e mais amados. Isso aliviava cada operário de ansiedades desnecessárias. Também assegurava que cada pessoa se esforçasse ao máximo naquilo que fazia. 

O capítulo 3 também descreve o envolvimento do povo na obra de reconstrução. Observa-se que 39 grupos diferentes de trabalhadores estiveram envolvidos na obra. O chamado e a visão foram de Neemias, mas ele não poderia reconstruir sem a participação do povo de Jerusalém. Nenhum líder pode liderar sem delegar responsabilidades para outras pessoas. Deus queria usar todos, e todos podiam contribuir independentemente de sua função, posição social ou técnica. O povo como um todo participou da construção do muro. Foram muitos que contribuíram. Com diferentes posições, diferentes ideias e diferentes talentos, mas com um objetivo em vista. Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos no muro. Isto incluía sacerdotes, levitas, chefes e pessoas comuns, porteiros e guardas, fazendeiros e "trabalhadores de sindicato", ourives, farmacêuticos, mercadores, empregados do templo e mulheres. Neemias enfrentou um grande desafio e demonstrou uma grande fé num grande Deus, mas não teria feito muita coisa se não tivesse havido grande dedicação da parte daqueles que o ajudaram a reconstruir os muros. Ele se revelou um líder piedoso e humilde e deu todo o crédito ao povo: “Assim, edificamos o muro [...] porque o povo tinha ânimo para trabalhar” (Neemias 4.6).

APLICAÇÃO

A cooperação do povo e a liderança de Neemias foram vitais para a difícil tarefa de reconstruir os muros da cidade. Se quisermos ter bom êxito na obra de Deus, devemos aprender a trabalhar em equipe.  Quando estudamos a carta aos filipenses disse: Paulo vê a igreja como uma equipe e lembra os cristãos de que é seu trabalho em equipe que conquista as vitórias (Fp 1.27b). Não nos esqueçamos que na igreja de Filipos havia o problema de dissensão. Ali congregavam duas mulheres que não se entendiam (Fp 4:2). Ao que parece, os membros da igreja tomavam partido, como acontece com frequência, e a divisão resultante atrapalhava o trabalho da igreja. O inimigo tem prazer em ver divisões nos ministérios locais. Seu lema é dividir e conquistar e, muitas vezes, ele é bem-sucedido. Que espetáculo lamentável oferecem os crentes ao mundo, atacando uns aos outros ou falando uns dos outros. Assim, seu crescimento espiritual e retardado e seu testemunho é enfraquecido perante o mundo (W. Hendriksen, Comentário aos Filipenses).  A única maneira de os cristãos vencerem o maligno é permanecendo unidos. Somos cidadãos do céu e, portanto, devemos andar de modo coerente. Fazemos parte do mesmo “time” e, portanto, devemos trabalhar de modo cooperativo.

O inglês William Carey, o “pai das missões modernas”, foi para a Índia em 1793. Na época, não existiam sociedades missionárias organizadas, mas, quando Carey orou pelas necessidades de um mundo inalcançado, Deus colocou a Índia em seu coração. Em março de 1793, durante um culto de “comissionamento” em favor de Carey e seu colega, um dos amigos de Carey exclamou: “Há uma mina de ouro na Índia, mas ela parece quase tão funda quanto o centro da Terra!”. Ao que Carey retrucou: “Estou disposto a correr o risco de descer dentro dela, mas lembrem-se de que cabe a vocês segurar as cordas”. Como Carey esperava que seus amigos “segurassem as cordas”? Tinha de ser por meio da parceria em oração e em contribuição. Aqueles que seguram as cordas são tão importantes na cooperação quanto aqueles que descem à mina. Segurar as cordas para os outros é uma parte importante da comunhão bíblica; é essencial para a propagação do evangelho. 

Deus pretende que todos os cristãos sejam participantes ativos do corpo, cooperadores trabalhando em todo o projeto do Evangelho. Para isso, Deus atribuiu a todo cristão uma função no corpo de Cristo. Não há exceções em relação a isso; todo membro tem uma função dentro do corpo que Deus lhe incumbiu de exercer. O Rev. Misael nos lembra que, no âmbito da doutrina cristã, a palavra vocação tem dois significados:

  • O Chamado de Deus na Conversão.  A vocação é compreendida como o chamado para a salvação que produz conversão, uma obra do Espírito que confirma a palavra pregada e gera fé no coração dos eleitos (Atos 16.13-15; Romanos 8.28-30). O Espírito Santo opera de tal maneira sobre o povo eleito de Deus, que eles são levados ao arrependimento e à fé, e as-sim feitos herdeiros da vida eterna, por meio de Jesus Cristo, Senhor deles. Esta obra do Espírito, nas Escrituras, chama-se vocação (Charles Hodge, 2001, p. 961). 
  • O chamado de Deus para o serviço.  Vocação significa também o chamado que Deus faz aos seus filhos, para que estes realizem determinadas tarefas, em contextos históricos específicos (Êxodo 31.1-6; Josué 1.1-2; Juízes 6.11-14; Mateus 4.18-22; Atos 26.12-28).  Qual é a sua vocação?


terça-feira, setembro 14, 2021

NEEMIAS, UM HOMEM DE FÉ - Neemias 2

Quero iniciar nossa meditação com uma questão: Você é um homem de fé? Você é uma mulher de fé? Você é um jovem ou uma jovem de fé? Você é uma criança de fé? Somos, de fato, pessoas de fé? A Bíblia nos diz que “sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). A palavra fé é empregada na carta aos hebreus no sentido de confiança em Deus. Lightfoot, em seu comentário aos Hebreus, afirma que “Fé no capítulo 11 é pois fé em Deus, em primeiro lugar fé em todas as suas declarações, quer passadas (v.3) ou futuras (v.7)”. O autor desta carta define fé como “a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem”.  Isto implica em dizer que “a fé é a completa certeza e a íntima convicção que dá aos homens o poder de arriscar suas vidas em realidades invisíveis” (Lightfoot). Ao estudar a vida de Neemias é possível constatar que ele era um homem. Por isso, o título de nossa mensagem de hoje: Neemias, um homem de fé.

Vimos que Neemias, mesmo estando na Pérsia, desfrutando das benesses que seu cargo de copeiro lhe proporcionava, se preocupou com os seus irmãos que haviam permanecido em Jerusalém. E, ao ser informado que eles permaneciam num estado de miséria e sofrimento, se preocupou ao ponto de chorar, lamentar, jejuar e orar na presença de Deus. É na presença de Deus, em oração, que Neemias revela-se como um homem de fé. Ele confiou na promessa de Deus em Dt 30.1-3:   Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção e a maldição que pus diante de ti, se te recordares delas entre todas as nações para onde te lançar o Senhor, teu Deus; e tornares ao Senhor, teu Deus, tu e teus filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que hoje te ordeno, então, o Senhor, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia espalhado o Senhor, teu Deus. E por isso, buscou ao Senhor e orou: Estes ainda são teus servos e o teu povo que resgataste com teu grande poder e com tua mão poderosa. Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à dos teus servos que se agradam de temer o teu nome; concede que seja bem-sucedido hoje o teu servo e dá-lhe mercê perante este homem (Neemias 1.10-11). Agora no capítulo 2, quero destacar alguns aspectos de um homem de fé.

 1. UM HOMEM DE FÉ É PACIENTE

Tendo compreendido o seu chamado e descoberto o que Deus pretendia realizar através dele, Neemias pacientemente esperou o momento certo para dar início ao seu ministério. Ele esperou com paciência a orientação do Senhor, pois é “pela fé e pela longanimidade que herdamos as promessas” (Hebreus 6:12). Wiersbe afirma: “A verdadeira fé em Deus traz ao coração uma tranquilidade que nos impede de nos precipitar e de tentar fazer com as próprias forças aquilo que só Deus pode realizar. Devemos saber não apenas quando chorar e orar, mas também quando esperar e orar... Quando esperamos no Senhor em oração, não estamos perdendo nosso tempo, mas sim o investindo. Deus está nos preparando e arranjando as circunstâncias a nosso redor para que seus propósitos sejam cumpridos. Porém, quando chegar a hora certa de agir pela fé, não devemos, de modo algum, protelar”.

 2. UM HOMEM DE FÉ ELABORA PLANOS

Quero lembrá-los que a fé não é inconsequente. O Senhor Jesus ao falar sobre o custo do discipulado   nos exorta dizendo: Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz (Lucas 14:28-32). O presbítero João, falando sobre planejamento ao conselho, nos indagou: Jesus demonstrou organização e foco em seu ministério. Se o nosso Mestre tinha princípios de planejamento, por que agir diferente dele? Neemias durante quatro meses de espera esteve refletindo sobre a situação. O que deveria realizar? Como deveria realizar? Quais os recursos necessários para realizar? E quando questionado pelo rei sobre quanto tempo estaria ausente, ele sabia exatamente o que responder (vejam os vv. 7-8).  

 3. UM HOMEM DE FÉ ENFRENTA OPOSIÇÃO

James Boice observa que a história de Neemias “é a história de um grande homem a enfrentar e superar desafios”.  Ele enfrentou o desafio de convencer o rei Artaxerxes a mandá-lo a Jerusalém e o de construir os muros de Jerusalém. Além disso, ele teve que enfrentar oposição, vejam o v. 10Três inimigos específicos são citados: Sambalate, de Bete-Horom, cerca de vinte quilômetros de Jerusalém; Tobias, um amonita, e Gesém, um árabe (Ne 2:19). Sambalate era o principal inimigo de Neemias, e o fato de ter algum tipo de cargo oficial em Samaria o tornava ainda mais perigoso (4:1-3). Por ser um amonita, Tobias era inimigo declarado do povo de Israel (Dt 23:3, 4). Sua esposa era parenta de alguns dos colaboradores de Neemias e tinha muitos amigos entre os judeus (Nm 6:17-19). Na verdade, havia se aliado (“aparentado”) a Eliasibe, o sacerdote (13:4-7). Mas, Neemias não demoraria a descobrir que seu maior problema não era o inimigo de fora, mas sim os de dentro.

 CONCLUSÃO

Você é uma pessoa de fé? Qual é o ministério que Deus lhe tem confiado? É com oração, paciência, planejamento que realizamos a vontade de Deus e evidenciamos a nossa fé. Mesmo diante da oposição, devemos exercer nossa, pois é Deus quem dirige os acontecimentos e também prove além do que lhe pedimos. Que tenhamos a mesma fé e disposição de Neemias!