sexta-feira, outubro 17, 2008

SANTIFICAI A CRISTO

O apóstolo Pedro nos ordena: "Santificai a Cristo" (1 Pedro 3.15). Sua exortação faz eco a oração dominical, quando Jesus nos ensina a rogar para que o Nome do Pai seja santificado. Temos aqui um uso não muito comum do verbo santificar. Geralmente na Bíblia são os homens que são santificados, e Deus ou Cristo operam a santificação. Em nosso texto a ordem é inversa. Qual é o significado de tal assertativa? Deus não é Santo, porque devemos orar pedindo que Ele seja santificado? Karl Barth, um dos principais teólogos do século XX, interpretou corretamente este texto, diz ele: "levai uma vida santa, digna da santidade de Cristo". Isto implica dizer que o nosso viver não somente deve reverenciar e honrar a Deus, mas também glorificá-Lo mediante a obediência aos seus mandamentos. Assim aprendemos que Cristo é santificado quando obedecemos à Sua vontade. Esta é a grande verdade que o texto nos fala. Uma das coisas que Cristo mais condenou na vida dos religiosos nos dias de Sua encarnação foi à hipocrisia. A hipocrisia consiste na representação de um papel, evidenciando aquilo que de fato não somos. No sermão do monte, Jesus nos diz que não devemos ser como os hipócritas quando orarmos ou jejuarmos. Dirigindo-se aos escribas e fariseus, o Mestre os censurou dizendo: "Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mt 15.7).
Em Provérbios (3.1,2) lemos: "Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos, e o teu coração guarde os meus mandamentos; porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de paz e vida". A obediência a Deus consiste na conformação das nossas vidas à vontade de Deus. Como cristãos já não andamos segundo os nossos próprios pensamentos, mas tão somente somos orientados, em tudo, pela Palavra de Deus. A renovação da nossa mente com a Palavra viva de Deus nos leva a uma vida que glorifica a Deus. Devemos lembrar que Deus espera de nós a obediência e, como Ele mesmo disse a Samuel, "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros" (1 Sm 15.22).

segunda-feira, outubro 06, 2008

SANTIDADE...SEM A QUAL NINGUÉM VERÁ O SENHOR

O Rev. J. I. Packer afirmou que "a busca da santidade é evidentemente uma prioridade cristã; contudo, é uma prioridade que os crentes, hoje em dia, por hábito negligenciam". Lamentavelmente, são verdadeiras suas declarações. A Bíblia fala-nos de uma vida plena, abundante, cheia do Espírito Santo. Alguns irmãos podem me interpretar mal, achando que falo de uma experiência espetacular ou extraordinária na vida cristã. Este não é o meu pensamento, pois o único caminho que pode conduzir-nos a uma vida plena é o caminho da santidade. Isto porque "santidade é intimidade consagrada com Deus. Santidade é, em essência, obedecer a Deus, viver com Deus e para Deus, imitar a Deus, observar sua lei (...) seguir os ensinamentos de Cristo e seus exemplos".
Ao falar sobre santidade não pretendo ensinar nada novo, mas tão somente voltar nossos olhos para as Escrituras e reaprender o que elas nos ensinam acerca deste tema. Devemos aprender com Isaque: "Então Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou. E Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera. Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas" (Gn 26.17,18). Devemos voltar as Escrituras e redescobrir o que ela nos ensina sobre a santidade/santificação e, certamente, acharemos "um poço de águas vivas".
O Rev. James Kennedy nos lembra que o pecado tem um "poder corruptor", o qual age em nós "contaminando nossa personalidade, mente e ações". "Santificação é o processo de retirar essa corrupção" e, "se amamos a Deus, deveríamos estar dispostos e ansiosos para obedecê-lo (...) santificação é um mandamento".
A santidade é um processo contínuo e envolve luta, pois, como nos diz Packer, "a santidade é uma experiência de conflito". Paulo nos fala de uma tensão entre a carne e o Espírito: Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis (Gálatas 5.17). Assim devemos ser perseverantes no caminho da santidade. O autor aos Hebreus nos ensina a seguir a santidade (Hb 12.14). E isto envolve nos sujeitarmos ao Espírito de Cristo. A Bíblia nos ensina que o Espírito Santo opera por meios – os meios de graça, a saber: a Palavra, oração, comunhão, adoração e a ceia do Senhor. Nesse processo é mister o nosso envolvimento através da disciplina e o esforço. "A formação de hábitos é a maneira normal pela qual o Espírito Santo nos leva para a santificação". Portanto, não apagueis o Espírito.

sexta-feira, setembro 26, 2008

A PALAVRA DE DEUS É VIVA!

Em Hebreus 4.12-13 a Palavra de Deus é retratada como sendo uma espada de dois gumes que corta penetrando o ser da pessoa, para expor e julgar seus pensamentos e motivações mais íntimos. Com isso Deus penetra nossos corações com sua Palavra e nos deixa descobertos diante de seus olhos. Aqui o texto nos recorda um criminoso sendo levado ao tribunal ou para execução. Freqüentemente um soldado segurava um punhal sob o queixo do criminoso para forçá-lo a erguer a cabeça para que todos pudessem ver quem ele era. De modo semelhante, a Escritura nos expõe o que realmente somos e nos força a encarar a realidade do nosso pecado. Mas a Escritura também reprova o ensino errôneo. O apóstolo João revela o poder da Palavra como verdade, quando diz que os crentes que vencem o maligno o fazem porque são fortes e a Palavra de Deus permanece neles. Crentes que têm um amplo entendimento da veracidade bíblica não são como crianças sem discernimento, mas são como jovens fortes que podem facilmente reconhecer a falsa doutrina, evitando ser "...como meninos agitados, de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro".
Jesus disse: "Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus". A Escritura é o nosso alimento espiritual. Pedro disse que deveríamos desejar o alimento da Palavra, com o mesmo desejo com que o bebê anseia pelo nutrimento do leite. Tiago afirmou: "...despojando-vos de toda a impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada..."(Tg 1.21). Esta é a nossa parte. Devemos receber a Palavra com um coração puro e uma atitude humilde. Enquanto o fazemos, ela progressivamente renova e transforma nosso pensamento, atitudes, ações, palavras, tornando-nos em pessoas segundo o coração de Deus.

sexta-feira, setembro 12, 2008

ALEGRAI-VOS NO SENHOR!


Muitas pessoas têm recorrido a bebida para experimentarem momentos de alegria na vida. São pessoas que, por se sentirem miseráveis e insatisfeitas consigo mesmas, buscam alcançar a felicidade no "trago".
Se objetivamos ter alegria em nossa vida devemos escutar o imperativo divino: "Enchei-vos do Espírito". A vida cristã é uma vida emociante, feliz, plena de alegria, pois a alegria do Senhor é a nossa força. A vida cristão não é somente uma vida cheia de alegria, mas uma vida que capacita a pessoa estar feliz em meio as provas e dificuldades. O apóstolo Pedro afirma: "...pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória, alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas" (1 Pedro 1.5-9).
Isto é cristianismo! Como isto é possível? É possível porque temos uma esperança e porque "o amor de Deus tem sido derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". Somente aquele que, pela graça de Deus, teve um encontro com Cristo, obtendo assim uma nova vida pode dizer:

Embora me assalte o cruel satanás,
E ataque com vis tentações;
Oh! Certo eu estou, apesar de aflições,
Que feliz eu serei com Jesus!

quarta-feira, setembro 10, 2008

UMA IGREJA VIVA

Fala-se muito, atualmente, em Igreja viva e igreja morta. A diferença entre uma e outra, segundo pensam, reside especialmente na sua liturgia; ou seja, no modo de adoração a Deus. Se o culto é "animado", então, a igreja é viva; se é "solene", então, a igreja é morta. Entretanto a vida de uma igreja diz respeito a aspectos mais específicos que os de sua adoração ou liturgia. Fundamentados no modelo que nos oferece a Igreja primitiva, gostaríamos de salientar que uma igreja viva é aquela que tem uma sólida base doutrinária.
Lucas nos ensina que a Igreja Primitiva valorizava e perseverava na doutrina dos apóstolos. A palavra "doutrina", neste contexto, refere-se ao corpo de ensinamentos que os apóstolos, pela convivência com o Mestre, e pelas suas conclusões vétero-testamentárias, bem como pela necessidade de se fazer frente as heresias, apresentaram aos novos convertidos.
Se quisermos uma igreja vibrante devemos obter um profundo conhecimento das Escrituras, ou seja, ter a nossa vida sustentada pela Palavra de Deus. O Rev. M. Lloyd-Jones nos lembra que "a doutrina visa ser prática e a levar a grandes riquezas na vida cristã.
No entanto, é igualmente importante dizer que as nossas vidas cristãs nunca serão ricas, se não conhecermos e não aprendermos a doutrina. Estas coisas não devem ser separadas uma da outra; são uma coisa só e indivisível".
"Quanto amo a Tua Lei! É a minha meditação, todo o dia!" Será que você pode dizer isto? O grande reavivamento no tempo de Neemias começou quando os homens vieram ao sacerdote e disseram: Trazei o Livro (Neemias 8.1). Se queremos ser uma igreja viva e atuante devemos permitir que a doutrina de Deus renove o nosso coração, nossa mente e que a Sua Palavra dirija a nossa vida. Portanto, vale dizer que uma das principais características de uma igreja viva é a sua firmeza e perseverança nas doutrinas bíblicas. Levantar-se contra elas e combatê-las é infantilidade e insensatez. É destruir um edifício pelos seus alicerces.

O CÉU NA TERRA

Visto que o céu é estar com Jesus, estar com Jesus é o céu. E podemos estar com Ele agora. Como cristãos, é nosso imenso privilégio comungar com Cristo diariamente, ouvir Sua voz na Bíblia, buscá-lO em oração, partilhar com Ele nossas ansiedades e preocupações, expressar-Lhe o nosso amor e a nossa adoração. Chegamos a Cristo com pedidos por nossas necessidades e pelas dos outros, e pelo progresso do Seu reino. Recebemos dEle direção, fortalecimento e consolo. Não seria isso prelibar o céu?
Porventura não é trágico que haja cristãos professos que têm que ser bajulados ou pouco menos que aguilhoados para que adorem a Deus? A "hora tranqüila" da devoção pessoal é negligenciada por tantos, como se fosse um fardo tedioso! Os cristãos modernos estão prontos a ocupar-se em quase todo tipo de atividade religiosa, mas isso de serena comunhão com o Seu Senhor é considerado mais como um dever do que como um prazer. Eles esperam ir para o céu, afirmam que o aguardam anelantes. Todavia, a essência do céu que eles declaram esperar é essa comunhão com Cristo pela qual eles mostram tão pouco interesse!
Há subjacente a essa apatia espiritual alguma coisa profundamente perturbadora. "Se não chegarmos ao céu antes de morrermos", dizia Spurgeon, "nunca chegaremos lá depois".
Deveríamos passar mais tempo no céu. Deveríamos aproveitar-nos mais dos meios da graça que Deus providenciou para nosso benefício, praticar a presença de Cristo com maior entusiasmo, entrar mais completamente em comunhão com Ele aqui na terra. Quanto mais rica e mais profunda for a nossa comunhão com Ele agora, mais celestial será a nossa presente experiência e mais bem preparados estaremos para a glória. Isaak Walton escreveu sobre o puritano Richard Sibbes: Sobre este abençoado homem, basta fazer-lhe este elogio: O céu estava nele antes dele estar no céu.
Isso deveria ser verdade a respeito de todos nós. Não temos que ficar esperando! Podemos viver nos subúrbios do céu hoje. E quão diferentes isso nos faria! Quanto é que o céu significa para você? O seu presente relacionamento com Cristo dá a resposta.

Rev. Edward Donnelly
(Este texto é parte do livro: Depois da Morte – O Quê? Publicado pela PES)

quinta-feira, setembro 04, 2008

LUTANDO COM DEUS


O Rev. J. I. Packer afirma que o "nosso Deus é um Deus que nos abençoa quebrando". Assim foi com Saulo, quando o Senhor o fez cair no caminho de Damasco para transformá-lo no grande apóstolo que foi. Do mesmo modo Deus agiu com Jacó no vau do Jaboque, a fim de "depurá-lo do seu orgulho".
Há um dualismo na vida de Jacó. Ao mesmo tempo em que o vemos com o temor de Deus, sua vida é marcada pela auto-suficiência, evidenciada em sua atitude de querer levar vantagem em tudo. Por isso usurpa a bênção de seu irmão Esaú e engana seu sogro Labão.
Em Gênesis 32 lemos o relato de sua luta com Deus. A princípio sua auto-suficiência ainda é evidenciada. Em Oséias 12.4 lemos que ele "lutou com o anjo e prevaleceu", isto é, pensou que poderia vencer, confiava em sua própria força. Mas sua esperança de vitória lhe é tirada quando Deus o tornou coxo. Então, ele "chorou e lhe pediu mercê". E sabendo de sua derrota e, reconhecendo com quem lutava, clamou: "Não te deixarei ir se não me abençoares". Aprendeu a não confiar em si mesmo, mas a viver na dependência de Deus.
Isto me faz lembrar a ocasião em que os discípulos de Jesus enfrentavam uma tempestade em alto mar, enquanto o Mestre dormia. A princípio confiaram em suas habilidades, achando que dariam conta, afinal eram pescadores e acostumados com a lida do mar. Até que, destituídos de sua auto-suficiência, acordam a Jesus, suplicando-Lhe Sua intervenção.
Deus permite que passemos por tribulações a fim de que aprendamos a confiar e depender de Deus e em suas promessas, e não em nós mesmos. Torna-nos mancos, tal qual Jacó, para que saibamos que a nossa suficiência vem de Deus.


* A luta de Jacó e o Anjo. Obra do francês Alexander Louis Leloir, 1865.

sábado, agosto 30, 2008

FÉ E OBEDIÊNCIA




Como cristãos reformados, cremos na infalível e inerrante Palavra de Deus. Ela é a lente pela qual devemos avaliar todo e qualquer sistema de teologia. O que realmente importa é o que a Bíblia diz. E nada é mais importante do que o que as Escrituras dizem respeito das boas novas de salvação. O Evangelho de Jesus é a base sobre a qual toda doutrina do Novo Testamento se fundamenta. Contudo, observa-se que a maior parte do evangelicalismo atual – tanto o testemunho pessoal quanto a pregação - está muito aquém de apresentar o Evangelho bíblico de modo bíblico e equilibrado. Este novo evangelho tem produzido uma geração de cristãos cujo comportamento raramente se distingue da rebeldia em que vive o não regenerado. Há uma dicotomia entre fé e obediência. No evangelismo atual não há necessidade de se abandonar o pecado, nem uma mudança de estilo de vida, nem de se assumir um compromisso – nem mesmo a disposição para se submeter ao senhorio de Cristo. Tal ensino tem sido catastrófico a igreja atual. Diferentemente, o evangelho que Cristo proclamava era um chamado ao discipulado, um chamado a seguí-Lo em obediência submissa. John Stott afirmou: "o homem que se entrega a Cristo, perde a si mesmo, não pela absorção de sua personalidade na personalidade de Cristo, mas sim pela submissão de sua própria vontade à vontade de Cristo". Então, o que é ser discípulo de Jesus?
Primeiramente, ser discípulo é romper com a existência anterior. O chamado ao discipulado cria imediatamente uma nova situação. É uma nova vida (2 Coríntios 5.17). Quando Mateus foi chamado da coletoria; Pedro, André, Tiago e João das redes, não tinham dúvidas de que o chamado de Jesus era sério. Deveriam abandonar tudo para O seguir (Lucas 14.33).
Em segundo lugar, ser discípulo é comprometer-se com a pessoa de Cristo. Cristão é alguém que segue a Cristo, que está inquestionavelmente comprometido com Cristo como seu Senhor e Salvador. Sem Jesus não há discipulado. O discipulado é compromisso exclusivo com a pessoa de Jesus Cristo. A bíblia é clara ao nos ensinar que não podemos servir a dois senhores. Deus não aceita corações divididos. Assim, comprometimento com Cristo implica em ter a mente de Cristo, andar do mesmo modo que Ele andou.
Em terceiro lugar, ser discípulo é ser obediente a Cristo. "O caminho para a fé passa pela obediência ao chamado de Cristo. Exige-se um passo decisivo um passo decisivo, senão o chamado de Jesus ecoa no vácuo, e todo o suposto discipulado, sem esse passo ao qual Jesus nos chama, transforma-se em onda entusiástica mentirosa" , afirmou D. Bonhoeffer. Discípulo é aquele que crê, cuja fé o leva a obedecer. Crer em Deus, segundo as Escrituras, é confiança em Deus. É amor a Deus. É obediência a Deus! A fé está associada com a nossa obediência, com a nossa submissão à Sua vontade. Se assim não for, não será fé. A falta de fé e a falta de obediência são dois lados de uma mesma moeda. Que o Senhor nos guarde de uma fé sem frutos, de uma religião sem obediência!
Por último, ser discípulo é produzir frutos de justiça. A Bíblia ensina claramente que a evidência da obra de Deus numa vida é o fruto inevitável de um comportamento transformado. O apóstolo João escreveu: "Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão" (1 João 3.10). A fé que não produz um viver santo está morta e não pode salvar. Crentes professos em cujas vidas há ausência completa do fruto da verdadeira justiça não encontrarão nenhuma base bíblica que lhes assegure a sua salvação. A verdadeira salvação não é somente justificação. Ela não pode estar separada da regeneração, da santificação e da glorificação final. A salvação é tanto um processo em andamento quanto um fato no passado. É a operação de Deus, através da qual somos feitos "conformes a imagem de seu Filho".

sexta-feira, agosto 29, 2008

VENDO CAVALOS COLORIDOS

O mundo que vivemos é marcado pela violência e pela desigualdade social. Assistimos aos noticiários e, diante de tantas notícias ruins, indagamos: Ainda há esperança? Consequentemente somos tomados de um pessimismo mundano e pernicioso que nos faz cansados, abatidos e que nos leva a viver num pragmatismo tolo: "Comamos e bebamos que amanhã morreremos".
Os profetas Zacarias e Ageu foram contemporâneos e os dois exerceram ministérios complementares entre os exilados de Israel que haviam voltado da Babilônica e reorganizavam a vida política, social e religiosa do povo de Deus. Ambos procuraram estimular, incentivar e encorajar o povo a buscar a Deus a fim de que vencessem as dificuldades. Portanto, é uma mensagem de esperança.
Em Zacarias 1.7,8 lemos que o profeta olhou de noite e viu. Já pensaram nisto? Ver de noite numa época em que não havia recursos luminários e elétricos como em nossos dias. E não somente isto, ele olhou e viu cavalos coloridos!!! Somente os que crêem em Deus podem, em meio as trevas e desesperanças da vida, olhar e ver um futuro promissor. Para muitos a esperança cedeu lugar ao pessimismo, ao descrédito e frustração. Porém, a Palavra de Deus promete:
"Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, firme para sempre" – Salmo 125.1
"Os que esperam no Senhor renovam suas forças como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam" – Isaías 40.31
Para o cristão a esperança está em Deus. Ele é o Deus da esperança e O que dá esperança. Diz-nos o salmista: "Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque Dele vem a minha esperança" – Salmo 62.5
A esperança cristã é a expectativa confiante do cumprimento das promessas divinas. Deus é fiel, imutável e não pode mentir. Nada pode frustrar os propósitos de Deus. Assim, os ouvintes imediatos de Zacarias saberiam , pela visão, que nenhuma nação poderia impedir o plano de Deus em reorganizar o povo, mesmo sendo um grupo insignificante de exilados.
Creia em Deus e em suas promessas. Só assim poderemos enfrentar os desafios da vida, na certeza de que Jesus, Aquele em quem esperamos, nos conduz em triunfo. E como Zacarias sejamos visionários de uma nova vida cheia de esperança. Amém!

LIÇÕES JUNTO AO RIACHO

Deus não pode fazer algo através de nós, antes de fazer algo em nós. Na vida de Elias isto é claramente percebido. Ele nos é apresentado como Elias o tesbita, mas o capítulo 1 termina descrevendo-o como um homem de Deus. O que ocorre entre o v. 1 e o v. 24? O que fez Elias o tesbita se tornar um homem de Deus? Foi a preparação ocorrida em Querite. Gene Getz está correto quando declarou que "quando Deus usa pessoas de uma maneira especial para realizar os seus propósitos na terra, ele as prepara muito bem". A Bíblia nos dá outros exemplos. Moisés foi treinado no deserto por 40 anos, para realizar a libertação do povo de Deus do Egito. José foi outro homem preparado por Deus e teve que passar alguns anos na prisão antes de ser promovido a primeiro ministro. O próprio Paulo ficou por três anos no deserto da Arábia antes de se tornar o grande missionário que foi. Portanto, não nos surpreende que Deus isolasse a Elias como preparação para o que ainda estava para ocorrer em sua vida. A. W. Pink afirma "que todo servo que Deus se digna usar tem de passar pela experiência da prova de Querite antes de estar realmente preparado para o triunfo do Carmelo".
Creio que Deus queria que Elias aprendesse algumas lições ali junto àquele riacho. C. Swindoll faz uma observação importante. Lembra-nos que o nome Querite deriva-se de um verbo hebraico cujo significado é "cortar", colocar no tamanho certo". Esta palavra é empregada no AT com dois significados. Primeiro no sentido de ser cortado (separado) dos outros e, segundo, no sentido de aparelhar uma peça de madeira para construção, deixando-a no tamanho correto a ser usado. Assim, podemos dizer que Elias seria "cortado" de todo envolvimento e atividades que lhe fossem estimulantes e, ao mesmo tempo, seria "aparelhado", "colocado no tamanho certo", aprendendo a depender de Deus.
É possível observarmos que Elias em nenhum momento questionou a Deus, nem perguntou por quê. Ele simplesmente obedeceu. Esta é a primeira lição que aprendemos com Elias. Aprendemos que devemos ser obedientes. Deus disse a Abraão: "Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para terra que te mostrarei", e Abraão foi, obedeceu. Jesus declarou que tinha como prioridade fazer a vontade de Deus, o Pai. Deus fala conosco hoje, não do mesmo modo que falou a Elias e aos demais profetas, mas por meio de Sua Palavra. É nas Escrituras Sagradas que encontramos tudo o que Deus requer de nós. E Ele espera que tão somente O obedeçamos.
Deus também disse a Elias: Vá para Querite e Eu te sustentarei. Deus queria que o profeta aprendesse a andar pela fé. Deus dirige a seu povo passo a passo. Esta é outra lição que devemos aprender. Aprendemos que devemos andar pela fé. Elias não questionou a Deus, dizendo como seria ali no deserto, apenas confiou em sua promessa. Nós devemos confiar em Deus dia após dia. Precisamos aprender a viver o hoje, hoje. Não podemos viver o amanhã hoje. Jesus nos ensinou: "Buscai em primeiro lugar o seu Reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas, portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã; pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal".
Convém lembrar que Deus nunca falou qual seria o passo seguinte antes de Elias dar o passo anterior. Deus disse ao profeta ir até Acabe. Quando Elias chegou ao palácio, falou tudo que tinha a dizer, Deus disse para ir até o riacho. Vá até as torrentes e se esconda. Eu te sustentarei. E Deus não disse o próximo passo até que o riacho secou. Viver na dependência de Deus é viver crendo em suas promessas.
Mas há uma última lição a destacar. Elias ao obedecer a Deus e viver de sua inteira dependência aprendeu a humildade. No livro de Provérbios 3.5 lemos: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento". Se Elias se estribasse em seu próprio entendimento, não teria percorrido por toda aldeia de Israel, proclamando o juízo de Deus e clamando ao povo para o abandono da idolatria? Certamente faria tudo que estava em suas mãos para despertar a consciência adormecida do povo, obrigando a Acabe a por um fim na idolatria. Esta é a última lição a aprender. Aprendemos que devemos ser humildes.
Obediência a Deus, dependência de Deus e humildade são coisas necessárias para realizarmos a obra de Deus. As vezes somos treinados por Deus para que nos tornemos pessoas que Ele quer que sejamos.

quinta-feira, agosto 28, 2008

MENSAGEIROS DA PAZ

O evangelista João relata-nos que, após a morte de Jesus, seus discípulos tiveram medo. Tanto é verdade que, no domingo da ressurreição, os encontramos reunidos numa casa com as portas trancadas (João 20.19-23). Tinham receio de que os líderes religiosos, que haviam crucificado o Seu Mestre, estivessem atrás deles e, então, trancaram as portas. Jesus, repentinamente, aparece no meio deles, dizendo-lhes: Paz seja convosco! Uma saudação comum naqueles dias, usada quando amigos se encontravam. Contudo, como nos diz F. F. Bruce, "nesta ocasião, a saudação abrangia todo o sentido que lhe é inerente". Como a Bíblia nos ensina, Jesus é a nossa paz, pois Ele estabeleceu "a paz pelo sangue da sua cruz" (Cl 1.20). A obra redentora de Jesus de reconciliar todas as coisas com Deus, de justificar gratuitamente pecadores está contida nesta palavra: PAZ. Deste modo, Jesus declarou-lhes que a inimizade para com Deus foi removida pelo Seu sacrifício. E, ao mostrar-lhes suas feridas, os fez lembrar o quanto Ele sofreu para trazer-lhes esta paz. Depois deu-lhes uma missão. A missão de serem mensageiros da paz! Tendo experimentado a graça da paz, deveriam promover a paz.
Hoje, em nossos dias, a paz é o anseio mundial. Pessoas de todas as raças, línguas, tribos, estão unidas por um desejo comum: alcançar a paz mundial. Porém, os últimos acontecimentos nos levam a indagar: será que o mundo um dia terá paz? É preciso lembrar que paz não é simplesmente ausência de guerras, conflitos e problemas. É, antes de mais nada, o estabelecimento de um bom relacionamento entre o homem e Deus, através de Jesus Cristo. E quando restauramos a relação com o nosso Criador, experimentamos a paz conosco mesmos e a paz com o próximo.
Aqueles que, por meio de Jesus Cristo, têm paz com Deus são exortados a seguir a paz com todos. Assim, sobre nós cristãos, pesa a responsabilidade de promovermos a paz. E isto nós fazemos quando proclamamos aos homens a salvação em Jesus. Somos também mensageiros da paz. É através da proclamação do Evangelho de nosso Jesus Cristo que podemos promover a paz. Jesus morreu para trazer a paz, ressuscitou para trazer a paz e se coloca no meio de seus discípulos trazendo a paz em seus corações. Portanto, a mensagem que o mundo precisa para alcançar a paz, e somente os cristãos podem e devem anunciar, é Jesus. Que sejamos mensageiros da paz.

O DESAFIO DE SER CRISTÃO HOJE


Observa-se, com bastante freqüência, que a sociedade tem reclamado da igreja uma postura que revele o seu verdadeiro compromisso com o Senhor Jesus Cristo. A não aceitação do Evangelho tem sido justificada por muitos com o argumento que o cristianismo não tem feito diferença na vida dos cristãos. Até certo ponto o argumento é válido, pois, de fato, muitos não tem revelado ao mundo uma vida verdadeiramente transformada pelo poder de Deus. A presença da igreja no mundo é para revelar a gritante diferença entre a luz e as trevas. Jesus revela aos seus discípulos uma nova identidade ao declarar: "...eles não são do mundo, como também eu não sou" (João 17.14). Eles são pessoas diferentes, que não assumem os valores do mundo em sua conduta e seu estilo de vida retrata uma vida santificada pela Palavra de Deus.
O que cada cristão precisa ter em mente é que há uma diferença fundamental entre os cristãos e os não cristãos. E temos que aceitar a responsabilidade que esta diferença coloca sobre nós. Deus nos colocou no mundo para fazermos diferença. E esta se manifesta no rompimento com a mentalidade do mundo.
Em sua oração sacerdotal, Jesus suplica ao Pai: "Não peço que os tire do mundo; e, sim, que os guardes do mal"(João 17.15). Ser guardado do mal significa não assimilar os valores e os padrões do mundo. Isto, também, não quer dizer que temos que nos alienar ou nos afastar da sociedade. O Rev. John Stott declara: "Certos cristãos, preocupados acima de tudo com serem inequivocamente fiéis à revelação de Deus, ignoram os desafios do mundo moderno e vivem no passado. Outros, ansiosos por responder ao mundo que os cerca, enfeitam e torcem a revelação de Deus, em busca de relevância. Tenho tentado a evitar ambas as armadilhas, pois o cristão não é livre para submeter-se, nem à antigüidade nem à modernidade. Ao invés disso, tenho buscado com toda a integridade submeter-me à revelação de ontem dentro da realidade de hoje. Não é nada fácil combinar lealdade ao passado com sensibilidade ao presente. É este, no entanto, o nosso chamado cristão: viver no mundo sob a Palavra".
Isto nos impõe um grande desafio. O desafio de ser cristão hoje.

sexta-feira, julho 18, 2008

PERMANECENDO NA PALAVRA



O apóstolo Paulo nos exorta a chegar "a perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo". E o objetivo de tal exortação é "para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levado ao redor por toda sorte de doutrina" (Efésios 4.13,14). Portanto, não devemos ser como palha ao vento e nem nos curvarmos diante das tendências que prevalecem em nossa sociedade a qual rejeita os padrões absolutos da Palavra de Deus. Ao invés disso, somos conclamados a permanecer fielmente na Palavra de Deus: "Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardais as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa" (2 Tessalonicenses 2.15). Isto porque a Bíblia é o livro de Deus. Deus é o autor da Escritura Sagrada. Como nos diz certo servo de Deus, "a Escritura se originou na mente de Deus e foi comunicada pela boca de Deus, pelo sopro de Deus, ou pelo Seu Espírito". E o propósito de Deus se ter revelado através da Bíblia é de nos despertar à fé em Jesus Cristo (João 5.39) e para a salvação que há NEle.
Calvino afirmou que a Escritura contém o guia perfeito de uma vida boa e feliz, porque a verdadeira felicidade está na reconciliação do homem pecador com o Criador.
Uma vez que a Bíblia é o livro de Deus e tem um propósito tão especial, ela se reveste de tremenda importância para nossas vidas. Não devemos adorar a Bíblia e, sim, o Deus que se revela em suas páginas . Esta adoração inclui: estudar, ensinar e obedecer aos Seus mandamentos. A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. Assim, pois, permaneçamos na Palavra de Deus.

segunda-feira, junho 23, 2008

"Bom é o Senhor para os que esperam por Ele"

Tempos de dificuldades são muito comuns na vida de todos nós. Problemas financeiros, profissionais, familiares, emocionais e até mesmo espirituais fazem parte do nosso dia a dia. Quem nunca os enfrentou? O que fazer em meio a estes períodos de turbulência? Como devemos enfrentar as tribulações que passam por nós? Creio que o profeta Jeremias tem muito a nos ensinar, ele afirmou: “Bom é o Senhor para os que esperam por Ele. Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso em silêncio” (Lm 3.25,26). Esta é também a experiência de Davi. Ele escreveu: “Esperei confiantemente pelo Senhor; Ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Salmo 40.1). Devemos entregar toda a nossa inquietação, toda a nossa aflição nas mãos do Senhor. Isto porque, em primeiro lugar, Deus é maior que os nossos problemas. Deus nos diz: “A quem, pois, me comparareis para que Eu lhe seja igual?” (Isaías 40.25).
Não há nada que seja maior do que Deus e não há ninguém que se compare a Ele. Diante da grandeza de Deus tudo se torna pequeno, inclusive as nossas crises.
Em segundo lugar, Deus é o nosso único refúgio e segurança. Quando as ondas do mar agitado rugem na sua fúria incontrolável, o pequeno marisco se agarra a rocha e dela não se desprende por nada. Ele sabe que somente ali está em segurança. Deus é a nossa rocha em quem devemos confiar e nos firmar para vencermos as tempestades da vida. Lembre-se que “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46.1).
Em terceiro lugar, Deus pode transformar situações ruins em bênçãos. Assim devemos fixar nosso olhar não nas circunstâncias difíceis, mas no Deus Todo Poderoso. Esta foi a experiência de José, filho de Jacó, quando Deus transformou o mal que seus irmãos lhe fizeram em bem. Paulo nos lembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28).
Assim, quero lhe dizer: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará...Descansa no Senhor e espera Nele” (Salmo 37.5,7)

quinta-feira, março 13, 2008

CONTEMPLAÇÃO DA CRUZ

Há um hino de Issac Watts que diz:
Ao contemplar a Tua cruz
E o que sofreste ali, Senhor,
Sei que não há, ó meu Jesus
Um bem maior que o Teu amor
Contemplar a cruz é ver a agonia de Jesus. A coroa de espinhos, a espada que lhe abriu os lados e suas mãos e seus pés cravados na cruz. A agonia experimentada não só no calvário, mas desde o momento em que assume nossa humanidade. Calvino nos diz que "com toda verdade se pode dizer que não somente passou toda sua vida em perpétua cruz e aflição, senão que toda ela foi uma espécie de cruz contínua".
Contemplar a cruz de Cristo é ver o sofrimento do Deus humanado. O segundo Adão, Perfeito, Santo e Imaculado "foi feito sujeito à lei, que se cumpriu perfeitamente em sua alma os mais cruéis tormentos e em seu corpo os mais penosos sofrimentos" (CFW, 8.4).
Tenho sede! Bradou o Cordeiro de Deus. Nesta declaração há uma expressão de dor, sofrimento. O qual o Cristo teria de passar para satisfazer o pacto concertado com o Pai na eternidade e era esta a única alternativa para a salvação do Seu povo, pois "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9.22).
Contemplar a cruz é ver a liberdade. Jesus nos diz que "todo o que comete pecado é escravo do pecado" (João 8.34) E não há quem não peque! "Todos pecaram", é enfática a declaração bíblica. Mas alhures acrescenta: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.36). Os cristãos são transportados do reino das trevas para o reino da luz e, assim, são livres do poder do pecado para servirem a Deus.
Contemplar a cruz é, acima de tudo, ver o grande amor de Deus. Eis aqui o ato mais surpreendente de toda história. O mundo criado perfeito é corrompido pelo pecado e agora objeto do amor divino. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Ó amor bendito, insondável, puro, santo e inexaurível do eterno Deus por nós pecadores! Mas, ao mesmo tempo, é tangível, palpável e verdadeiro. E como Paulo afirmou: "Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5.8).
Que nesta páscoa, ao contemplarmos a cruz, lembremo-nos que a agonia e o sofrimento de Cristo foi para que nós provássemos de Sua liberdade e de Seu imenso amor. Concluo com as palavras finais do mesmo hino que iniciei:

Tudo o que eu possa consagrar
Ao Teu serviço, ao Teu louvor,
Em nada poderei pagar
Ao que me dás em Teu amor!

segunda-feira, março 10, 2008

AMANDO UNS AOS OUTROS COMO DEUS NOS AMOU

O apóstolo João escreveu em sua primeira epístola que aquele que guarda a Palavra de Deus, nesse verdadeiramente o amor de Deus é perfeito (1 João 2.5). Guardar a Palavra e permanecer em Deus tem o mesmo significado e produz o mesmo resultado: o aperfeiçoamento do amor de Deus em nós.

A Palavra de Deus nos revela o caráter, os desígnios e a vontade de Deus e, assim, necessitamos meditar nela dia e noite a fim de que desfrutemos de uma intimidade tão grande com o nosso Criador que sejamos capazes de expressar os atributos divinos como parte da nossa própria existência. E, com Paulo, possamos afirmar: Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gálatas 2.20).

Deus é amor, e o convívio com Ele nos leva amar aos outros como Ele nos amou. Nem sempre é fácil vivermos em comunhão com nossos irmãos, muito menos com os nossos inimigos. Creio que esta dificuldade provém do fato de não estarmos em comunhão com Deus.

Agostinho declarou: Ama teus inimigos, desejando que eles se tornem teus irmãos; ama teus inimigos pedindo para que sejam chamados a entrar em comunhão contigo! È dessa forma que amou aquele que – suspenso à cruz – dizia: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem”.

Que verdadeiramente a Palavra do Senhor permaneça em nós e que sejamos capazes de amar a todos, inclusive aqueles que não nos amam.

domingo, março 09, 2008

CONFIE E OBEDEÇA

No capítulo 15 do livro de Gênesis Deus promete dar a Abrão um filho. E acrescenta que a sua posteridade seria tão numerosa quanto as estrelas do céu (v.5). Mas observamos que Abrão e Sarai são como nós: impacientes. Primeiro Abrão achou que a promessa se cumpriria através do seu escravo, Eliezer. Segundo, Derek Kidner, estudioso da Bíblia, este era o costume dos horeus, para este povo um homem que não tivesse filho adotava um herdeiro para garantir um enterro apropriado. Depois a esposa de Abrão entregou a seu marido sua escrava, Hagar, para que ela lhe desse um herdeiro.
Como somos tolos! Queremos ajudar Deus a cumprir suas promessas!? Quando agimos assim demonstramos toda nossa incredulidade e sofremos as conseqüências deste ato, como Abrão e sua esposa sofreram.
Conhecer a Deus, conhecê-lo realmente, é confiar nele e em suas promessas. Deus afirmou: “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande” (v.1). Ele Se revelou como Seu benfeitor. Portanto, a confiança deve ser posta em Deus; a esperança, na promessa. Somente depois de seis capítulos ou aproximadamente após 25 anos a promessa se cumpriu com o nascimento de Isaque. Abrão aprendeu a lição, pois a Bíblia nos diz que “Ele creu no Senhor e isto lhe foi imputado para justiça” (v.6).
Portanto, aprendamos com o pai da fé a entregar tudo nas mãos daquele que é o nosso Pastor, Aquele que pode nos sustentar e permaneçamos fiéis. Confie e obedeça. “Confia os teus cuidados ao Senhor, e Ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado” (Salmo 55.22).

sábado, março 01, 2008

COMO, POIS, SERIA JUSTO O HOMEM PERANTE DEUS?

A Bíblia, ao descrever a condição natural do homem, fala-nos que “todos estão debaixo do pecado...não há um justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram...pois todos pecaram” (Rom. 3.9-12,23). Todos, independentemente da cor, da raça, do conhecimento e da posição social – todos. Este ensino revela-nos que Deus – que não vê as coisas superficialmente como nós homens vemos – tem esquadrinhado e provado todos os corações, e, como Justo Juiz, tem declarado a terrível sentença, contra a qual não há apelação: Culpado! Portanto, se todos acham-se debaixo do pecado, se todos são culpados diante de Deus, destaca-se a importância da pergunta no livro de Jó: Como, pois, seria justo o homem perante Deus? Encontramos na Palavra de Deus a resposta a esta questão. Deus, em seu infinito amor e sabedoria, resolveu este problema de uma maneira a inspirar ao mais desesperado pecador e, ao mesmo tempo, satisfazer Sua própria justiça, dignificando Sua honra, ofendida pelo pecado. Em primeiro lugar, o homem pecador não pode ser justificado pelas obras da lei (Rom. 3.20). Este é o ensino bíblico e, no entanto, há muitas pessoas que estão tratando de alcançar o céu, a comunhão com Deus, através das boas obras. Acham que se cumprirem a lei, alcançarão o céu! Se amarem a Deus e ao próximo, como nos diz a Lei, terão direito ao paraíso. Este é um ensino falso e fatal! Com razão as Escrituras nos ensinam que “há caminho que parece direito ao homem, mas ao final são caminhos de morte” (Pv 16.25). Não podemos, por nós mesmos mudarmos a nossa natureza pecaminosa com uma reforma exterior, pois “quem da imundícia poderá tirar cousa pura?” (Jó 14.4). Outra razão que encontramos na Bíblia para a impossibilidade de alguém justificar-se a si mesmo é que “pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rom 3.20). O pedreiro ao construir uma parede utiliza-se de um fio de prumo. Esse fio de prumo é um instrumento exato, pois forma uma linha reta, perfeitamente perpendicular. O pedreiro ao colocá-lo em uma parede torta, sem dúvida nenhuma constatará que a parede está torta e mais nada poderá fazer o prumo. Ele não poderá endireitar a parede. A Lei é expressão da perfeita santidade de Deus e, tal qual o prumo, põe em relevo os nossos pecados e nos condena. Deus nos deu a Sua Lei para que através dela reconhecêssemos como de fato somos: pecadores! Em segundo lugar, o homem é justificado pela graça. Após analisarmos a justificação de forma negativa, chegamos a resposta afirmativa, aquela que nos diz a maneira como podemos ser justificados, a saber: “Justificados gratuitamente, por sua graça”. Tendo Deus nos condenado pela Lei, agora oferece tratar-nos sobre a base da sua graça. Somente depois de termos perdido toda a esperança de salvação por nossas boas obras, Deus nos oferece um dom gratuito, algo que jamais poderíamos adquirir, fizessemos o que fizessemos. A salvação é pela graça! Esta é a mensagem simples do Evangelho, as boas novas de salvação. Contudo, por causa do nosso orgulho, muitos têm recusado tal dádiva. Tenazmente se deixam possuir do pensamento de que há algum mérito em sua própria religiosidade, no fato de que freqüentam assiduamente a igreja, ajudam aos outros que são mais carentes ou simplesmente por observar uma boa conduta diante de todos. Não se deixe enganar querido amigo. A Bíblia afirma que “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, Ele nos salvou...” (Tito 3.5).

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

DISCIPLINA: A PROVA DA NOSSA FILIAÇÃO

A epístola aos hebreus é, sem dúvida nenhuma, um dos escritos neotestamentários mais obscuro quanto ao pano de fundo histórico. Contudo sua mensagem se reveste de valor inestimável, pois descreve a supremacia do cristianismo em relação a outras religiões. Para Calvino, depois da carta de Paulo aos Romanos, Hebreus a segue em importância. Portanto ainda que algumas questões não possam ser respondidas de forma satisfatória, devemos nos esforçar nas na tentativa em respondê-las, a fim de que tenhamos uma melhor compreensão do seu conteúdo.

Uma Destas questões é quanto a autoria d carta. Muitos nomes têm sido indicados: Paulo, Barnabé, Lucas, Clemente de Roma e Apolo. Origines foi o mais sábio na tentativa de identificá-lo: “O caráter de estilo da epístola aos Hebreus carece da rudeza expressiva do apóstolo (refere-se a Paulo); a epístola, idiomáticamente, é mais grega na composição de suas locuções. Aquele que está capacitado para reconhecer diferenças de estilo, poderá verificar isto. Mas, por outro lado, os pensamentos da epístola são admiráveis e de nenhuma maneira inferiores àqueles reconhecidos como escritos pelo apóstolo (...) porérm, quem foi o verdadeiro autor da carta, Deus sabe a verdade do assunto”[1]. Embora o autor nos seja desconhecido, sabemos, por outro lado, que o mesmo estava familiarizado com seus leitores (veja-se: 5.12; 6.9; 13.18,19, 23-24), conhecia Timóteo (13.23) e que pelo conhecimento do ritual judaico seria, provavelmente, judeu.

Esta epístola é dirigida a uma comunidade de crentes, onde seus leitores eram cristãos judeus. W. Manson sugere que a epístola toda estava dirigida a uma minoria de hebreus, que formavam uma seção da igreja judeu-cristã de Roma[2]. O que nos leva a datá-la no período anterior da perseguição de Roma em 64 d.C. “Moule aprecia a opinião... de que a epístola foi escrita antes de 70 A.D., quando ao rebentar a guerra judaica, uma onda de patriotismo pode ter perfeitamente varrido a palestina até cobrir toda a diáspora do judaísmo, constituindo uma grande tentação para que os cristãos judeus revertessem ao judaísmo”[3]. Portanto, o autor escreve a uma comunidade que teve que suportar uma perseguição severa por causa da fé em Jesus Cristo (10.32), alguns negligenciavam a assembléia pública (10.25) e outros apostataram de forma irrevogável (6.1-6); 10. 26-31). O autor recorda-lhes, então, o sofrimento de cristo (12.2,3) e exorta-os: “Ora na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até o sangue” (v.4). Referia-se a um combate mortal. Desta forma, estava afirmando que eles ainda não haviam sido chamados a selar o seu testemunho com o próprio sangue. Ou como nos Lightfoot, “o teste deles não tinha sido do tipo mais severo, pois até aquela ocasião nenhum deles tinha morrido como mártir pela causa de Cristo”[4]. Na verdade estava dizendo que não era tempo de ficarem desencorajados, houveram irmãos (cf. cap. 11) que haviam permanecido firmes em meio a sofrimentos muito piores. Calvino afirma “que não há razão para pedirmos do Senhor um descanso, seja qual for o serviço que tenhamos prestado; pois Cristo não licenciará a seus soldados até que tenham conquistado a mesma morte”[5]. Em vez disso deviam dar-se conta que suas lutas presentes eram um sinal do amor de Deus por eles, revelando o Seu cuidado paternal. Contudo, a submissão à correção de Deus se faz necessária para evidenciar este cuidado, conforme observa Calvino: “...o apóstolo nos demonstra que as correções dó são paternais quando obedientemente nos submetemos a Ele”[6].

Deus se tem utilizado, muitas vezes, de provas difíceis e duras como métodos de nos disciplinar e como sinal de que realmente somos filhos amados de Deus (Hb 12.5,6). “Por meio de provações e dificuldades Deus treina seus filhos no caminho que deseja que sugam, e que essas dificuldades em lugar de servirem para indicar o desagrado de Deus, são na realidade uma prova de seu amor”[7]. Isto é claramente percebido no versículo 7, do capítulo 12, pois a falta de interesse de um pai em aplicar a correção é sinal de ilegitimidade, ou seja, “se Deus não se preocupassem em discipliná-los, então não seriam seus filhos”[8]. Observamos o que o autor diz em 5.8: “Embora sendo Filho (com referência a Cristo), aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”.

Não nos esqueçamos que nosso Pai Celestial nunca irá nos impor uma disciplina que não seja para o nosso bem (Romanos 8.28). E o bem supremo que Deus tem para seus filhos é este: que eles participem de Sua santidade. “Os castigos de Deus estão destinados a subjugar e mortificar nossa carne, a fim de que sejamos renovados para uma vida celestial”[9]. Assim, a participação na santidade de Deus não pode ser interpretada literalmente, senão como meio que nos exercita na mortificação da carne. Portanto, a santidade é a meta pela qual Deus está preparando o seu povo, a qual será consumada de forma plena na manifestação final da glória de Cristo. Em nossas lutas não nos deixemos desanimar, antes, cientes de sermos filhos de Deus e que, por Ele mesmo, somos santificados, “corramos com perseverança a carreira que nos está proposta”.



[1] Citado por F.F. Bruce in La Epistola a los Hebreos, p.xxxvii.


[2] Ver F. F. Bruce, op.cit., p. xxiv, notá de rodapé no. 8.


[3] Citado por N. R. Lightfoot, Hebreus, p.37, cf nota de rodapé no. 40.


[4]Op.cit., p.283.


[5] Epistola a los Hebreos, p. 278.


[6] Op. Cit., p.279.



[7] Lightfoot, op. Cit., p.284.


[8] F.F. Bruce, op. Cit., p.360.


[9] Calvino, op. Cit. P.281.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

SEJA SÁBIO, OBEDEÇA A DEUS NO TEMPO CERTO

O sábio nos diz: "tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito para todo propósito debaixo do céu" (Eclesiaste 3.11). É fácil perder o tempo para determinada missão. Israel teve um tempo determinado para tomar posse da terra prometida; mas por causa da incredulidade, a oportunidade passou. Eles tentaram criar o seu próprio tempo, porém foram feridos e derrotados.
Assim, aprendemos que a nossa vontade tem de submeter-se ao tempo determinado por Deus. Os espias que subiram para ver a terra que o Senhor haveria de dar aos israelitas, não confiaram na promessa de Deus e seduziram todo povo a não subir (Leia Números 13,14). Como resultado dessa incredulidade aquela geração fora impedida de entrar na nova terra, morreram no deserto. Mas depois do castigo dado por Deus, sem buscar a direção e a vontade de Deus nesta nova situação, o povo se levantou pela manhã e subiu ao cume do monte dizendo: "Eis-no aqui e subiremos ao lugar que o Senhor tem prometido, porquanto havemos pecado" (Números 14.40). Moisés então os advertiu: "Por que transgredis o mandato do Senhor? Pois não prosperará (v.41). E pelo desprezo desta advertência, o povo multiplicou seus pecados contra o Senhor. Pelo uso da própria vontade, o povo se tornou rebelde contra Deus e presunçoso nas suas próprias capacidades. Porém nada prospera sem a aprovação de Deus. Deste modo o povo foi ferido e derrotado cruelmente pelos amalequitas.
Há neste episósido duas lições a aprender. Sem o devido preparo e aprovação de Deus boas intenções não tem nenhum valor e o fim é sempre desastroso. Segunda, um erro não pode corrigir outros erros. Permita Deus o Senhor que estejamos atentos ao Seu querer e prontos a obedecê-Lo, crendo em suas promessas. Lembre-se que episódios como este, são narrados para nos ensinar a n ão repetir os mesmos erros. Que sejamos sábios e cumpramos a vontade de Deus em nossas vidas, no tempo determinanado por Ele.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

AMAI-VOS UNS AOS OUTROS

“Acaso sou eu tutor do meu irmão?” Esta é a resposta dada por Caim a Deus quando interrogado acerca de seu irmão Abel. Caim se mostrou sarcástico e irresponsável diante de Deus.
O mandamento divino nos ensina que se alguém é meu irmão, então eu sou seu tutor. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, declara-nos Jesus. E isto inclui que devo cuidar dele com amor e preocupar-me com o seu bem-estar.
Creio que a primeira evidência de um cristão cheio do Espírito Santo não é uma experiência mística particular, mas o nosso relacionamento prático de amor com as outras pessoas. Falar do amor em termos abstratos e generalizados é fácil, o que nos torna hipócritas por não vivermos aquilo que cremos. O que se requer do verdadeiro cristão é um agir concreto em situações que realmente demonstramos amor. Por isso Paulo nos exorta: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura (...) levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo (Gálatas 6.1,2).
O relacionamento entre cristãos deve ser marcado pelo serviço. Se meu irmão tiver um fardo pesado, devo ajudá-lo a carregar esse fardo. Se ele cair em pecado, devo restaurá-lo, fazendo-o com mansidão. Isto é amar! O Rev. Ray Stedman declara: “Levar os fardos um do outro significa pelo menos apoiar um ao outro em oração. Significa também estra disposto a gastar tempo, tentando compreender profundamente o problema da outra pessoa e se comprometer num certo esforço de aliviar tensões ou desânimo, ou de achar algum modo de ajudar financeiramente ou com um conselho sábio”.
É através desta atitude que cumprimos a Lei de Cristo. A “lei de Cristo” é amar uns aos outros como Ele nos ama. Cristo deseja ver em nós qualidades do Seu caráter. Espera de nós ações que são de acordo com a Lei de Deus e com a mente do Espírito Santo de Deus.

O EXEMPLO DE NEEMIAS

A realização da obra de Deus é motivada por dois fatores essenciais: 1o) a convicção do chamado de Deus e, 2o), por uma necessidade específica. Este é o caso de Neemias. Em seu livro o vemos enfatizando que a reconstrução dos muros de Jerusalém era algo que Deus pusera em seu coração e esta vocação é despertada a partir das informações dadas por Hanani: Os restantes que não foram levados para o exílio se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo, os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas queimadas (1.3). Portanto, a obra empreendida por ele não foi executada por capricho ou interesse particular, mas por vocação divina e uma real necessidade.O sucesso deste empreendimento viria não pelo poder e força humanos, mas do próprio Deus que nos chama. E Neemias sabia disto: “tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, chorei, e lamentei por alguns dias; estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (1.4). Precisamos lembrar ainda que realizar a obra de Deus implica, necessariamente, enfrentar obstáculos, encontrar oposição e dificuldades. E assim foi também com Neemias, pois inimigos se levantaram contra ele, zombando e o desprezando. Contudo, vemos Neemias com o povo lutando com uma das mãos e construindo com a outra (4.17). A convicção da presença de Deus nesta obra fez com que eles fortalecessem as mãos para a obra. Por fim, os muros foram edificados, provando que no Senhor o trabalho não é vão. Nós hoje, a semelhança de Neemias, temos uma grande obra a empreender. Não devemos nos abater com as dificuldades, mas nos envolver nesta luta com fé, oração e santificação. Lembre-se: “O Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós seus servos nos disporemos e reedificaremos” (Neemias 2.20).

sexta-feira, janeiro 18, 2008

AS MARCAS DE JESUS - Gálatas 6.17

A palavra grega para “marcas” é stigmata, donde surge a nossa palavra estigma. Os homens da idade média acreditavam que essas marcas eram cicatrizes das mãos, dos pés e do lado de Jesus, e através de uma profunda identificação de Paulo com Cristo elas haviam aparecido no corpo do apóstolo. Entretanto, é muito pouco provável que as marcas de Jesus que Paulo levava fossem desse tipo.
No grego secular essa palavra relaciona-se com o verbo stizo, “ferrar”, “marcar com um instrumento pontiagudo”, e, quando se aplica a carne de homens e animais , “ferretear”, “tatuar”. Usava-se para a marcação de um escravo ou um criminoso. Creio com isso que Paulo não estava querendo dizer que tinha o seu corpo tatuado com um símbolo cristão, como a cruz, ou o nome de Jesus. Em 2 Coríntios 11.23-25 Paulo conta-nos dos sofrimentos enfrentados: açoites, apedrejamento, naufrágios, prisões, etc. Os ferimentos que seus perseguidores lhe infligiram e as cicatrizes que ficaram estas eram as marcas de Jesus. É possível que, neste texto, ele estivesse afirmando que a perseguição e não a circuncisão era a autêntica tatuagem cristã. O Rev. J. Stott declara que “como judeu, ele tinha em seu corpo a marca que os judaizantes enfatizavam; mas também tinha outras marcas, provando que pertencia a Jesus Cristo, não ao povo Judeu. Ele não havia evitado a perseguição por causa da cruz de Cristo. Pelo contrário, carregava em seu corpo ferimentos que o marcavam como verdadeiro escravo, um devoto fiel de Jesus Cristo”. Deste modo, o apóstolo está pensando metaforicamente no distintivo de Jesus sobre ele, o escravo do Senhor. Aos filipenses (3.3) escreveu: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne”. Sua ênfase está não num rito exterior e físico como o da circuncisão, mas nas evidências internas que nos confirma como verdadeiros cristãos.
Temos nós hoje, em nosso corpo, as marcas de Cristo? Quais os sinais que evidenciam o senhorio de Jesus em nossas vidas? É claro que não falo de cicatrizes que possa haver em nossos corpos, pois, pela misericórdia de Deus, não enfrentamos perseguições. Contudo, falo de evidências em nosso viver diário que autenticam o nosso cristianismo; que comprovem que, verdadeiramente, somos de Cristo, somos filhos de Deus. Creio que algumas marcas são comuns a todos os cristãos.
A primeira delas é A MARCA DA CONVERSÃO. Li em uma revista cristã, intitulada Fé para Hoje, um tópico intitulado “Regeneração e Conversão”. Neste pequeno extrato de teologia o autor declara: “As Escrituras nos ensinam não somente que a regeneração é essencial em todo conversão, mas também que toda regeneração é invariavelmente acompanhada pela conversão responsável e inteligente da alma (...) a regeneração é uma obra divina, uma obra que transforma o coração do homem, por meio da soberana vontade de Deus; enquanto a conversão é a atitude de uma pessoa em voltar-se para Deus, tendo uma nova inclinação outorgada ao seu coração”.
A conversão é o lado humano da mudança espiritual que se opera no homem, a qual, vista do lado divino, nós chamamos de regeneração. Nela há dois elementos. O primeiro deles é negativo e é chamado de arrependimento, constituído de tristeza que sente o pecador pelo seu estado de miséria e da resolução de abandonar o pecado. O segundo é positivo, chamado de fé, que é a resolução do pecador de voltar-se para Cristo. Portanto a conversão envolve fé e arrependimento. Certo estudioso afirmou que “a conversão é tanto um evento como um processo. Significa a atuação do Espírito Santo sobre nós, por meio do qual somos movidos a responder a Jesus mediante a fé. Inclui também a obra contínua do Espírito Santo dentro de nós, purificando-nos e remoldando-nos à imagem de Cristo”. A prova de que a nova vida realmente começou precisa ser buscada na conduta diária da pessoa. Paulo exorta-nos “Desenvolvei a vossa salvação”. Temos nós apresentado em nosso viver a marca da conversão? Há evidências claras da graça de Deus operada em nós?
Outra marca que é comum a todos os cristãos é A MARCA DO SOFRIMENTO. O Rev. John MacArthur declarou que “a dor e o sofrimento são resultantes da hostilidade do mundo aos crentes e assim, seriam algo normal; alguma coisa que os crentes devem esperar acontecer em suas vidas”. Ainda que não gostemos de admitir, é algo que deve ser dito: o sofrimento faz parte da própria natureza da nossa vida com Cristo aqui neste mundo.. O Senhor mesmo declarou isto: “No mundo tereis aflições”; e referiu-se ao discipulado como “lançar mão no arado”, “tomar a cruz”, “negar a si mesmo”. Não devemos nos desanimar se nosso cristianismo não é popular e se poucos concordam conosco. “Estreita é a porta, e apertado o caminho e são poucos os que acertam por ela” (Mateus 7.14). Paulo enfrentou grandes tribulações, como já mencionamos, e ele comissionou Timóteo aos crentes de Tessalônica dizendo: “... a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto”.
A Bíblia afirma que estamos crucificados com Cristo, o que nos identifica com o seu sofrimento e sua morte, ou como diz o apóstolo Pedro somos co-participantes dos sofrimentos de Cristo. Contudo, do mesmo modo que com Ele sofremos, também com Ele seremos consolados. “Se com Ele (Cristo) sofremos, também com Ele seremos glorificados” (Romanos 8.17). Paulo nos lembra que estas aflições sãos leves e temporárias em comparação com a glória eterna vindoura. Houve um missionário que resolveu colocar sua vida no altar de Deus. Trabalhou entre os índios da América do Norte. Seu nome: David Brainard. Ele calculou o preço de seguir a Cristo e deliberadamente fez uma escolha significava separar-se do mundo civilizado, com suas vantagens, e associar-se à dureza, ao trabalho e, possivelmente, a uma morte prematura. Morreu aos 29 anos devido a sua fragilidade física e aos rigores do campo missionário, ele contraiu tuberculose. Certo biógrafo escreveu: “Ele foi como uma vela que na medida em que se consumia, transmitia luz àqueles que estavam em trevas” (Testemunho extraído da Revista Fé para Hoje).
Uma terceira marca a destacar é A MARCA DO SERVIÇO. Marcos, o evangelista apresenta-nos Jesus como exemplo de servo. O próprio Mestre afirmou que não veio para ser servido, mas para servir. Toda existência foi gasta em prol do próximo. Suas palavras de graça, seu ensino com autoridade, seus milagres, tudo foi evidência que Ele havia vindo ao mundo para servir. Neste aspecto revolucionou o mundo grego, pois “a entrega voluntária de si mesmo ao serviço de seu próximo é estranha ao pensamento grego. O alvo mais sublime do homem era o desenvolvimento de sua própria personalidade”. Jesus traz a novidade de uma vida de serviço e exorta a sua igreja a seguir seu exemplo.
Paulo nos lembra que outrora fomos escravos do pecado, mas que pela misericórdia de Deus, Jesus Cristo nos libertou desta escravidão e nos fez escravos de Deus. Para o apóstolo o homem sempre será escravo; ou do pecado, que traz vergonha e morte, ou de Deus, que resulta em santificação e vida eterna. Ele mesmo se viu como servo de Deus e se considerava um ministro. Ele é ministro de Deus, de Cristo, do Evangelho e da Igreja. A palavra ministro traduz a palavra grega diakonos que quer dizer servo. Então, quando se referia a si mesmo como ministro não estava atribuindo um título de honra, mas colocava-se como servo de Deus, de Cristo, do Evangelho e da Igreja.
A Bíblia nos exorta: “esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens”. J. C. Ryle declarou: “Esforcemo-nos por deixar o mundo melhor, mais santo, mais feliz do que era quando nascemos. Uma vida dessa maneira verdadeiramente se assemelha à de Cristo”.Por certo poderíamos enumerar outras marcas, mas creio que estas já nos são suficientes. Que as marcas da conversão, do sofrimento e do serviço estejam presentes em nosso viver.