sábado, outubro 24, 2020

LUTERO E A REFORMA PROTESTANTE

Observa-se que no final da Idade Média a igreja deixou de ser uma comunidade de discípulos de Cristo e tornou-se uma instituição poderosa e secular, a qual dominava a sociedade europeia em quase todos os aspectos. Diversos fatores se conjugaram para formar o ambiente no qual floresceu a reforma religiosa do século XVI: transformações nos campos político, social, econômico, intelectual e geográfico. 

O historiador Lucien Febvre descreveu o período que antecedeu a Reforma Protestante como um período de “imenso apetite pelo divino”, contudo era uma espiritualidade profundamente insatisfatória e, conforme nos diz Timothy George, “a maior realização da Reforma foi ter sido capaz de redefinir essas ansiedades sob o aspecto de novas certezas, ou melhor, velhas certezas redescobertas.”.  O monge agostiniano chamado Martinho Lutero refletiu bem o espírito de sua época, buscava inquietantemente alcançar a salvação e tentou satisfazer os anseios de sua alma com suas próprias realizações. Portanto, a Reforma do século XVI foi um movimento eminentemente religioso.


Contudo, em novembro de 1515, quando começou a expor a Epístola de Paulo aos Romanos em suas aulas na Universidade de Wittenberg, compreendeu a doutrina paulina da justificação pela fé somente.  Lutero declarou: “Ansiava muito por compreender a Epístola de Paulo aos Romanos, e nada me impedia o caminho, senão a expressão ‘a justiça de Deus’, porque a entendia como se referindo àquela justiça pela qual Deus é justo e age com justiça quando pune os injustos... Noite e dia eu refletia até que... captei a verdade de que a justiça de Deus é aquela justiça pela qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos justifica pela fé. Daí em diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de Deus’ me enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior amor. Esta passagem veio a ser para mim uma porta para o céu”. Ele aprendeu que a justiça de Deus não é uma exigência cujo cumprimento deve ser conquistado, mas um dom a ser recebido pela fé. A experiência de conversão de Lutero virou a piedade medieval de ponta cabeça.

Uma vez compreendida a doutrina da justificação, Lutero indignou-se com a venda das indulgências. As indulgências eram diplomas que garantiam o pleno perdão de pecados, ou a redução da punição. Em resposta Lutero afixou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, com o título: Debate para o Esclarecimento do Valor das Indulgências.

O Rev. Dr. D. Martin Lloyd-Jones afirmou: “Para épocas especiais são necessários homens especiais; e Deus sempre produz tais homens”. São poucos os homens que têm sido um instrumento na mudança do curso da história. Martinho Lutero foi um deles.  

Nenhum comentário: