segunda-feira, setembro 10, 2007

UMA MENINA ANÔNIMA - 2 Reis 5.1-19

No chamado sermão do monte, Jesus, dirigindo-se aos seus discípulos disse: “Vós sois o sal da terra”. Depois de descrever o cristão nas bem-aventuranças, Ele nos diz o que o cristão faz. Nós somos sal e, assim, devemos “salgar”. Deste modo, destaca-se a diferença que há entre os cristãos e os ímpios. E como afirmou o Rev. Stott , “a influência dos cristãos na sociedade e sobre a sociedade depende da sua diferença e não da sua identidade”. Em nosso texto encontramos uma menina que fez diferença na sociedade em que se encontrava. Era uma jovem que conhecia e temia ao Senhor e estando na Síria como escrava, ainda assim, pode salgar. Tal como o sal, ela deu um novo sabor a vida de Naamã. Assim,quero destacar algumas coisas que são relevantes na vida daquela menina que são relevantes também hoje.

Muitas pessoas acham que o “poder”, o “sucesso” e o “dinheiro” são as coisas mais importantes no mundo. Assim vivemos dias marcados pela disputa, pela competição a qualquer custo, gerando ódio e conflitos que resultam em guerra declarada. Por outro lado, a Bíblia deixa claro que existe uma coisa muitíssimo mais importante: o amor! O amor sempre foi e é a coisa mais importante do mundo! O amor é um conceito eterno, o qual se relaciona com a própria essência de Deus. Deus é amor, afirmou João. O apóstolo quis dizer que a natureza essencial de Deus, o Deus vivo e pessoal, é amor. Deus é a personificação do amor. Como cristãos somos convocados a amar como Ele nos amou.

A jovem de nossa história abrigava em seu coração o amor de Deus. Ela foi capaz de amar o seu senhor, quando poderíamos esperar o ódio. Naamã, o herói de guerra, comandante do exército da Síria, o algoz de Israel. Ele a levou cativa e a fez serva em sua casa. Talvez esperaríamos que houvesse em seu coração o ódio, o desejo de vingança. Ela bem poderia ter negociado com Naamã a sua libertação. Ou simplesmente ter dito que sua doença era castigo de Deus, por destruir o povo de Deus. Mas, não! Ela o amou a ponto de dizer: “Oxalá o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra”. Jesus, no sermão do monte, nos diz: “Ouvistes o que vos foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste...” Isto só é possível a aquele em quem o amor de Deus foi derramado. “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”, escreveu João. Não é possível ter o amor de Deus e não ser capaz de amar ao próximo. É impossível ter um amor e não ter o outro. O amor cristão envolve a demonstração daquelas atitudes e ações para com os outros que Cristo demonstrou quando veio ao mundo e viveu entre os homens.

A menina anônima foi capaz de amar seu inimigo. E também foi testemunha do poder de Deus. Testemunhar, como um termo jurídico, consiste em “pessoa que viu e ouviu alguma coisa ou que é chamada a depor sobre o que viu e ouviu”. Aquela menina havia testemunhado os grandes feitos de Deus evidenciados pelo profeta Eliseu e, talvez, ouvido dos feitos do profeta Elias. Nos dias destes profetas, como uma nova etapa da revelação divina, muitos sinais e prodígios foram feitos. Ela sabia que o seu Deus era um Deus poderoso, capaz de mudar a vida de Naamã. Ela enxergou em meio à adversidade uma oportunidade de falar e testemunhar do poder de Deus. Ela não considerou sua posição, pois poderia ter pensado: eu sou uma simples escrava, por certo Naamã não me ouvirá. Mas ela não se calou, testemunhou do Deus de Israel. Quero lembrar-lhes ainda que somente aquele que verdadeiramente conhece a Deus e o Seu poder pode testemunhar. Era uma menina de fé! Seu testemunho levou a Naamã reconhecer que somente o Deus de Israel é Deus. “Eis que agora reconheço que em toda terra não há Deus senão em Israel. Nunca mais oferecerá este teu servo holocausto, nem sacrifícios a outros deuses, senão ao Senhor”.

Podemos também afirmar que aquela pequena seguiu o imperativo de Deus a Abraão: “Sê tu uma bênção”.

Bênção significa abençoar, tornar feliz. Aquela jovem trouxe a alegria a Naamã. Ele era um homem honrado, herói em sua terra e, como a Bíblia diz, “era grande homem diante do seu senhor, e de muito conceito”, contudo era leproso. A lepra era incurável naqueles dias, o que deveria causar-lhe grandes dificuldades, apesar de seu prestígio. E do mesmo modo que a luz dissipa a escuridão, a menina brilhou em meio às trevas. E que trevas. “Trevas de uma situação injusta na qual um povo vizinho, prepotente e cruel, fazia freqüentes incursões no território de sua gente, saqueando e levando presos indefesos cidadãos que, desse modo, se tornavam seus escravos”.

Necessitamos de mulheres, bem como verdadeiros crentes, que possam amar com o amor de Deus. Há uma sociedade que se perde sem conhecer a Deus e Seu amor. Compete a nós demonstrar o amor do Pai através das nossas atitudes. É preciso também testemunhar do poder de Deus. Muitas são as pessoas que estão contaminadas pela lepra do pecado e se deterioram dia após dia. Somente o poder de Deus pode restaurá-las, curá-las. E Deus nos usa para evidenciar o seu poder do mesmo modo que usou aquela menina. Devemos ser ainda bênção ao nosso próximo. È preciso que a nossa presença em meio aos ímpios possa abençoar, trazer a felicidade a estes que se perdem.

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